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Os Últimos Starks, Game of Thrones, 8a temporada, Episódio 4 – Resenha (com muitos spoilers)

Confira a nossa resenha (com vários spoilers) do quarto episódio da oitava temporada de Game of Thrones, o último antes da batalha final contra Cersei

5 anos atrás

Estou de volta pra mais uma resenha de Game of Thrones, hoje sobre Os Últimos Starks, quarto episódio da oitava e última temporada, que foi praticamente todo dedicado às traições e estratégias que sempre foram parte essencial da trama da série, mas que neste caso específico me pareceram meio sem sentido ou aleatórias, como que feitas para acelerar a história para um final que, aconteça o que acontecer, será bem prematuro.

Cena do quarto episódio de Game of Thrones

Aviso de spoilers: Antes de continuar a ler, um aviso, assim como em todas as minhas outras resenhas de Game of Thrones, esse texto está cheio de spoilers, assim só prossiga com a leitura se tiver assistido ao episódio The Last of the Starks.

Na resenha da semana passada, como vocês sabem, eu tive algumas questões com os rumos encontrados pelos showrunners e o writer's room da série, mas mesmo assim, acredito que o episódio da batalha de Winterfell foi bem melhor resolvido que este, que teve coisas boas, mas no final das contas, me deixou meio decepcionado.

O começo do episódio é muito bonito e poético, com nossos heróis se despedindo dos que caíram na guerra, mas achei um pouco arrastado para uma série que está na sua reta final. A série nos mostra a sofrida despedida de Sansa e Theon, e de Dany e Ser Jorah. Gostei de ver Sansa colocando o símbolo da Casa Stark em Theon.

Tão impressionante quanto a quantidade de gente que morreu é a de gente que sobrou, e também como eles conseguiram limpar rápido as dependências de Winterfell, mas tudo bem, é uma série de TV de fantasia, isso faz parte. O discurso de Jon Snow é emocionante, mas ver como os seus súditos olham pra ele já deixa uma pulga atrás da orelha de Dany.

A partir daí, começa uma festa de comemoração que assim como a batalha da semana passada, parece que não vai ter fim. Temos uma boa cena com Gendry, que ganha um título, enquanto Dany mostra como pode ser uma boa rainha, e também como ela lida bem com seus súditos, algo que ela vai deixar de lado no resto do episódio.

A festa serve para Tormund elogiar Jon Snow e dizer como ele seria um ótimo rei, o que obviamente deixa Dany ainda mais preocupada, o que é agravado pelo fato dela ver Tyrion bebendo com seu irmão Jaime e Brienne. Temos também um rápido encontro de Sansa e o Cão, que funciona bem para os dois personagens, assim como o encontro de Gendry com Arya, que previsivelmente, não quer ser sua esposa.

Agora vamos falar de Brienne, que já tinha se tornado uma Cavaleira dos Sete Reinos, e depois desse episódio, deixou de ser uma donzela. Não tenho nada contra o momento de amor entre ela e Jaime, inclusive acho que os dois personagens são fantásticos e que merecem muito esse carinho mútuo, que aliás vem de longe, agora querer que eu acredite que ela iria deixar de lutar pelo reino, aí já é um pouco demais pra minha cabeça.

Já me falaram que Brienne fez um juramento a Catelyn de proteger Sansa e a Casa Stark, e isso é verdade, ela é uma personagem muito digna e honrada que sempre cumpre seus juramentos, mas falando francamente, Sansa não corre nenhum risco imediato, o maior risco que ela corre mesmo é que Cersei vença a guerra e resolver subir para o Norte para tentar tomar Winterfell, assim é impossível entender a decisão dos personagens.

Cena do quarto episódio de Game of Thrones

Gosto muito da série Game of Thrones pelos aspectos técnicos, sua produção é a melhor que já vi em uma série de TV, mas os roteiros, especialmente a partir da sexta temporada, começaram a cair, e na sétima temporada e em alguns momentos da oitava, parecem muito rasos e sem sentido. Não acho que o problema seja a falta dos livros, já que George R.R. Martin contou o que iria acontecer, acho só que são decisões preguiçosas de quem precisa resolver várias tramas em um espaço curto de tempo.

O diretor do episódio de ontem foi David Nutter, o mesmo dos primeiro e do segundo episódios, que eu confesso que gostei bem mais do que este, mas não que a culpa tenha sido dele, o trabalho dele ele fez bem feito, o problema foi mais de roteiro mesmo.

Em episódios de batalhas, como o último e o próximo, ambos dirigidos por Miguel Sapochnik, dá até pra relevar alguns furos no roteiro, mas quando a parte mais importante do episódio são as decisões dos personagens, ficamos nos perguntando como elas podem ser tão desleixadas e preguiçosas, ainda mais em um ponto de decisão como o que está sendo vivido nesse momento da série.

Algo que me irrita particularmente é que Tyrion segue sendo emburrecido pelos roteiristas a cada episódio, e a tão elogiada inteligência do personagem é deixada de lado sempre que é conveniente para arrumar um problema ou conflito para sua Rainha, a quem ele simplesmente não escuta.

Cena do quarto episódio de Game of Thrones

A cena em que ele resolve deixar Qyburn para trás e ir conversar sozinho com sua irmã Cersei foi um exemplo claro disso, mas o fato dele simplesmente deixar Varys tomar a liderança na hora de fazer a estratégia é ainda mais gritante. Por falar nessa cena, não acho que faça o menor sentido o dragão estar ali, ao alcance das bestas de Cersei, por mais que fosse um momento de trégua.

