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O Trono de Ferro, Game of Thrones, 8a temporada, Episódio 6 – Resenha (com spoilers)

Como não poderia deixar de ser, o último episódio de Game of Thrones foi estilo ame-o ou odeie-o, saiba o que achamos na nossa resenha (com spoilers)

5 anos atrás

Game of Thrones chegou ao fim ontem com a exibição de O Trono de Ferro, o tão esperado sexto episódio da oitava temporada, e independente do final não ter sido o que muitos queriam, a série foi uma das melhores e mais bem produzidas que eu já vi na vida. Confira minha opinião sobre o final da série nessa resenha (com todos os spoilers possíveis).

Como vocês já sabem, não gostei nada das soluções e dos rumos do penúltimo episódio, Os Sinos (leia minha resenha aqui), assim a minha avaliação sobre esse sexto e último episódio parte do princípio que as peças foram colocadas no tabuleiro daquela forma, então estou opinando sobre os rumos que seriam possíveis a partir daquele momento, no qual Daenerys se transformou no seu pai, uma regente louca e assassina que matou queimados vários dos seus futuros súditos (incluindo aí mulheres e crianças) sem dó nem piedade.

O episódio final não me decepcionou como a muitos, pois além das minhas expectativas não serem tão altas pelo que vi no episódio da semana passada, a forma como as peças foram colocadas no tabuleiro acabou levando as escolhas de O Trono de Ferro. No final das contas, achei que foi um final digno para a maioria dos personagens, embora não todos. Sim, estou olhando pra você, Jon Snow!

Apesar de ter gostado do episódio bem mais do que o da semana passada, confesso que não concordo com praticamente nada do que foi decidido e escolhido pelos showrunners, e jamais escolheria o Rei que acabou no poder, mas acredito que dentro do arco que eles criaram, o final fez sim muito sentido, por mais que a gritaria e o ódio pelos rumos do episódio nas redes sociais esteja maior do que o normal.

Dany com Drogon ao fundo com cena mais bonita do episódio final de Game of Thrones.

O episódio O Trono de Ferro foi escrito e dirigido pelos showrunners David Benioff e Daniel Weiss, e tem algumas cenas belíssimas, especialmente a que mostra Dany se aproximando com o dragão levantando voo atrás dela. Uma das coisas que atrapalha o episódio é o ritmo corrido, e assim como no episódio da semana passada, minha impressão é que tudo que foi mostrado neste poderia ter sido melhor explorado com mais tempo.

Isso é uma consequência da redução de episódios dessa temporada, que acaba concentrando elementos demais em minutos de menos. Entendo a questão do custo individual altíssimo de cada episódio, e também o trabalho imenso que leva para produzir uma série deste nível, mas dito isso, acho que essa temporada perdeu muito por ter apenas seis episódios, como ficou tudo tão acelerado, algumas coisas simplesmente não fizeram sentido no final.

Eu sinceramente teria terminado a série de uma forma completamente diferente, mas como não sou um dos roteiristas, só me resta analisar o que foi feito, e enquanto faço isso, também não posso ignorar que algumas coisas tinham ficado cimentadas na semana passada, como o fato de que se a personagem Dany não fosse contida, certamente se tornaria algo ainda pior do que o seu pai.

Tyrion em cena do episódio final de Game of Thrones

O episódio começa com o cenário de terror pós-apocalíptico deixado por Dany em Porto Real. Tyrion caminha pelos escombros e olha para os corpos carbonizados desconsolado, ao perceber que a Rainha que ele considerava justa, se tornou uma tirana pior ainda que sua irmã.

Por falar na antiga Rainha, Tyrion tem uma missão, descobrir se Jaime e ela conseguiram escapar, seguindo seus planos. A cena na qual ele encontra a mão dourada de seu amado irmão é de cortar o coração, e serve para consolidar a revolta dele com sua Rainha. Dany não perde por esperar.

Quando Jon Snow encontra Verme Cinzento prestes a executar seus prisioneiros Lannisters, os dois batem de frente. A coisa rapidamente fica tensa entre os dois, então Davos aconselha Jon a ir falar com a Rainha, e os dois deixam o líder do exército dos Imaculados pra trás degolando os Lannisters um a um.

