Nick Ellis 5 anos e meio atrás
Durante sua apresentação no keynote de lançamento dos novos iPhones, Lisa Jackson falou sobre o objetivo da Apple de eliminar a necessidade de minerar materiais do planeta, apresentando três pontos fundamentais para chegar até lá.
Jackson é a vice-presidente responsável pelas iniciativas sociais, pela definição de políticas internas e por tudo que é relacionado ao meio-ambiente na Apple, e antes disto, foi administradora da EPA, agência de proteção ambiental dos Estados Unidos.
Na apresentação, Jackson explicou os 3 pontos da política ambiental da Apple: o primeiro é tentar usar material reciclado ou renovável para todos os produtos da empresa; o segundo é ter certeza de que os produtos da Apple duram tanto quanto possível; e o terceiro e último, é que depois de uma longa vida em uso, ter certeza de que eles são reciclados de forma adequada.
Em um excelente post no Asymco, seu site especializado na Apple, o analista Horace Dediu fez uma ótima reflexão sobre como é curioso que a Apple queira que os seus aparelhos tenham uma vida útil cada vez maior, enquanto que o mercado dos dias de hoje parece totalmente adaptado ao ritmo frenético de troca anual de smartphones.
Horace acaba concluindo que a proposta e o discurso da Apple fazem sentido para os acionistas, pois na essência, ela está valorizando seu próprio produto, e também fidelizando os seus consumidores, ao oferecer um aparelho que não precisa ser trocado com a mesma frequência.
Em um gráfico bem esclarecedor no post, o Asymco mostra que ao longo dos anos, a Apple foi aumentando os preços dos iPhones, ao mesmo tempo em que sua participação de mercado diminuía. Tudo bem, a conjuntura atual não ajuda, mas o motivo maior para termos iPhones mais caros do que antigamente é o aumento gradual da margem de lucro da Apple.
O lado bom para os consumidores, é que a durabilidade do aparelho também está aumentando, não apenas no hardware, mas também no software, e assim o preço de revenda do iPhone também continua a se manter, mesmo depois de alguns anos. Quem já tentou vender um Android topo de linha de alguns anos atrás, sabe como ele desvaloriza mais rápido que os frutos da maçã.
Durante o evento deste ano, além de apresentar os novos iPhone Xs, Xs Max e Xr, a Apple anunciou que vai deixar as linhas do iPhone 7 e iPhone 8 no mercado, mostrando que acredita no potencial de venda destes aparelhos, e os posicionando como iPhones de entrada, e justificando os preços mais altos dos novos modelos.
Nas palavras de Dediu: “este é um modelo de hardware-como-plataforma e hardware-como-assinatura que nenhuma outra empresa de hardware consegue igualar. Ele não é apenas altamente responsável, mas também altamente defensível, e portanto, um grande negócio. A obsolescência programada é um mau negócio, e portanto, não é defensível.”
A obsolescência programada é uma estratégia bem antiga, mas que continua sendo praticada até hoje, mas pelo menos na Apple, ela não faz parte dos planos, muito pelo contrário, a empresa de Cupertino pretende que seus iPhones sejam cada vez mais reconhecidos como bens duráveis, e que funcionem como uma ferramenta para fidelizar ainda mais os seus consumidores.
Nas palavras de Lisa Jackson, “manter os iPhones funcionando é a melhor coisa para o planeta”. Além de ser bom para o meio ambiente, também é bom para os negócios, como o histórico recente da empresa deixa bem claro.