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Resenha: Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível (sem spoilers)

Em Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível, a Disney conta o que aconteceu com Pooh e seu amigos depois que o protagonista virou um adulto que não brinca mais. Confira nossa resenha.

6 anos atrás

É hora de voltar a ser criança: Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível é mais nova aventura da Walt Disney Pictures que mostra o que aconteceu ao garoto que passou sua infância brincando com bonecos de pelúcia que andam e falam. Com um visual bonitinho e uma bela mensagem para os adultos chatos, o filme possui um roteiro simples mais voltado para crianças, mas ainda é uma boa pedida para uma matinê descompromissada com a família.

Confira nossa resenha sem spoilers a seguir.

A fina arte de fazer nada

O filme conta a história de Christopher Robin, o garoto inglês que passou boa parte de sua infância brincando no Bosque dos 100 Acres com seus amigos de pelúcia animados: Pooh, o ursinho de pouco cérebro (como o próprio diz) mas de coração enorme, o porquinho ansioso Leitão, o burro deprimido Ió, o hiperativo Tigrão, a protetora Can e seu filho curioso Guru, o ordeiro Coelho e o conselheiro Coruja. Após muitas aventuras, o menino teve que crescer e assumir as responsabilidades de um adulto, e guardou as memórias de infância e seus companheiros nas profundezas de sua mente.

Décadas se passaram e Robin (Ewan McGregor, que se tudo der certo vai voltar ao papel de Obi-Wan Kenobi) agora é um pai de família, um veterano da Segunda Guerra e um encarregado de uma fábrica de malas, que precisa se virar para cortar gastos e manter os empregos de seus subordinados. Seu superior direto (Mark Gatiss, o Mycroft Holmes de Sherlock, série da qual ele foi co-criador), o típico malvado está mais interessado numa eventual economia com demissões do que de fato ajudar Robin a resolver o situação, deixando-o se virar sozinho.

Os problemas se acumulam já que do menino Christopher nada restou: ele agora é um homem que só pensa em trabalho, perdeu seu senso de imaginação e não reserva tempo para nada mais, nem mesmo para sua esposa Evelyn (Hayley Atwell, nossa eterna Agente Carter) ou para a filha Madeline (Bronte Carmichael), que ele está afastando cada vez mais.

É nesse momento em que Pooh reaparece na vida de Christopher Robin, em busca de ajuda para encontrar seus amigos que desapareceram misteriosamente. Este, por sua vez se recusa a perder tempo com brincadeiras de criança e chega a ser bem cruel com o pobre ursinho, mas seu velho amigo de pelúcia acaba lembrando-o do que é mais importante do que malas, contas e obrigações.

E claro, o encontro de Pooh e companhia com Christopher desencadeia uma sequência de eventos e confusões que envolvem toda a família Robin, e os bichinhos do bosque obviamente resolvem ajuda-los em retribuição (ou melhor, tentam).

Bonitinho, mas previsível

Em Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível os habitantes do Bosque dos 100 Acres, criados por A. A. Milne em 1926 tendo como base os brinquedos de seu filho Christopher Robin Milne (para saber mais assista o filme Adeus, Christopher Robin, com Domnhall Gleeson e Margot Robbie) foram animados de maneira realista, de modo a apresenta-los como os bonecos de pelúcia que eles sempre foram.

Tecnicamente o resultado é muito bom, você tem a impressão de estar diante de brinquedos antigos que andam e falam, ao mesmo tempo em que eles mantêm os traços familiares de quem já conhece as animações da Disney. A interação deles com o mundo real, que Pooh e os outros não conhecem (eles até então nunca viram outro humano que não o próprio Christopher Robin) é inevitavelmente hilária.

Embora o filme busque atrair os adultos que cresceram com as aventuras de Pooh e seus amigos, Christopher Robin é essencialmente uma produção para as crianças, representadas aqui não pelo protagonista, mas por sua filha Madeline. É ela que protagoniza o arco final da película e ajuda os amigos do pai a resolverem o problema que eles mesmo criaram, que pode ser uma fonte de problemas enormes. E claro, por se tratar de uma produção da Walt Disney Pictures ele tenta, através de Pooh lembrar o espectador da importância da família e de se manter sempre jovem, de coração e de mente.

O problema de Christopher Robin, no entanto é o roteiro simples e previsível. O "vilão" da película não é o executivo malvadão que quer demitir os funcionários da fábrica, mas o fato de que Christopher cresceu e virou um adulto comum e chato, que está destruindo sua família por não se permitir brincar e fantasiar como antes. O grande desafio é resolvido de forma simples e até ingênua, não há reviravoltas e no final das contas, a impressão que fica é que a missão do Pooh e sua turma era de ajudar o velho amigo a vender mais malas.

No mais, a versão legendada conta com as vozes de Jim Cummings mais uma vez como Pooh e Tigrão, Peter Capaldi (Doctor Who) como Coelho, Toby Jones (Confidencial, Capitão América: O Primeiro Vingador) como Coruja e Sophie Okonedo (Hotel Ruanda) como Can.

Conclusão

Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível é um filme feito essencialmente para crianças, ainda que ele aposte na continuidade de uma história muito conhecida para atingir o coração dos mais velhos. Pooh, Leitão, Tigrão e cia. são extremamente carismáticos e a obra chega a emocionar o espectador em alguns momentos, mas a trama é previsível e não oferece reviravoltas: um problema é apresentado, o problema é resolvido, fim.

No mais, menções honrosas ao detestável (no bom sentido) personagem de Mark Gatiss e à pequena Madeline, interpretada pela atriz-mirim Bronte Carmichael; convém ficar de olho nela.

Nota:

Três de cinco Xi Jinpoohs.

O Meio Bit compareceu à cabine de imprensa de Christopher Robin — Um Reencontro Inesquecível a convite da Disney.

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