Já deu pra perceber qual é a intenção dos showrunners com o arco de Daenerys. Ela, que começou como uma personagem justa, forte e diria até incrível, está cada vez mais sendo reduzida a uma pessoa mesquinha e egoísta, incapaz de perceber a necessidade de coisas óbvias, como o merecido descanso de suas tropas, ou o fato de Jon ser totalmente leal a ela.

Na hora de acertarem seus ponteiros, Dany pede a Jon que não conte a ninguém qual é a sua origem, mas ele obviamente não obedece e conta para Arya e Sansa, ou melhor, pediu a Bran pra contar, dando pelo menos uma utilidade pro personagem que perdeu o sentido nesse da série, já sem os white walkers. Sansa por algum motivo conta pra Tyrion, o que vai complicar bastante as coisas.

Sendo sincero com vocês, toda essa questão da disputa entre Jon Snow e Daenerys sinceramente já me cansou na temporada semana passada. Jon nem sequer quer o trono, e já dobrou tanto o joelho que deve estar doendo, mas mesmo assim, as intrigas continuam proliferando. Bem, se os showrunners querem terminar uma das melhores séries de todos os tempos que nem uma novela de quinta categoria, o caminho é esse, mas sinceramente espero que não seja.

O olhar de Dany ao final do episódio já diz tudo, ela aparentemente vai se tornar uma rainha louca, e depois que Cersei for derrotada, Jon possivelmente terá que salvar o reino dela. Isso até seria legal, se não fosse tão previsível e óbvio, por isso espero que o caminho escolhido pro final ainda seja outro.

Pelo menos Tyrion defendeu Dany ao longo do episódio, é bom ter alguém que acredite que ela poderia ser uma boa rainha, amenizando um pouco processo de vilanização que a série está fazendo com a personagem dela.

Nesse episódio tivemos a resposta sobre o que Varys ainda estava fazendo na série, ele aproveita o momento de fraqueza que inventaram para o Tyrion para começar a gerar intrigas, primeiro a favor de Dany, depois, a favor de Jon, quando Tyrion inexplicavelmente conta pra ele de quem ele é herdeiro. Aliás, nesse momento temos uma das boas frases do episódio, quando Varys diz que se oito pessoas já sabem, a coisa deixou de ser um segredo e passou a ser uma informação.

Tormund fecha seu ciclo na série de forma triste, e eu sinceramente gostaria que ele servisse para mais do que ter virado um novo dono pro lobo de Jon Snow. Se dependesse de mim, os dois acompanhariam Jon em sua última batalha. Por falar nisso, toda a questão do Ghost é simplesmente revoltante. Eu simplesmente não gosto da pessoa que o Jon Snow se tornou na série, alguém que é incapaz de levar seu lobo guerreiro para lutar ao seu lado em uma guerra, ou nem ao menos se despedir dele antes de ir embora (com o rabo entre as pernas) atrás de Dany.

Um amigo citou no Twitter que o fato dele deixar Ghost para trás significa a ruptura de Jon com os Starks, deixando o lobo de seu brasão em troca dos dragões dos Targaryens. Isso é muito bonito e adorei o simbolismo, apenas lembro que Jon não foi embora montado no seu dragão Rhaegal, que inclusive descobrimos que sobreviveu magicamente a batalha da semana passada só para morrer de forma gratuita, na cena mais gráfica do episódio.

Cena do quarto episódio de Game of Thrones

Essa batalha naval foi um das melhores coisas do episódio, mas aqui entre nós, ela não fez muito sentido, pelo menos pra mim, a não ser que seu único objetivo fosse tirar um dos dragões de cena, além de permitir que Missandei fosse presa e depois executada por Cersei, é claro.

Acredito que já tenha dito aqui antes, mas o grande mérito da série é ela estar chegando ao fim, dito isso, é preciso um pouco mais de tempo para que as coisas realmente se resolvam, assim como o exército dos Imaculados e as forças do Norte precisariam de um tempo maior para se recomporem.

Também seria interessante usar inteligência para vazar em Porto Real a notícia de que eles derrotaram o Rei da Noite e seu exército, e assim conquistar a simpatia da população de Porto Real, transformando Dany e Jon em um casal a ser admirado, e não temido.

Não concordo com vários rumos que a série está tomando há alguns anos, mas continuo adorando Game of Thrones, e vou sentir muita falta daqui a alguns domingos, quando ela não estiver mais no ar. Foi uma autêntica viagem nas costas de um dragão, com muitos altos e vários baixos, e em certos momentos bem turbulenta, mas agora, enfim, vamos chegar ao fim da história. Aí, vai sobrar tempo pra cobrar do George R.R. Martin que ele termine o sexto e o sétimo livros, algo que ainda tenho confiança que vai acontecer.

Um copo do Starbucks foi deixado em cena no quarto episódio de Game of Thrones

Ah, quase esqueci, esse episódio vai ficar marcado por uma curiosidade, um copo do Starbucks foi deixado em cena, e imediatamente se tornou um meme. Ainda não sabemos se foi proposital, ou um acidente inocente, mas como os próprios showrunners estavam na cena, acho que tá mais pro primeiro caso mesmo.

Atualização: A HBO disse que o erro não foi intencional, e o produtor executivo da série, Bernie Caulfield, pediu desculpas em um podcast no qual participou ontem. O copo já foi removido do episódio digital no HBO Go. 

Até a semana que vem com mais uma resenha de Game of Thrones.

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