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Saints Row: The Third Remastered — Review

Saints Row: The Third Remastered é uma repaginação para um sandbox muito divertido, mas que evidencia o quanto a idade pode pesar para alguns jogos

4 anos atrás

Durante toda a minha vida eu ouvi pessoas comparando filmes com games, questionando porque boa parte dos jogos eletrônicos não costumam ser consumidos mesmo alguns anos após terem sido lançados. Este sem dúvida é um assunto que pode ser discutido por parágrafos e mais parágrafos, mas a chegada do Saints Row: The Third Remastered serve como um bom exemplo de como um game pode não envelhecer muito bem.

Saints Row: The Third Remastered

Lançada originalmente no final de 2011, esta criação da Volition sempre foi muito elogiado por entregar uma experiência única, focada na diversão e sem muitas preocupações com a realidade. Então, quando soube que aquele jogo que tanto me divertiu seria remasterizado, fiquei bastante empolgado. O problema é que encará-lo hoje, quando já conheci um Grand Theft Auto V, um Marvel's Spider-Man ou até um The Witcher 3: Wild Hunt, fez com que a experiência não fosse tão bacana.

Um maluco no pedaço

Saints Row: The Third Remastered nos coloca na pele de um integrante da famosa gangue que controla a cidade de Steelport, a Third Street Saints. A diferença é que agora os bandidos se organizaram, tendo criado um grupo de mídia e se tornaram verdadeiras celebridades. O problema é que tanto holofote acabou chamando a atenção de outros senhores do crime e após participarmos de um malsucedido assalto a banco, descobrimos que a cidade está nas mãos de uma organização conhecida como The Syndicate.

A partir daí, o nosso objetivo será basicamente realizar missões para recuperar as regiões do mapa, com cada ação concluída por nós minando um pouco do poderio dos grupos que assumiram o lugar. No entanto, logo no início o título mostra que tudo girará em torno do humor e principalmente, de situações absurdas.

Assim como no original, Saints Row: The Third Remastered é o tipo de jogo para quem gosta de explodir tudo o que estiver pela frente e usando algumas das armas e veículos mais malucos já vistos em um videogame. De quadriciclos parecidos com ratos a tanques de guerra coloridos, você ainda terá acesso a metralhadoras capazes de disparar raios lasers e a até mesmo a um bastão de baseball em formato de… bem… tire as crianças da sala… um enorme dildo!

O problema é que depois de termos vistos essas maluquices tantas vezes e até nos capítulos posteriores da série, elas deixaram de surpreender e se há oito ou nove anos eu conseguia achar alguma graça nesse estilo caricato do jogo, hoje tudo me parece absurdo demais, exagerado demais, muitas vezes até desnecessário.

Personalização, sem microtransações

Trazendo todas as expansões criadas para o jogo, outra demonstração da época em que o original foi lançado está na maneira como ele lida com a personalização, tanto do protagonista quanto dos veículos. Ao contrário do que temos atualmente, onde todo título tenta aumentar seu lucro nos vendendo itens cosméticos, Saints Row: The Third Remastered nos oferece uma infinidade de maneiras de deixar tudo da maneira que quisermos.

Já na hora de criarmos o nosso personagens veremos uma grande quantidade de roupas, acessórios e opções para a aparência. Quer criar um sujeito com pele azul, cabelo verde e olhos totalmente brancos? Sem problema. Prefere alguém mais parecido com algum astro de Hollywood? Basta ter criatividade e paciência.

Os carros também nos permitirão fazer as mais diversas modificações, como adicionar saias, aerofólios, luzes de neon na parte inferior ou pintar diversas das suas partes. Para quem gosta de brincar com esse tipo de coisa, é bem legal ver a liberdade que o jogo nos dá e muitas vezes nos pegamos dedicando vários e vários minutos dentro da oficina.

“A minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos

Mas se alterações profundas na estrutura desta remasterização já não eram esperadas, restava ver o que seria feito na parte visual e aqui podemos tecer tanto elogios quanto críticas. No geral o jogo não melhorou muito graficamente, especialmente se você tinha jogado anteriormente no PC, mas isso não quer dizer que não existam melhorias.

As principais podem ser vistas nos personagens, que agora estão mais realistas — exceto pelas animações faciais, que ainda fazem com que ele pareçam bonecos de cera sem expressões. Os veículos também estão mais bonitos, refletindo melhor a iluminação dos cenários e contando com um sistema de física que torna a destruição mais legal.

O pessoal da Volition ainda tratou de melhorar boa parte das texturas e implementou uma sistema de iluminação bem mais bonito, com novos efeitos podendo ser vistos por todos os lados. Isso faz com que explorar Steelport se torne bem mais interessante, especialmente durante a noite, quando a cidade parece mais viva do que nunca.

No entanto, não vá esperando encontrar nesta remasterização algo no nível dos jogos que tem sido criado hoje em dia. Podemos dizer que o título recebeu uma boa maquiada, mas por baixo desta pintura ele continua sendo algo que foi desenvolvido há quase uma década e provavelmente apenas um remake conseguiria alterar isso.

Expondo o peso a idade

Para poder aproveitar o Saints Row: The Third Remastered da maneira como ele merece, será preciso que você atenda a pelo menos um dos seguintes requisitos: não ter jogado o original; curtir jogos que não se levam a sério; ou encará-lo com a cabeça que tinha há quase nove anos.

Eu não diria que o jogo é ruim, especialmente se você jogá-lo na companhia de amigos, mas a verdade é que infelizmente esse relançamento não conseguiu me divertir tanto quanto na época em que o original foi lançado. Eu até tenho algumas teorias para isso ter acontecido, como por exemplo a sua jogabilidade que parece um tanto datada ou as piadinhas e maluquices que hoje não me parecem tão divertidas.

Porém, talvez o problema seja comigo mesmo, por cada vez menos ver nos mundos abertos apenas uma caixa de areia onde posso destruir tudo e por preferir jogos assim que contem com enredos mais interessantes. No fim, acho que o melhor teria sido deixar a terceira aventura dos Santos apenas na memória, pois nela o jogo repousava tranquilamente como um dos mais legais sandbox que tive a oportunidade de conhecer.

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