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Resenha — Alcatel 3C: um grandão para o banco de reservas

O Alcatel 3C possui um bom preço, mas performance abaixo do aceitável para um smartphone de uso diário, o que faz dele um reserva para emergências

5 anos atrás

O Alcatel 3C chegou ao Brasil em meados de 2018, como uma opção extremamente barata entre os smartphones Android de entrada. Contudo, ele possui uma boa quantidade de pontos negativos, e o consumidor deve pensar bem se o preço baixo compensa os problemas que vêm junto.

Alcatel 3C visto de frente

Com um preço em torno de R$ 500, ele é ou não uma boa pedida para usuários com um orçamento mais apertado? Siga em frente e descubra o que achei do Alcatel 3C, após um mês de testes.

Design e Tela

À primeira vista o Alcatel 3C passa uma boa impressão. Ele é leve e bem construído, com uma pegada firme e embora grande, não chega a ser desengonçado. Claro que no meu caso, por ter mãos grandes com dedos longos a experiência é diferente, mas acredito que a maioria dos usuários não se sentiria desconfortável em manusea-lo.

E com 169 g, ele vai bem no bolso ou na bolsa.

Parte traseira do Alcatel 3C

Um ponto extremamente positivo, que deveria ser padrão em mais aparelhos é a presença de uma bandeja tripla, permitindo o uso de dois chips Nano-SIM e um cartão microSD simultaneamente. Assim, o usuário não precisa se preocupar em escolher se deve usar dois chips ou apenas um e o cartão.

O design geral não conta com bordas mínimas, ainda há duas grandes áreas desocupadas nas partes superior e inferior, e seria interessante se no futuro a Alcatel considerasse entrar na onda do borderless, mantendo o tamanho da tela e reduzindo as dimensões dos smartphones. E de preferência, sem notch.

Bandeja do Alcatel 3C, com entradas para dois chips Nano SIM e cartão microSD

A tela aliás é o destaque deste dispositivo: temos um display LCD IPS de 6 polegadas, proporção 18:9 e resolução HD+, com boa saturação e equilíbrio entre cores, contraste e brilho. Se o smartphone em si não é lá uma maravilha, ao menos ele agrada os olhos do usuário por ser capaz de exibir imagens e executar vídeos em uma boa qualidade e resolução.

Mesmo sendo apenas 720p, ela não vai incomodar e só forçando muito o olhar para perceber os pixels.

Parte inferior do Alcatel 3C, exibindo a porta microUSB

Por fim, por se tratar de um dispositivo mais modesto temos uma entrada microUSB, além da porta P2 para fone de ouvido, necessária até para viabilizar o uso de apps de TV digital, sempre compatíveis com modelos de smartphones de entrada.

No entanto, as boas impressões acerca do gadget acabam no momento em que você o pega para usar.

Hardware

Se você conhece bem a Alcatel, sabe que não se deve esperar muito, e com o 3C não é diferente. Temos aqui um MediaTek MT8321, um quad-core de 1,3 GHz lançado em 2014 (!), produzido em um processo de litografia de 28 nanômetros (!!), além de apenas 1 GB de RAM e 16 GB de espaço interno, com suporte a cartões microSD de até 128 GB.

Sem dourar a pílula, a performance é ruim. Bem ruim. Ao tira-lo da caixa você já percebe que está recebendo algo equivalente ao que pagou, ele é lerdo até para ativar o teclado na hora de fazer a configuração básica. Mesmo coisas triviais, como abrir a bandeja de apps, acessar as Configurações ou a Central de Notificações fazem o smartphone parar, pensar e olhar para o dia que já vem.

Rodar qualquer coisa mais pesada do que a Calculadora (ou mesmo ela) consome mais tempo do que deveria, porque o bichinho é incapaz de lidar com apps mais parrudos ou mesmo os mais leves, feitos no padrão dos smartphones de hoje.

Sendo bastante sincero, o Alcatel 3C é um smartphone de entrada que seria interessante quatro anos atrás.

Lateral esquerda do Alcatel 3C, mostrando os botões Liga/Desliga e Volume

Como o processador é deveras antigo, o Alcatel 3C só reconhece redes até o 3G, logo não espere navegar em altas velocidades. Ele também não possui NFC, e conta apenas com o A-GPS como sistema de geolocalização (mesmo os mais humildes de hoje já trazem GLONASS, GALILEO e até BDS).

