André Fogaça 4 anos atrás
Depois de ter passado um mês com o Galaxy S10 Plus nas mãos, mais um mês com o Huawei P30 Pro, chegou a hora de contar pra vocês qual que foi a minha experiência com o Galaxy S10e, o smartphone menos-potente-mas-ainda-assim-muito-potente da linha Galaxy S10.
Convenhamos que o nascimento do Galaxy S10e está atrelado ao sucesso que vive o iPhone XR, que é uma versão consideravelmente menos cara do que o iPhone XS. No caso da Samsung a mesma matemática funciona: o S10e tem o mesmo processador, na mesma velocidade, mesma placa de vídeo e tecnologia de tela dos outros Galaxy S10.
Na conta pra fechar o preço menor a Samsung tirou uma das câmeras traseiras, diminuiu o display e a resolução, colocou o leitor de impressões digitais fora da tela, além de trabalhar com cores mais vivas na parte externa - que não tem a curvatura tradicional dos Galaxy S.
Depois de mais de 30 dias com um no bolso, como meu celular (sem essa de principal, já que era o único que andou comigo), posso afirmar que ele é o Galaxy S10 que você precisa levar em conta na hora da compra. Ainda não tá seguindo minha ideia? Vem comigo nos próximos parágrafos que eu te conto mais.
Por fora, a caixa é exatamente a mesma e com os mesmos acessórios que estão em todos os Galaxy S10 do mundo - o que significa carregador rápido, cabo USB-C, adaptador USB-C para USB-A e fone de ouvido. Quando você tem o smartphone nas mãos, percebe que ele é diferente.
Primeiro pelo tamanho, que é quase que o mesmo que o iPhone X lançado em 2017 e que significa que ele é ainda menor do que o S10 normal. Menor e sete gramas mais leve do que seu irmão mais caro. Compacto e colorido, principalmente nessa cor amarela que, coincidentemente, é quase que a mesma que a Apple colocou no iPhone XR e isso vai até mesmo pro aro externo, que também é da mesma cor da traseira.
O que mais me chamou atenção foi o tamanho e é por isso que continuo no assunto. O S10e encaixa como uma luva nas minhas mãos, que não são das menores e nem das maiores. A sensação de utilizar mais da One UI com apenas uma mão é algo que não sinto desde que os smartphones resolveram que quanto maior a tela, melhor é o produto - maldito pensamento de tamanho cada vez maior.
A tela é menor? É e a resolução desceu junto. Faz diferença? Faz, mas pro sentido de conforto e não pra algo negativo.
Finalizando a parte de fora e que chama atenção, a Samsung resolveu dar um passo pra trás quando criou o Galaxy S10e, com uma alteração que pode deixar amantes da marca insatisfeitos. Não foi meu caso. O que a Samsung fez foi deixar o S10e liso, sem qualquer lateral curvada na frente e muito menos na parte traseira. Foi um movimento incomum pra assinatura que está nos Galaxy S desde o S6 Edge, lançado em 2015 e que virou única opção nos aparelhos em 2017 com o S8.
O curioso é que, mesmo sem a curvatura lateral, a One UI continua exibindo o atalho chamado de Tela Edge e que foi criado pra tirar mais proveito da curvatura. Vai entender.
Não. O display é basicamente o mesmo dos outros modelos, só que com apenas uma câmera frontal (assim como o S10, que não é Plus) e sem o leitor de impressões ultrassônico. A exibição de cores é, literalmente, a mesma. O Super AMOLED por aqui ganhou nome de Dynamic AMOLED e continua como a melhor tela de todos os celulares pra quem quer leitura em ambientes muito claros.
Ótima pra cores, mas com aquela teimosia de deixar tudo mais saturado - felizmente dá pra alterar isso e baixar essa fome por pixels de cor forte. Saturação um cadim mais forte é interessante e eu aceito até mesmo que ela vá pro lado quente das cores, mas a tela passa um pouco demais pro lado mais colorido. Entendeu?
Na hora de ver um filme, uma série, ou selecionar um podcast maneiro no seu agregador predileto, nem mesmo a resolução menor atrapalha. Só tem um, UM cenário onde isso pode fazer diferença: com mais resolução, apps como Google Maps e Waze exibem mais ruas de uma só vez. É uma questão de duas ou três ruas extras no horizonte. Vai te fazer perder a rota? Não. Vai te fazer ter visão além do alcance? Vai e é só isso mesmo.
Pouco, pouquíssimo. Como disse antes, o S10e vem com o mesmo Exynos 9820 de oito núcleos que acompanha todos os outros S10, junto da mesma GPU (Mali-G76 MP12), mas com um corte de 2 GB de RAM, que acaba resultando em 6 GB de RAM - exatamente a mesma quantidade deste tipo de memória que o S9 Plus tinha. Como a resolução caiu, há menos trabalho pra todo o conjunto e a RAM mais magra não é sequer notada - sério, 6 GB do S10e é muito mais do que você vai precisar.
Ah, claro, o espaço interno não pode chegar em MEIO TERA, mas eu acho que 128 GB do modelo que testei é mais do que o suficiente pra mais de 95% das pessoas que pensam em um topo de linha. Eu, com uma penca de apps e fotos, não consegui passar de 60 GB. Se ainda assim você sentir falta de espaço, sempre tem o slot pra cartão microSD que permite até 512 GB em um cartão só.