Então vemos a cena de Jon atravessando fileiras e fileiras de soldados, além de outro exército de Dothrakis (sinceramente não sei como sobrou tanta gente depois da guerra no episódio A Longa Noite), e se encontrando com Tyrion enquanto Dany faz sua entrada triunfal voando com seu dragão Drogon. Lá em cima, está Verme Cinzento (mais rápido que o Flash).

Dany fala com seus exércitos em cena do episódio final de Game of Thrones

Daenerys então faz um discurso assustador, de que irá dominar o mundo para libertá-lo dos tiranos, sem perceber que ela se tornou justamente aquilo que um dia jurou acabar. Parece forçado, mas tudo isso é coerente com a sua nova fase de rainha má, e principalmente com suas atitudes incendiárias no último episódio. Eu não concordo com esse caminho, mas como disse lá em cima, o episódio dessa semana é uma consequência do que foi apresentado no anterior.

Nesse momento, o da já citada cena de Dany com Drogon levantando voo ao fundo, vemos que sua transição da libertadora das outras temporadas pra rainha louca (e malvada) do final da série foi completa, inclusive no figurino dark, que possivelmente, ela pegou do armário de Cersei. Daenerys confronta Tyrion sobre o fato dele ter soltado seu finado irmão, e ele mostra todo o seu descontentamento jogando longe o broche de Mão da Rainha.

Ao invés de torrar nosso anão favorito na hora, Dany resolve guardar seu ódio pra mais tarde, possivelmente pra executar ele de noite, como fez com Varys. É um erro que acabará sendo fatal, não se deixa alguém tão inteligente vivo impunemente. Tyrion é preso, mas logo depois recebe a visita de Jon, a quem ele convence de que Dany se transformou em uma louca assassina usando suas principais armas, o cérebro e a língua, finalmente bem aproveitadas nessa temporada.

Jon está relutante, e a princípio, defende sua Rainha das acusações de loucura, por mais que ele tenha visto com os próprios olhos o tamanho da destruição gratuita provocada por Dany em uma Porto Real que já estava rendida. Nesse momento, Tyrion lembra que o seu destino será igual ao de Varys, que foi queimado por Drogon, e comete até o exagero de chamar o antigo Mestre dos Sussurros de seu melhor amigo, algo que pra mim saiu da imaginação dos showrunners e não faz o menor sentido, mas que segundo alguns, pode ter ajudado a convencer Jon.

Jon responde a ele que a guerra acabou, mas Tyrion lembra do discurso incendiário que Dany para os seus exércitos, e que mostra que isso está bem longe de ser verdade. O legítimo herdeiro do trono finalmente se convence quando Tyrion diz que Jon, que já montou um Dragão, jamais tomaria a mesma atitude de Dany, matando mulheres e crianças e a população inocente de Porto Real.

Dany morre pela adaga de Jon Snow em cena do episódio final de Game of Thrones

A próxima cena mostra uma Daenerys com cara de louca no salão do Trono de Ferro, enquanto admira o objeto ao qual dedicou sua vida. Jon entra e Dany não percebe o perigo, e após uma discussão na qual ele se convence que ela não tem mais jeito, acaba sendo morta de forma inesperada e traiçoeira, junto com um beijo. Foi uma cena muito bonita plasticamente, por mais que eu ache que o personagem não iria matar sua rainha de forma tão baixa e vil. De qualquer maneira, vemos como o discurso de Tyrion foi efetivo, e a ameaça da Rainha Louca fica pra trás, assim como a do Rei da Noite já tinha ficado bem antes.

Drogon tenta acordar Dany em cena triste do episódio final de Game of Thrones

Logo depois, Drogon aparece e temos a cena mais tocante do episódio (talvez da temporada), na qual ele tenta levantar sua mãe, e ao perceber que ela está realmente morta, ao invés de executar seu assassino, o novo Queen Slayer, volta todo o seu ódio e suas chamas para o próprio Trono de Ferro, que derrete, surpreendendo a maioria dos espectadores, pelo menos os que não tinham lido o roteiro vazado, como eu.

