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Resenha exclusiva: Homem-Aranha - Longe de Casa, perto do coração

5 anos atrás

SEM SPOILERS (juro!)

Poderia ter sido Malhação, poderia ter sido Glee, Homem-Aranha - Longe de Casa poderia ter sido um desastre completo. Um vilão caricato "de quadrinhos", um mundo caindo aos pedaços e um adolescente de 16 anos em crise existencial abrindo mão de responsabilidades por causa de namoradinha.

Não foi nada disso, Longe de Casa é um Eurotrip do Bem, um amarrado do Universo Cinematográfico Marvel que faz ligações até com o Homem de Ferro de 2008 e uma ousada abordagem de um vilão com poderes complicados, mas que funcionou bem melhor do que deveria. 

A Premissa

A humanidade está se recuperando do "blip", os cinco anos em que metade da população do Universo desapareceu. Peter Parker retoma seus estudos, e sua turma vai fazer uma excursão pela Europa. Enquanto isso Nick Fury continua defendendo a Terra de ameaças, no caso misteriosas e poderosas criaturas com poderes elementais, mas ele conta com um aliado: Quentin Beck, um campeão da Justiça de um Universo Paralelo. Juntos os heróis precisam deter a ameaça.

Isso mesmo, Universos Paralelos, Realidades Alternativas, é quase o Aranhaverso, yay!

Nota: Não é tão simples, nada na vida de Peter Parker é simples.

O Dilema

Grandes Poderes trazem Grandes Responsabilidades mas o pobre aracnídeo amigo da vizinhança também tem o direito de sair da Zona da Amizade e tabacar ao menos uma vez, pra isso ele cria todo um plano para se declarar para a MJ durante a viagem para Paris, mas é recrutado por Nick Fury e fica no dilema: Dar atenção a quem está dando condição ou salvar o mudo? Quem fala mais alto, Testosterona ou Tio Ben?

O Herói

Quentin Beck é um herói trágico, tendo perdido a família, esposa e filha, na verdade seu mundo inteiro para as tais Entidades Elementais. Parker vê nele um substituto para Tony Stark. Quentin é aliado de Nick Fury, e se torna um herói conhecido e querido por um mundo carente de modelos, agora que tantos se foram depois da batalha final de Endgame.

Quentin Beck no MCU é bem diferente de sua versão nos quadrinhos.

Criado em 1963 por Stan Lee e Steve Dikto, Mysterio é um vilão de segunda categoria, um técnico de efeitos especiais que fracassou como ator, ele decide usar seus poderes para o mal, criando esquemas, ilusões e artimanhas para enganar o Homem-Aranha, ao ponto de não poder confiar mais em seus sentidos.

Como então a Marvel o transformou em mocinho? Em determinado momento chegamos até a desconfiar, mas como dito no filme, a Internet diz que ele é um dos caras bons e sempre podemos confiar na Internet.

As Pontas Soltas

O filme explica um monte de pequenos detalhes que sobraram de Endgame, mas sus conexões vão bem além. Em verdade ele referencia diretamente o primeiro Homem de Ferro, vemos perguntas que surgiram em Endgame sendo respondidas, revemos alguns personagens antigos, e vemos Parker crescer, como herói e como pessoa.

A parte mais triste do filme

É o primeiro filme da Marvel sem participação afetiva do Stan Lee. Acabou. Nunca mais vamos assistir filmes procurando e esperando o momento em que Stan aparecerá em alguma atividade completamente mundana, quebrando a quarta parede como só ele.

Os Jovens

Normalmente é um saco quando tentam empurrar um núcleo jovem em um filme ou série, mas a turma do Parker... apenas funciona. Ned continua o melhor amigo e nerd de carteirinha, outros personagens ganharam mais tempo de tela, Flash Thompson está mais babaca do que antes, o que é ótimo, e o grupo ainda é comandado por dois atores com excelente timing de comédia, Martin Starr, que fez o professor da turma no primeiro filme, e J.B. Smoove, que teve sua própria história de Cinderela.

