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SNK Heroines: Tag Team Frenzy — Review

SNK Heroines: Tag Team Frenzy é um game de luta diferente e divertido, mas vacila por ser simples demais e ter pouco conteúdo

5 anos e meio atrás

Após meses de polêmicas e muito glitter para todo lado, SNK Heroines: Tag Team Frenzy faz a sua estreia. O novo game de luta da SNK chega com controles simplificados, uma história sem pé nem cabeça, e altas doses de fanservice, e embora divertido e diferente, ele possui problemas difíceis de serem ignorados.

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Divulgação/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Divulgação/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

Confira nossa análise e tente não passar mal com tanto açúcar.

SNK Heroines: Divertido, porém raso

A trama do game é mais maluca do que o normal vista em jogos de luta: após o fim do torneio em The King of Fighters XIV, o vilão Kukri (que não era vilão, mas enfim...) aprisiona boa parte das lutadoras que disputaram o campeonato em uma dimensão de bolso que ele criou, uma espécie de "casa de bonecas" em que as heroínas são forçadas a usar roupas de acordo com seus fetiches, e claro caírem na porrada entre si se quiserem sair dessa.

Quem se deu mal mesmo nessa foi Terry Bogard, que para demonstrar seu poder, Kukri também o capturou e o transformou numa mulher, o que de cara já avisa: não leve este game a sério.

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

O roteiro segue o clichê básico de jogos similares e é um sucessor espiritual de SNK Gals' Fighters, game lançado em 2000 para o Neo Geo Pocket Color e o primeiro da desenvolvedora a contar com um elenco só de lutadoras, vindas de vários de seus títulos. Aqui, embora todas estivessem presentes no último grande título da SNK, temos personagens de games mais antigos e variados, como Fatal Fury, Art of Fighting, Samurai ShowdownAthenaPsycho Soldier e até de máquinas de pachinko, como Mui Mui (Dragon Gal) e Love Heart (Sky Love).

A mecânica é simples, as lutas são arranjadas em um modo de duplas com trocas livres entre personagens. Você possui dois botões de ataque, fracos e fortes e um de golpes especiais, que variam conforme a posição no direcional ou se executados no ar. Não há golpes de comando, a chave para a vitória reside em elaborar combos rápidos e finalizá-los com especiais.

Cada dupla compartilha a mesma barra de energia, mas as lutadoras possuem medidores de especiais próprios. Usar golpes especiais consome a barra e é preciso esperá-la recarregar, ou trocar de lutador (a barra do personagem na reserva enche mais rápido).

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

A veia cômica do game se manifesta nas lutas através dos itens, que ativam efeitos especiais (há desde frascos de veneno, bacias que caem na cabeça, cascas de banana e até uma aparição de Goro Daimon, que tonteia quem estiver no chão) e dos golpes. Qualquer soco, chute, queda ou golpe especial é uma deixa para doces, frutas, bichinhos, corações, estrelas e outros itens fofos saírem voando para todo lado.

Para vencer uma luta, o jogador precisa drenar a energia da dupla adversária até ela ficar vermelha, para só então utilizar um Dream Finish, como aqui são chamadas as super técnicas especiais. Não é possível vencer os oponentes zerando a barra, o máximo que conseguirá fazer é tontear o adversário, que abrirá uma brecha para a finalização.

Conforme o jogador progride nos modos História, Versus e Survival, ele ganha dinheiro, utilizado para comprar uma série de itens como roupas, vozes, planos de fundo, finais, músicas, vídeos e claro, toneladas de itens para customização das lutadoras. Você pode trocar as cores das roupas entre a três disponíveis para cada personagem, e acrescentar maquiagem, tiaras, asas, luvas, braceletes, lentes de contato, etc., além de mudar o layout de vozes e muito mais.

O tema "casa de bonecas" está por todo lado, mas no fim SNK Heroines: Tag Team Frenzy ainda é um game de luta. Sua jogabilidade é de fato bastante simples, o que pode servir para chamar a atenção de quem não possui familiaridade com o gênero e gostaria de experimentá-lo sem apanhar muito; assim, o título pode servir como uma porta de entrada para muita gente.

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

Tecnicamente o game possui gráficos inferiores aos vistos em The King of Fighters XIV, o que é estranho: a SNK poderia aproveitar os mesmos modelos 3D utilizados em seu título principal, mas preferiu recriá-los de modo a dar uma aparência mais fofa ao seu rol de lutadoras. É uma escolha compreensível, mas faltou capricho.

Já o som é decente, com vozes em japonês (com exceção do narrador) e músicas com arranjos cômicos, próximas de canções pop-chiclete dos grupos de idols que fazem sucesso no Japão. Há desde composições originais aos temas clássicos das lutadoras, como as excelentes Psycho Soldier (Athena Asamiya) e Diet (Yuri Sakazaki), com novas roupagens.