Muita gente se revoltou por Drogon não ter queimado Jon, eu sinceramente preferia que ele tivesse tentado e não tivesse conseguido por ele ser um Targaryen, mas entendo a decisão dos roteiristas pela simbologia de Dany ter sido morta mais por sua loucura pelo Trono de Ferro do que pela adaga de Jon. Possivelmente ele também reconheceu o amor de Jon por sua Rainha, por mais que ele a tenha matado.

Depois do assassinato da Rainha, por algum motivo que não entendo, Tyrion (e principalmente) Jon não são executados imediatamente por Verme Cinzento, e sim mantidos prisioneiros por um tempo, até que Tyrion é levado ainda acorrentado para um encontro com os Lordes dos Sete Reinos, no qual será decidido o seu destino, o de Jon, e principalmente, o dos Sete Reinos.

Após uma rápida conversa, todos resolvem escolher um novo regente para os Sete Reinos. Sam Tarly chega a brincar com a possibilidade de uma democracia, mostrando que os showrunners acompanham sim as discussões sobre GoT no Reddit, mas isso acaba servindo como motivo de boas risadas para os Lordes presentes.

Por algum motivo, a questão da ascendência Targaryen de Jon Snow e o fato dele ser o herdeiro legítimo do trono não é nem citada, algo que também não faz sentido, por mais que Verme Cinzento não fosse aceitar de forma alguma que ele virasse o novo Rei.

Quem apostou em Gendry, como herdeiro do Trono, por ele ser o filho bastardo de Robert Baratheon, também se deu mal, já que ele nem sequer aparece no episódio. O sumidaço Lord Edmure Tully está lá representando Correrrio, e protagoniza o momento programa eleitoral do episódio, até tomar uma bela invertida da sua sobrinha Sansa. Quem também aparece é Robin Arryn, pra surpresa de muitos, inclusive eu.

Após convencerem Verme Cinzento de que Tyrion tinha direito de se manifestar, ele faz um rápido discurso e usando sua perspicácia, convence a todos (quase todos) de que o novo Rei deve ser... o Bran!? A única que fica de fora do delírio coletivo, ou melhor, da decisão é Sansa Stark, que avisa que o Norte vai ficar independente. Dorne, por algum motivo, aceita isso e o novo Rei ser do Norte sem falar nada, o que mostra que a dupla D&D realmente não valoriza a história e as tradições da região, última a ter sido subjugada pelos Targaryen.

O Rei Bran e Ser Podrick em cena do episódio final de Game of Thrones

Voltando a questão do Rei Bran, sei que nesse post cheguei a defender algumas das decisões dos showrunners, mas essa pra mim não tem defesa. Pra mim esse personagem virar o Rei é a coisa mais bizarra e incompreensível do final de Game of Thrones, pois ele é o corvo dos três olhos, e não um regente, e já tinha dito na própria série que não queria (ou poderia) mandar em nada ou ninguém.

De qualquer forma, essa foi a decisão dos caras, só me resta aceitar, ou vou me tornar uma dessas pessoas que ficam fazendo enquetes pedindo pra HBO refazer a temporada, algo que eu não desejaria nem pra o meu pior inimigo, se por acaso tivesse um.

Outra coisa surreal é o Rei Bran ter topado deixar Bronn como Senhor de Jardim de Cima e o responsável pelas finanças dos Set... Seis Reinos, mas enfim, esse foi o rumo escolhido pelos criadores da série, como já disse, só me resta aceitar. Adoro o Bronn, mas aquela cena dele em Winterfell com Jaime e Tyrion foi ridícula, e não justifica que ele tenha ganho tanto poder.

A cena do conselho do Rei foi excelente, e mostra que pelo menos Bran acertou em cheio na escolha de Tyrion como seu braço direito, ou melhor, sua Mão. Além de Tyrion como Mão do Rei e Bronn como Mestre da Moeda, o Pequeno Conselho do Rei Bran tem Davos como Mestre dos Navios (ele é perfeito pra isso) e Sam como Grande Meistre.

