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Trump quer Intel e TSMC fabricando chips nos EUA

Donald Trump negocia abertura de fábrica de processadores nos EUA com TSMC, que produz chips do iPhone; Intel também está interessada

4 anos atrás

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump continua apertando empresas de tecnologia para que voltem a produzir seus bens e componentes no país, em detrimento da China: enquanto a Apple não demonstra um pingo de vontade de abrir uma fábrica em casa, fabricantes de processadores como Intel e TSMC (ambas fornecedoras da maçã) estão negociando com o governo local.

Intel / processador Core i9 de 10ª geração / Trump

A notícia de que a administração Trump e as empresas de semicondutores estariam conversando veio à tona neste domingo (10), através de representantes de ambas companhias. Começando pela Intel, o porta-voz William Moss afirmou que o contato inicial envolveria o Departamento de Defesa, e visa num primeiro momento o desenvolvimento de tecnologias de microeletrônica voltados para segurança e defesa.

Já com a TSMC o buraco é mais embaixo: a companhia taiwanesa é a única fabricante dos processadores móveis da Apple, que é sua principal cliente, mas também atende empresas como Qualcomm (principalmente) e Huawei, imprimindo processadores móveis para ambas; como Cupertino não trabalha com chips Snapdragon ou Kirin, elas não competem diretamente.

Segundo a porta-voz Nina Kao, a proposta feita à TSMC é de abrir uma fábrica de processadores de última geração para dispositivos móveis, com suporte a novas tecnologias como 5G; a empresa estaria considerando possibilidades de fazê-lo, seja nos EUA ou em outros países, mas por enquanto, nada foi decidido.

A preocupação de Trump é a mesma de sempre: não contar com a China para mais nada no que tange à manufatura de produtos, sejam para o usuário final ou de infraestrutura. A guerra comercial entre os dois países se intensificou nos últimos meses graças à pandemia da COVID-19, em que os Estados Unidos atribuem à administração de Xi Jinping, e indiretamente à Organização Mundial de Saúde, a responsabilidade pelos danos causados à economia do país.

Tal movimento das companhias não é exatamente uma novidade: em março, o CEO da Intel Bob Swan escreveu uma carta para o Departamento de Defesa, em que ele propunha a abertura de uma fábrica de processadores nos EUA em parceria com o Pentágono, citando que "a incerteza criada pelo atual cenário geopolítico" torna concentrar a cadeia de produção em casa um ato "mais importante do que nunca".

Apple / processador A13 Bionic / Trump

Os processadores Apple AX (iPhone) e AXX (iPad) são produzidos pela TSMC

A longo ou mesmo a médio prazo, a Intel estaria voltada a produzir não só componentes críticos para defesa e segurança, mas também processadores para o usuário final e mercado corporativo, embora tanto este cenário, quanto a vinda da TSMC para os EUA (ou mesmo qualquer outro país fora da Ásia) esbarre em um problema, o mesmo de uma hipotética (e impossível) vinda da Tesla para o Brasil:

Primeiro, uma fábrica de chips depende de uma cadeia de suprimentos muito bem estabelecida, algo que já existe na China, Taiwan, Índia e arredores; estabelecer uma rede ancilária para oferecer materiais e componentes necessários para a produção leva tempo, custa dinheiro e isso simplesmente não existe nos Estados Unidos.

Segundo, o valor hora-homem do trabalhador norte-americano é muito maior do que o chinês, principalmente devido à grande quantidade de subsídios e (não sejamos ingênuos) às condições sub-humanas a que eles são submetidos, trabalhando insanamente e ganhando pouco. Sem falar em direitos trabalhistas, que querendo ou não, é mais um custo.

Estes são os principais motivos que levam a Apple a resistir à ideia de abrir uma fábrica em casa, mas como fabricantes de semicondutores dependem de trabalhadores de maior nível para produzir chips, o segundo fator não é um problema para estes, porque não faria tanta diferença assim; já o primeiro, considerando o interesse principalmente da Intel, parece ser contornável.

A TSMC se recusou a falar sobre rumores anteriores, de que a companhia estaria negociando também com a Apple a vinda para os EUA, visto que o custo dos processadores AX e AXX poderia mudar; da mesma forma, tanto a maçã quanto o Departamento de Defesa dos Estados Unidos não emitiram comentários.

Com informações: Reuters

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