SIM! Jesus, como sofre. Este é o pior ponto negativo que o S10e tem, um erro crasso que a Samsung cometeu e que não foi aconteceu do outro lado da comparação da concorrência - no iPhone XR. Por lá o corpo menor, junto da tela de menor resolução, trouxeram autonomia invejável pros outros iPhones. Por aqui, rapaz, isso não aconteceu.
O S10e tem apenas 300 mAh a menos do que o S10 normal e parece que a autonomia cai pela metade. Sério, é impossível passar um dia inteiro de uso comum com apenas uma carga. Entena uso comum por isso: 4G o tempo todo, junto de Wi-Fi e Bluetooth ligado pra alimentar um smartwatch, algumas horas de navegação na web, duas horas de reprodução de podcast pelo fone de ouvido com fio, algumas fotos, uma meia hora jogando e cinco horas de tela ligada.
No fim da tarde, começo da noite, o smartphone já reclama de pouca bateria. Vai pra balada depois do trabalho? Carregue o S10e antes, pra poder pedir um Uber depois do rolê. Ele morre antes.
Faz tempo que eu não me encontrava com um Galaxy S com autonomia tão baixa, tão pífia. Um erro que certamente não será corrigido com atualização de software e que nem mesmo as melhorias do Android 9 no consumo de energia conseguem ajudar.
Ao menos o carregador de 15 watts que vem na caixa é veloz e com pouco menos de uma hora de tomada a bateria vai de 0% pra 100%.
Olha, você tem exatamente a mesma coisa que eu já falei no S10 Plus. Recomendo que clique aqui pra ler o que disse pra ele. Um resumo pra quem não quiser clicar: a One UI é uma evolução e tanto pra Samsung Experience, que nasceu dos problemas crônicos que existiam pra todo lado na TouchWiz. A Samsung evoluiu bastante nos últimos anos, ao ponto de me fazer nem mesmo considerar a instalação de um launcher diferente.
Os apps próprios são bem inteligentes, como a galeria de fotos que sabe organizar bem sua biblioteca (o Google Fotos faz melhor, mas se você preferir uma solução local o app da Samsung vai muito bem), a pasta segura pra guardar aquelas fotos-que-você-quer-esconder é bastante importante e o sistema permite até mesmo configurar mais de uma linha no WhatsApp, por exemplo.
Ele meio que clona o app e faz o que deveria ser padrão pro mensageiro: smartphone dual-SIM, como o Galaxy S10e, pode ter duas linhas do WhatsApp. Isso também vale pra outros mensageiros, como o Telegram e o Messenger, além de contas diferentes pro Facebook e outras redes sociais.
Ah, claro, tudo isso roda acima do Android 9 Pie e que certamente será atualizado pra mais duas versões, como a Samsung já faz em seus modelos mais caros. Ou seja, você compra o Galaxy S10e com o Android 9 e é bem provável que ele vá até o Android 11, que nem tem nome ou coisa do tipo.
E tem a Bixby, que até hoje não entende lhufas do nosso português (nem mesmo de Portugal) e é isso ai.
Se você já viu as fotos que eu tirei com o S10 Plus, lá no primeiro post de 30 dias com um smartphone, replique aqui. É exatamente a mesma coisa, já que ambos utilizam o mesmo sensor, a mesma lente de abertura variável que vai de f/1,5 pra f/2,4 com 12 megapixels e estabilização ótica de imagem. Tudo igual, mas sem a lente que faz o zoom ótico de duas vezes.
Foto com a lente normal
Agora com a grande angular
Se você ficou com preguiça de clicar no link que coloquei nos parágrafos acima, vai um resumo: as fotos são fantásticas. Cores com ótimo balanço, HDR na medida e quase que sem ruído, sem aberrações cromáticas em praticamente qualquer ambiente.
O S10e não faz a magia negra do P30 Pro com as fotos noturnas, mesmo tendo um modo pra isso - e que a Samsung poderia simplesmente não instalar, já que é uma piada.
Foto no modo automático
Foto no modo noturno
Tirando este detalhe, o Galaxy S10e será uma câmera incrível nas suas mãos, rápido e inteligente o suficiente pra que a imensa maioria das fotos saiam quase que perfeitas, mesmo sem ajustar recurso nenhum - como tempo de exposição, ISO, foco e outros parâmetros que podem ser configurados no modo Pro.
Se você quer o “Galaxy do momento”, vale. Vale cada centavo. Ele custa, na data de publicação deste review, aproximadamente R$ 500 a menos do que o S10 normal e entrega basicamente a mesma coisa, perdendo apenas na autonomia de bateria - compre uma bateria externa com o dinheiro que sobrou, você vai precisar. O que mais me agradou foi ter um smartphone que não quer ser ainda maior do que os outros aparelhos, sem abrir mão de poder de fogo.
A única empresa que faz algo parecido é a Sony e seus Xperia nas versões Compact, mas como ela saiu do Brasil e não tem qualquer plano pra voltar, você tem apenas o Galaxy S10e como opção quando pensa assim, como eu. O que me chamou atenção é que nem mesmo no acabamento a Samsung baixou a qualidade externa, algo que a Sony fez várias vezes nestes modelos - um deles, o Xperia XZ2 Compact, tem a traseira em plástico (!!).
Enfim, vá firme e compre. Se você ainda não comprou o smartphone topo de linha que procura, coloque o Galaxy S10e na lista de possibilidades. Ele só perde pro S10 Plus, na minha opinião, se você exige tela maior. Só neste caso - que vai te custar uns vinténs extras, claro.