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O fracasso do The Walking Dead e o declínio da Starbeeze

Após ver o Overkill’s The Walking Dead fracassar, a Starbreeze vem tentando se manter em pé e relatos de funcionários explicam como a empresa chegou neste estado.

5 anos atrás

Fundada em 1998 em Estocolmo, a Starbreeze Studios é uma empresa com um histórico de bons jogos. Responsável por criar e/ou publicar títulos como The Chronicles of Riddick: Escape from Butcher Bay, The Darkness, Payday 2 e Brothers: A Tale of Two Sons. Quando foi anunciado que eles fariam um FPS baseado na franquia The Walking Dead, muitos imaginaram que algo bom surgiria do projeto. Nós não poderíamos ter nos enganado mais.

Podendo ser apontado como uma das maiores decepções de 2018, o jogo foi amplamente criticado por ser repetitivo, estar repleto de bugs e por parecer inacabado. Ver um game não cair no gosto do público é algo relativamente normal, mas o problema é que de acordo com pessoas ouvidas pelo site Eurogamer, a equipe responsável pelo Overkill’s The Walking Dead sabia que o jogo não estava ficando bom.

Todo mundo sabia que ele afundaria,” afirmou uma pessoa que não quis se identificar. “Todos nós pusemos nosso sangue, suor e lágrimas — e nossos malditos fígados e pâncreas — tudo neste jogo e não importa o quanto forçássemos para torná-lo melhor, ele sairia quebrado. Não importa o quanto você dê polimento a um cocô, ele continuará sendo um cocô.

Já outro funcionário ouvido disse que os problemas com o jogo eram antigos, com dois anos de trabalho feitos com uma engine pouco conhecida tendo sido jogados fora para que o desenvolvimento continuasse na Unreal Engine. Segundo ela, o pensamento na desenvolvedora era de que apenas fazer isso seria o suficiente para melhorar consideravelmente o game e assim a equipe foi incumbida de entregar um jogo AAA em apenas um ano.

Para piorar a situação, há relatos de que a equipe estava trabalhando exaustivamente e que faltava liderança ao projeto, com mudanças significativas sendo sugeridas quase que diariamente. Bastava algum produtor jogar algo diferente para pedir que a equipe implementasse uma mecânica parecida no Overkill’s The Walking Dead, o que obviamente começou a minar a saúde mental dos funcionários.

Enquanto isso o alto escalão seguia fazendo vista grossa para os problemas, com a recepção negativa que uma demonstração feita durante da E3 de 2018 tendo sido escondida da equipe que ficou na Suécia. Então, mesmo com tantos problemas no dia 6 de novembro o título foi lançado no Steam e sem que as vendas decolassem e com as reclamações caindo com força, a Starbreeze Studios viu-se em grande apuro.

O impacto nas finanças da empresa foi tão grande que ela teve que passar por uma reestruturação (com direito a polícia invadindo o escritório) para não ir à falência. Isso significava que eles precisariam conseguir uma bela quantia emprestada e trocar o CEO, Bo Andersson, tendo sido dele que surgiria um email capaz de deixar os funcionários da Starbreeze ainda mais revoltados.

Pessoalmente perdi todo o meu dinheiro, minha família em um divórcio e a custódia das crianças graças ao trabalho nos últimos 2-3 anos, trabalhando 100 horas por semana para a Starbreeze e mantendo vocês desenvolvedores pagos e dedicados ao jogo,” declarou o executivo em sua despedida. “Com cada vez menos desenvolvedores dispostos a colocar um carinho extra em um produto, isso claramente limita o possível resultado de qualidade suficiente a tempo. Esta é uma nova era e eu não deixei a antiga e me adaptei a tempo — minha culpa. Tudo bem — são novos tempos.

Para algumas pessoas da equipe, Bo Andersson simplesmente fugiu da responsabilidade, jogando toda a culpa em seus subordinados e dizendo que se o jogo fracassou, eles deveriam responder por isso. Ao ser questionado sobre o assunto, o novo CEO, Mikael Nermark, limitou-se a dizer que todos trabalharam duro.

Diante de toda essa situação, o futuro da Starbreeze segue indefinido. A ideia inicialmente seria levar o Overkill’s The Walking Dead para consoles em fevereiro, mas este lançamento já foi adiado para uma data indefinida e há quem aposte que ele nunca acontecerá. O pior é que se isso acontecer, acho que não teremos muito o que lamentar.

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