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Jumanji: Próxima Fase — Resenha (sem spoilers)

Mais maduro que o filme anterior (mas ainda divertido e cômico), Jumanji: Próxima Fase aborda temas como velhice e crise de identidade

4 anos atrás

Jumanji: Próxima Fase é o terceiro filme da franquia da Sony Pictures e o segundo da retomada da marca, estabelecida no clássico de 1995 estrelado por Robin Williams. A divertida pseudo-sequência dirigida por Jake Kasdan (Professora Sem Classe, Sex-Tape: Perdido na Nuvem) trouxe um elenco de peso em uma releitura do original, adaptando o mortal jogo de tabuleiro para os dias atuais, jogando cinco jovens dentro de um videogame.

No novo filme, o elenco de "avatares" e jogadores de 2017 está de volta, com algumas caras novas e novos conflitos a serem resolvidos, dentro e fora do jogo.

Sony Pictures / Jumanji: Próxima Fase

O Pixel que Habito

Jumanji: Bem-Vindo à Selva (2017) trazia uma nova roupagem para o jogo de tabuleiro que atormentou Alan Parrish e cia., pois ao ver que ele não era atraente para os jovens de hoje, ele se transformou em um console de videogame para atrair novas vítimas. No caso, o nerd Spencer (Alex Wolff, de Meu Amigo Dahmer) o quarterback Fridge (Ser’Darius Blainde Além da Escuridão: Star Trek), a patricinha Bethany (Madison Iseman, de Esquadrão Fantasma) e a garota estranha Martha (Morgan Turner, de Sem Fôlego), unidos ao metaleiro Alex (Colin Hanks, de Band of Brothers), que passou 20 anos preso no jogo.

Não é preciso fazer força para notar que o filme homenageia O Clube dos Cinco, um dos maiores clássicos de John Hugues: os jovens tiveram que se adaptar a seus avatares, respectivamente o brutamontes dr. "Intenso" Bravestone (Dwayne "The Rock" Johnson), o zoólogo Moose Finbar (Kevin Hart, de Pets – A Vida Secreta dos Bichos), o cartógrafo dr. Shelly Oberon (Jack Black, de Escola do Rock), Ruby Roundhouse, a Matadora de Homens (Karen Gillian, nossa Nebulosa favorita) e o piloto Jefferson "Seaplane" McDonough (o cantor Nick Jonas), para lidarem com suas identidades, aprenderem que o mundo não é uma vitrine e que a amizade e trabalho e equipe são importantes.

Sim, é clichê, como toda aventura juvenil, mas nem por isso menos divertido. A aposta deu tão certo que Bem-Vindo à Selva é a maior bilheteria da Sony Pictures em todos os tempos (US$ 962 milhões), logo, uma sequência era mais do que óbvia. Kasdan, no entanto resolveu trabalhar com temas mais elaborados e manter o núcleo de personagens fora do jogo, ao invés de trazer apenas novos incautos para dentro do videogame, embora hajam alguns bem ilustres.

Sony Pictures / Jumanji: Próxima Fase

Próxima fase: A Terceira Idade

A história se passa um ano depois do filme anterior, e os quatro jovens agora tocam suas vidas universitárias após concluírem o colégio. Martha e Spencer são meio que namorados, com este agora estudando e trabalhando em Nova Iorque, mas que está bastante inseguro de sua vida. O quarteto volta para a cidadezinha onde moravam para o Natal, mas o nerd comete um erro mortal: ele havia juntado os cacos do console Jumanji e na tentativa de conserta-lo... bem, ele é sugado de novo.

A diferença aqui é que como o jogo foi destruído no fim do filme anterior, ele não está funcionando como deveria, e quando seus amigos resolvem entrar em Jumanji para salvar Spencer, o jogo acaba tragando mais dois convidados inesperados: Eddie, o avô de Spencer (Danny DeVito) e seu antigo sócio Milo (Danny Glover), sendo que os dois velhotes não se bicam muito.

A aventura dentro de Jumanji mudou completamente, com uma nova missão, novas "fases", como no deserto e nas montanhas, novos avatares, como a ladra Ming Fleetfoot (Awkwafina, de Podres de Ricos) e um novo vilão, interpretado por Rory McCann (Game of Thrones). E claro, quem é quem dentro do jogo bugado é a graça do filme, portanto assista e descubra.

A porção aventuresca está intocada, há desde bandos de avestruzes descontrolados a um exército de mandris, capangas saindo pelo ladrão e os famosos NPCs, com seu repertório de falas limitadas como nos jogos antigos (afinal, Jumanji imitou o primeiro PlayStation em Bem-Vindo à Selva) e dicas soltas, que os jogadores precisam desvendar para prosseguir. E claro, cada um tem um repertório de habilidades e fraquezas (Finbar continua vulnerável a bolos), no estilo das fichas de personagens de jogos antigos.

Sony Pictures / Jumanji: Próxima Fase

Jake Kasdan, que escreveu o roteiro de Jumanji: Próxima Fase com a dupla Jeff Pinker e Scott Rosenberg, que também voltam de Bem-Vindo à Selva, decidiu desta vez focar em temas mais maduros para serem resolvidos pelos personagens. Eddie vive reclamando da velhice, ao mesmo tempo que não suporta ter que andar com Milo de novo, que ele acusa de ter destruído a sociedade dos dois (um restaurante) por egoísmo.

Enquanto isso, Spencer se sente desiludido com a vida comum e com um relacionamento que na cabeça dele não está dando certo, e toda a confusão é causada por seu desejo escapista de voltar a ser o dr. Bravestone, que ele considera mais interessante que seu próprio "eu". Claro, ele acaba colocando todo mundo na roda e a regra continua: quem perder todas as três vidas no jogo, bate as botas de vez.

Sony Pictures / Jumanji: Próxima Fase

No mais, é interessante ver a interpretação dos avatares que Eddie e Milo assumem, tendo que interpretar dois velhos rabugentos que percebem não estar mais limitados às restrições da idade, e há também momentos em que o filme para paera refletir sobre decisões erradas e reparações no fim da vida, mas tudo com o humor característico da franquia.

Conclusão

Jumanji: Próxima Fase pode não ser inovador como Bem-Vindo à Selva, que já não era tão original se o virmos como um O Clube dos Cinco Gamers, mas é interessante ver que Kasdan permitiu que os personagens do filme anterior evoluíssem e passassem por novos desafios internos. Ao mesmo tempo, a dinâmica entre Danny DeVito e Danny Glover (e seus avatares interpretando os dois velhotes, reproduzindo seus cacoetes), tentando curar velhas feridas é bem explorada.

Sony Pictures

Claro, o filme continua frenético e todas as referências a jogos antigos continuam em seu lugar, dos NPCs a situações absurdas, e tal qual o anterior, segue sendo um excelente programa a lá Sessão da Tarde, para quem quer curtir duas horas de diversão descompromissada e sem complicações.

E se depender do bom resultado que o filme já vem demonstrando na bilheteria, Jumanji: Próxima Fase tem boas chances de bater o recorde de Bem-Vindo à Selva, o que pode garantir mais histórias para a telona (ou telinha, HQs, games, etc.) desse mundo maluco e mortal, mas muito atraente.

Nota:

4/5 singles do Big Mountain.

Big Mountain / Baby, I Love The Way

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