Ele fez um comercial da Audi em 2017 junto com Tom Holland, e chamou a atenção o suficiente para ser convidado para o novo filme.

A dinâmica do grupo funciona tão bem que não há um, mas dois romances adolescentes acontecendo (ou tentando acontecer) e nem por um momento pensamos em suicídio. Em verdade até torcemos por eles.

#NotMyMJ

Quando Zendaya foi escalada para ser a MJ no primeiro Aranha do Holland, muita gente chiou. Eu confesso que não achei graça nela, uma magrelinha pau de virar tripa vestida de emo nunca chegaria aos pés da maravilhosa e exuberante Mary Jane Watson. Ao mesmo tempo eu entendo que num universo mais realista um prego como o Parker jamais namoraria uma supermodelo, que também não perderia seu tempo estudando no Queens.

No Longe de Casa revelam finalmente se a MJ da Zendaya é a "nossa" MJ, mas quer saber? Não importa mais. Ela está bem menos babaca, mais dark, tem tempo pra interagir com o Parker e outros personagens. Sem perceber acabamos gostando dela, e não importa mais se é a nossa MJ ou não, Zendaya é a MJ do Peter Parker e isso que importa.

As Reviravoltas

Nada na vida do Parker é fácil, então acredite, a história simples e encaminhada que você leu na sinopse vai degringolar em puro caos. Nada é o que parece, e o Multiverso não é confiável. Mysterio disse que estavam na Terra-616 mas o Universo Cinematográfico Marvel como todos sabemos é a Terra-199999. Como explicar essa discrepância?

Os Pré-Requisitos

Você vai apreciar infinitamente mais esse filme se assistir antes pelo menos o Guerra Infinita, Endgame, Homecoming (claro) e... Capitã Marvel. Vai por mim.

A Grande Surpresa

Longe de Casa é um gibi. Um gibi onde pegam um dos personagens mais complicados, com poderes bem complexos de visualizar, e conseguem contar a história, sem reduzir o escopo de nada. Eles poderiam ter escolhido vários outros personagens bem mais simples, mas decidiram confiar no taco do pessoal dos efeitos visuais, e -sem spoilers- ficou bonito, muito bonito.

Tem Clima de Final?

Não! Não é o final do MCU, o filme não encerra nada, pelo contrário, abre vários caminhos para futuros filmes das diversas franquias. Você não sai do cinema com clima de encerramento, sai é querendo que lancem logo o novo pra ver o que acontece depois das cenas pós-créditos.

Tem Cena Pós-Crédito?

Tem sim senhor, duas, uma logo no começo e outra no final do final. Ambas são fundamentais. A primeira corrige uma injustiça histórica dos últimos filmes, além de colocar Peter Parker nos eixos, afinal as coisas não costumam dar certo na vida dele por muito tempo.

Um dia típico na vida do Parker

A outra cena explica e anula algumas das teorias da conspiração mais populares do MCU, mas abre uma porteira pra criação de um monte de outras. Você vai ver uma penca de gente dizendo "eu sabia!", mas era chute, acredite.

Conclusão:

Depois da montanha-russa que foi Endgame, muita gente nem entendeu como a Marvel poderia lançar mais um filme. Todo mundo compararia com os eventos épicos do anterior, mas o Aranha foi a escolha perfeita, mostrou que a vida continua, a SHIELD continua, e as ameaças globais continuam. Mostraram que um garoto de 16 anos pode lutar em uma guerra mas continua sendo um garoto de 16 anos.

A Marvel fez a coisa certa: Tratou o MCU como um gibi, e Longe de Casa é o epílogo de uma longa história, o filme certo para nos pegar no colo, dizer que está tudo bem, e que coisas maravilhosas vem por aí.

Cotação:

4.5/5 Capacetes do Mysterio

Quando:

Homem-Aranha - Longe de Casa estréia semana que vem, dia 4 de Julho

Trailer:

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