Blablablá fanservice blablablá...

Sexualização de personagens femininas em games de luta não é novidade alguma, Mai Shiranui desce a porrada usando trajes mínimos desde sua estreia em Fatal Fury 2, em 1992. Aqui o fanservice é de mão pesada, com closes generosos nas personagens durante o modo História, câmeras escondidas, etc. As personalidades também foram levemente alteradas, para deixar as lutadoras mais fofas e não destoarem muito da temática.

Ironicamente, o que mais mudou nesse sentido foi justamente o chefe Kukri: ele não era um vilão propriamente dito em The King of Fighters XIV, nem dava indícios de seus gostos... peculiares. A SNK mudou completamente o arenoso combatente e o transformou num tarado e vouyeur, de modo a criar o conflito necessário.

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

E claro, para providenciar o alívio cômico da trama.

No entanto, o game é uma galhofa completa, que ri de si mesmo o tempo todo e tira onda de tudo e todos, até do jogador. Ele diz a todo mundo que é uma comédia, uma farsa, com uma narrativa tão rasa quanto um pires, todos os elementos foram incluídos em prol de uma piada.

Ainda que haja bastante conteúdo questionável, ele por si só não incomoda e nem atrapalha a diversão do jogador. As opções de customização, através dos inúmeros itens disponíveis no modo de personalização, oferecem meios para o jogador alterar sua lutadora favorita de vários modos, e a criatividade rola solta.

Por fim, há um modo de captura, onde você pode personalizar um fundo e colocar sua "waifu" para fazer poses enquanto tira capturas da tela. O modo também permite criar um avatar personalizado, para usar em seu perfil online.

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SNK Heroines: Tag Team Frenzy (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

O grande problema de SNK Heroines: Tag Team Frenzy não está na presença do fanservice, mas na decisão da SNK de focar nele, ao invés de em conteúdo real para um jogo de luta. A desenvolvedora quer vender a piada pela piada, e a falta de opções de jogo se faz sentir.

Ele possui apenas os modos História (que não deixa de ser um modo Arcade), Survival e Tutorial, este bastante simples, que ensina o básico do básico e nem permite escolher personagens. Por outro lado, o modo Online suporta lutas de até quatro jogadores conectados, o que é um ponto positivo.

Conclusão

SNK Heroines: Tag Team Frenzy não é um título para quem leva os games a sério demais. Ele ri de si mesmo o tempo todo, expondo as lutadoras a situações ridículas, e nada é mais escancarado em galhofa, do que Terry Bogard, o primeiro herói da SNK, exibindo um par de seios enormes.

Ainda que a desenvolvedora tenha pesado a mão no fanservice, com direito a personalidades levemente alteradas, a diversão não chega a ser comprometida, desde que você entenda que o game é uma piada. Do início ao fim.

Terry Bogard, quem diria...

Terry Bogard, quem diria... (Crédito: Reprodução/SNK/Abstraction Games/NIS America/SEGA)

No entanto, SNK Heroines: Tag Team Frenzy tenta se vender pelo fanservice, e isso é um erro: o game é simples demais para jogadores intermediários ou veteranos de jogos de luta, o modo História não chega a ser um desafio, e há poucas opções de conteúdo, contrastando com toneladas de opções de itens cosméticos, panos de fundo, vozes e outros geri-geris para personalizar sua lutadora favorita. A versão inicial de Street Fighter V carecia de modos de jogo, mas este ganha de longe.

Na minha opinião, SNK Heroines: Tag Team Frenzy é uma boa pedida para jogadores iniciantes, que não estão familiarizados com as mecânicas dos games de luta modernos, e serve como um aquecimento limitado, já que ele não possui golpes de comando. Para os demais, vale pela curiosidade apenas.

SNK Heroines: Tag Team Frenzy — Ficha Técnica

  • Plataformas —PS4, Nintendo Switch, Arcade e Windows (analisado no PS4 Pro, com cópia cedida pela NIS America);
  • Desenvolvedora — SNK, Abstraction Games (versões Switch e Arcade);
  • Distribuidora — NIS America, SNK (Japão), SEGA (Ásia);
  • Classificação indicativa — 12 anos.

Pontos Fortes:

  • Mecânica simples, porém diferente;
  • Modo online suporta até quatro jogadores simultâneos;
  • O game não se leva a sério em nenhum momento.

Pontos Fracos:

  • Simples demais para veteranos em jogos de luta;
  • Gráficos inferiores aos de The King of Fighters XIV;
  • Podia ter mais conteúdo.

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