É compreensível que a Alcatel tenha decidido utilizar componentes antigos para oferecer um smartphone barato, mas também não precisavam ser tão antigos assim. O Alcatel 3C é, sob todos os aspectos o Benjamin Button dos smartphones (o do conto, que nasce idoso de verdade), mas sem ficar mais jovem com o passar do tempo.

Alcatel 3C executando um vídeo do YouTube

Oi Lito, como vai?

Como já dissemos, a tela é um ponto positivo do aparelho, mas ela por si só não é suficiente para causar uma boa impressão. O som do Alcatel 3C é baixo demais, e com a saída de áudio posicionada na parte inferior traseira do aparelho, é colcoa-lo sobre uma mesa e abafar ainda mais a música, podcast ou diálogos de vídeos.

Logo, é quase obrigatório utilizar fones de ouvido com o gadget; pelo menos o conjunto que acompanha o Alcatel 3C é satisfatório.

Software e Bateria

O Alcatel 3C roda o Android 7.0 Nougat, com uma quantidade razoável de customizações. A empresa não mencionou nada sobre atualiza-lo para a versão 8.0 Oreo desde o lançamento, logo, não espere muito.

O gadget conta com algumas opções básicas de uso, como um app pré-instalado para gravar a tela e outro de TV ditigal 1-seg, com o fone de ouvido agindo como uma antena. Com uma resolução máxima de 320 x 240 pixels, é possível ver a programação da rede aberta on the go, para quem gosta sem maiores problemas.

Telaa Home, gaveta de apps e Configurações do Alcatel 3C

Sobre a bateria: com 3.000 mAh e um hardware nada comilão, o Alcatel 3C deve durar mais de um dia longe da tomada, certo? Errado. A bateria aguenta pouco menos que um dia em um perfil de uso normal a moderado, e pede penico rapidamente se você forçar a barra. Nos testes, ao tira-lo da tomada às 8:00, executar duas horas de streaming de música via 3G, uma partida de meia hora de Pokémon GO, duas horas de navegação, WhatsApp e redes sociais, mais duas horas de YouTube e apps corporativos, como Trello e Slack, às 17:00 o marcador já acusava 14% de energia.

A meu ver, o SoC da MediaTek é o culpado: além de não ser lá muito potente, ele devora mais energia do que o necessário e aliado a apps normalmente comilões (o Google Maps, mesmo sendo pouco usado foi o app que mais consumiu energia), a energia escorre freneticamente pelo ladrão. Logo, um carregador externo será seu melhor amigo.

E por não contar com Quick Charge, a bateria leva cerca de quatro horas para ir de 0 a 100%.

Câmeras

Parte traseira do Alcatel 3C, com close na câmera e leitor de impressões digitais

A câmera principal do Alcatel 3C, com 13 megapixels e abertura f/2,2 é apenas normal, mas com ressalvas. Em condições ideais, leia-se ao ar livre e com bastante luz, ela é capaz de capturar imagens com boa qualidade e até um certo nível de detalhes, ainda que notem-se ruídos e perda de definição em alguns pontos.

O software é minimalista ao extremo, e não oferece nenhum tipo de controle fino; você pode ajustar o Flash e ligar ou desligar o HDR, e tão somente. Um ponto positivo, entretanto é que o Alcatel 3C não apela para filtros de embelezamento (mais a seguir), assim você terá o que você vê. Ao menos em boa parte dos cliques.

Galeria do Rock / Alcatel 3C

Estátua da Mãe Preta / Alcatel 3C

Em ambientes internos, e dependendo da iluminação a performance varia entre sofrível e aceitável. Dadas certas condições ainda é possível sair com um bom resultado, mas espere por uma maior quantidade de ruído e perda de definição. Se a luz for baixa, a qualidade final das fotos será bem inferior.

Resumindo, a câmera principal do Alcatel 3C não faz milagres; você está levando algo equivalente ao preço pedido.

Teppan-yaki de Salmão / Alcatel 3C

Lembra do que eu disse sobre "ressalvas"? Pois bem, o HDR não funciona como deveria. Ao desliga-lo, você consegue uma boa qualidade de fotos, mas o mesmo não pode ser dito ao ativar o recurso. A quantidade de luz capturada é absurdamente alta, e ele aplica um software de embelezamento muito mal calibrado; ao invés de termos uma imagem com um melhor equilíbrio de cores e definição, acabamos com uma totalmente estourada.