Brienne nova Lorde Comandante da Guarda Real em cena do episódio final de Game of Thrones

Outra presença no conselho é Ser Brienne, que se torna a Lorde Comandante da Guarda Real, e como tal, tem a tarefa de escrever a história com os feitos dos Cavaleiros da Guarda Real. Ela então escreve o resto da história de Jaime Lannister, em um momento emocionante, e que eu tenho praticamente certeza que estará nos livros. A Brienne é uma personagem fantástica, como aliás tantos imaginados por George R.R. Martin.

Sansa Rainha em cena do episódio final de Game of Thrones

Pra quem torcia por Sansa Stark, como eu, pelo menos um final feliz. Essa personagem maravilhosa é coroada a Rainha no Norte em cena emocionante, mostrando que o Norte se lembra. Toda a família Stark se despediu de forma digna, mas é claro, o Rei Bran e a Rainha Sansa seriam os orgulhos do papai Ned Stark.

E Arya Stark? Bem, depois do seu momento de glória suprema ao matar sozinha o Rei da Noite, eu tinha apostado todas as minhas fichas que seria ela que iria matar a nova Rainha Louca, mas Jon acaba sendo mais rápido do que ela, instigado pelas potentes palavras de Tyrion.

Como ela não tem mais propósito nos Seis Reinos, nem na sua terra natal, o Norte, a personagem resolve se transformar em uma espécie de Dora, A Aventureira (agradeço ao meu irmão por essa definição certeira) e parte para descobrir o que existe a oeste de Westeros, e se torna uma exploradora naval.

Tudo bem que o final do arco de Arya não foi tão digno quanto o de Sansa ou Bran, mas certamente foi melhor do que o de Jon Snow, que de herdeiro do trono e grande protagonista da série, passou a um exilado na Patrulha da Noite, e proibido de se casar. Como os Imaculados já tinham ido embora, ele bem que poderia ter um perdão real, mas acabou ficando de bom tamanho pro personagem, que na série, não chega perto do seu nível de heroísmo do personagem original.

Quando Jon chega no Castelo Negro, ele encontra seu amigo Tormund, e finalmente, dá o tão esperado abraço em Fantasma, algo que os fãs mereciam, e o lobo gigante mais ainda. Já que não existem mais white walkers, os dois resolvem partir pra lá da Muralha acompanhando os Povo Livre (selvagens) que tinham ficado na fortaleza da Patrulha. Nessa cena, um pequeno detalhe mostra que o inverno mal chegou e já está indo embora, com uma pequena planta crescendo no meio da neve.

A gente não vai poder ver isso, mas aposto que Jon irá se tornar o próximo Rei Além da Muralha, e possivelmente encontrar seu tio, Benjen Stark, ou o ser que ele se tornou, o Mãos-Frias, que inclusive salvou Bran na sexta temporada, permitindo que ele chegasse ao trono no final da série. O cenário estava armado pra um belo spin-off, que poderia até se tornar realidade, se os showrunners de GoT não tivessem acabado com os zumbis gelados alguns episódios atrás.

Ao final dos 73 episódios de uma série que comecei a assistir em 2011, o meu maior sentimento é de gratidão por Game of Thrones ter sido realizada, por mais que eu discorde de muitas opções criativas feitas nos roteiros da maioria dos episódios, acho que essa é uma série que vai ficar na história da TV, e pelo menos pra mim, vai deixar muitas saudades. Espero que a gente tenha outra série tão cativante e envolvente pra assistir em um futuro não muito distante (sim, tenho dicas de várias, das quais pretendo falar todas no meu canal e aqui no MB).

Agora vamos ter que esperar mais alguns anos pelas futuras várias séries spin-off de Game of Thrones da HBO e mais ainda pelos próximos dois livros da saga de George R.R. Martin, que ao contrário de várias especulações que eu li por aí, não estão prontos, inclusive o sétimo e último só começa a ser escrito depois que o autor terminar o sexto, Winds of Winter. Quem viver, lerá.

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