Ronaldo Gogoni 5 anos atrás
O Razer Kraken Tournament Edition é um headset gamer com uma proposta interessante: oferecer áudio em 360 graus e aumentar a imersão do jogador, permitindo-o identificar de que lado cada som está vindo. Ele é bem robusto e confortável, e ao menos para a Glorious PC Gamer Master Race, é um produto que faz sentido.
Afinal, o headset chique da Razer vale o que pedem nele? Eu o testei por um mês e conto o que achei nos próximos parágrafos.
Visualmente o Kraken Tournament Edition chama muita atenção. O modelo enviado para mim veio na característica cor verde da empresa, mas há uma versão totalmente preta para quem deseja mais discrição. Ao coloca-lo na cabeça, nota-se o cuidado com o conforte nas conchas, que usa uma espuma com gel muito macia e agradável. O tamanho dos fones, com mais de 50 mm de diâmetro ajuda também.
A aplicação do gel serve para diminuir o calor, já que as orelha ficam totalmente cobertas; o revestimento utiliza couro sintético e costura em tecido, e o resultado final é realmente muito bom.
Ao ajustar o arco e posicionar os fones, eu tive uma sensação de conforto que raramente tive igual, e que não me cansou após um uso prolongado.
O arco e a estrutura interna são de metal, mas o primeiro é totalmente acolchoado, novamente, para oferecer o máximo de conforto. Como se trata de um produto gamer, ele precisa cobrir esses detalhes, considerando que seus usuários ficarão muitas horas em partidas. O nome "Tournament Edition" vem daí, em ser um produto que atenda as necessidades de jogadores profissionais, mas que também agrade os que só curtem o sagrado LoLzinho nos fins de semana.
O microfone é flexível e retrátil, podendo ser posicionado como você achar melhor, ou totalmente recolhido para o corpo do headset, quando não o estiver usando. Isso facilita inclusive o transporte e armazenamento, algo que deveria ser mais presente em headsets para o público não-gamer.
Vendo assim, o Razer Kraken Tournament Edition para ser uma excelente escolha, mas há alguns pontos inconvenientes que precisam ser discutidos.
Sem dourar a pílula, este headset só faz sentido para jogadores de PC. Isso porque o módulo certificado da THX (a empresa de áudio criada por George Lucas para prover a qualidade sonora de Star Wars: O Retorno de Jedi, vendida para a Creative em 2002 e comprada pela Razer em 2016) depende do software proprietário Razer Synapse para configurar o áudio espacial em 360º.
Ao conectar o headset ao módulo e o kit ao PC, você pode configurar os ajustes dos drivers dos fones, de modo que eles respondam melhor ao que está acontecendo nos jogos. É um processo um tanto demorado, mais complicado do que deveria ser, mas necessário para quem deseja uma máxima performance sonora.
É preciso lembrar que o recurso THX Spatial Audio não é som surround per se, mas uma emulação via software. Claro, no tiroteio das partidas online a sensação será quase a mesma, mas é sempre bom avisar os paraquedistas.
O módulo possui uma série de controles, de volume a ajuste dos graves, um interruptou para ligar e desligar o áudio 360º, e um alternador para mudar o modo de uso entre jogo e conversas. Assim, embora seja um tanto caro para isso (e nem é o equipamento ideal), ele pode ser uma ferramenta alternativa para gravação de áudio pela internet, como podcasts. Já para streaming ao vivo com comentários, o Kraken Tournament Edition ele dá e sobra.
Você vai se ver calibrando os drivers muitas e muitas vezes, de um jogo para outro, a fim de conseguir ficar com precisão a reprodução de áudio e identificar a direção de onde os sons vêm. Claro, por se tratar de uma emulação o resultado não é perfeito, em games como Battlefield 1 foi fácil confundir a direção dos tiros, e alguns errinhos foram identificados em Hellblade: Senua's Sacrifice, um título totalmente compatível com áudio binaural.
Sem o módulo, o Kraken Tournament Edition vira um headset comum. Eu o testei também no PS4, e pude constatar que o áudio ficou um tanto abafado em alguns momentos, e o som de resposta do microfone ficou mais baixo do que o padrão. Por outro lado, ao liga-lo em um celular para ouvir música pude perceber melhor a reprodução dos graves, que é muito boa e pode agradar quem curte heavy metal. Claro que ninguém vai comprar este headset só para isso, mas ele acaba sendo uma opção.
Por fim, o isolamento acústico não é total, ainda é possível ouvir sons externos, mas eu não considero isso um defeito grave; ele diminui drasticamente o volume do mundo externo, mas é sempre bom ser capaz de ouvir ruídos do que acontece à sua volta.
A proposta do Razer Kraken Tournament Edition é diferente, embora não seja voltada para todos os gamers. Quem prefere consoles não verá nenhuma vantagem ao adquirir este headset, e há inclusive opções melhores da própria Razer no mercado para esses consumidores.
Para o jogador de PC, seja o profissional ou o casual, ele se torna um gadget mais palatável, desde que o usuário esteja ciente de que vai ter bastante trabalho para configura-lo a contento.
O Razer Kraken Tournament Edition chegou ao Brasil no fim de 2018 pelo preço sugerido de R$ 799, mas hoje pode ser encontrado por valores entre R$ 650 e R$ 699 na rede varejista. Não é um valor convidativo, ainda mais considerando suas limitações fora de um PC, onde ele se torna um headset absolutamente comum, mas é uma primeira tentativa válida.
Se você possui um PC gamer e quer curtir seus games com áudio em 360 graus, e está disposto a por a mão na massa para deixa-lo "nos trinques", então o Razer Kraken Tournament Edition é uma opção interessante. Para todos os demais, é melhor considerar outras opções mais baratas e menos restritivas.