Eu tentei mais de uma vez ajustar os recursos do Alcatel 3C, pensando que eu tinha feito algo de errado, mas sem sucesso (até porque não há muitas opções de ajustes, de qualquer forma). O resultado sempre foi muito aquém do esperado de uma câmera de smartphone.

Monumento (sem HDR) / Alcatel 3C

Sem HDR

Monumento (com HDR) / Alcatel 3C

Com HDR (note como a pedra à direita ficou "lisa")

Em última análise, a câmera traseira do aparelho é boa para fotos externas, de preferência em dias ensolarados, e boa para regular em ambientes internos, dependendo da iluminação. Não espere por uma imagem de boa qualidade à noite ou em recintos escuros, assim, é melhor utilizar outra câmera nesses casos.

E claro, não use o HDR.

Selfie / Alcatel 3C

A câmera selfie, com 8 MP e abertura f/2,4 é apenas básica: tira fotos razoáveis à luz do dia, mas entrega resultados com bastante ruído em ambientes internos. À noite pode esquecer, e é limitada a capturar vídeos em HD apenas. É um componente de capacidades mínimas, para um celular mínimo.

Para mais fotos, cheque o álbum no Flickr.

Conclusão

O Alcatel 3C chegou ao Brasil custando R$ 597,00, o que num primeiro momento parece ser um bom negócio, mas no fim das contas mesmo esse valor é alto para o que o smartphone oferece. Hoje ele pode ser encontrado por até R$ 474,90, o que o torna um pouquinho mais interessante, mas não como um gadget principal. Ele é muito fraco para isso.

Ainda que a tela possua uma boa definição de cores e seja grande, a performance menos que ideal do Alcatel 3C irá mais irritar o consumidor do que atendê-lo adequadamente, já que ele é lerdo para qualquer tipo de solicitação que você venha a fazer, mesmo abrir a bandeja de apps.

Alcatel 3C em mãos

O melhor conselho que posso dar é: considere a compra do Alcatel 3C apenas se você precisa ter um smartphone de reserva à mão, e apenas para casos de emergência; ele não é adequado para o uso diário mesmo por consumidores de dispositivos de entrada, e não serve como segundo gadget por conta de seu desempenho fraco, HDR maluco e bateria de fraca autonomia.

Existem outras opções mais interessantes no mercado, como o Galaxy J4 da Samsung, que por um preço bem similar entrega uma performance melhor, o suficiente para cumprir a função mais básica de todas: ser utilizável de forma decente no dia a dia.

Coisa que o Alcatel 3C não é.

Especificações

  • Processador: SoC MT8321 da MediaTek, quad-core Cortex-A7 com clock de 1,3 GHz e GPU Mali-400;
  • Memória RAM: 1 GB;
  • Armazenamento interno: 16 GB;
  • Armazenamento externo: entrada dedicada para cartão microSD de até 128 GB;
  • Tela: display LCD IPS de 6 polegadas, proporção 18:9 e resolução de 1.440 x 720 pixels (268 ppi);
  • Câmera traseira: 13 megapixels, abertura f/2,2, autofoco, Flash LED, HDR (meh) e capacidade de filmar em 1080p a 30 fps;
  • Câmera selfie: 8 MP, abertura ƒ/2,4 e captura de vídeos em 720p a 30 fps;
  • Sensores: acelerômetro, giroscópio, bússola e leitor de impressões digitais;
  • Conectividade: 3G Dual-SIM, Wi-Fi 802.11 b/g/n, Bluetooth 4.2, AD2P, BLE, A-GPS;
  • Bateria: 3.000 mAh;
  • Portas: microUSB 2.0 e P2 para fone de ouvido;
  • Sistema operacional: Android 7.0 Nougat;
  • Dimensões: 161 x 76 x 7,9 mm;
  • Peso: 169 g.

Pontos Fortes:

  • Leve e com pegada firme, apesar do tamanho;
  • Display com boa definição de cores;
  • O preço.

Pontos Fracos:

  • Fraco desempenho frustra e irrita mais vezes do que o recomendado pela OMS;
  • O HDR da câmera traseira é... esquisito;
  • Bateria com performance inferior ao aceitável.

Meio Bit analisou o Alcatel 3C com uma unidade gentilmente cedida pela TCL.

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