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Rússia apresenta o sucessor de Satã

Satan já era, Satan está ultrapassado. É a hora de Satan 2, o novo missil nuclear russo, para surpreender todos os hipsters e pacifistas que juram que a Guerra Fria acabou.

7 anos atrás

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Este é Satã

A Guerra Fria, apesar da propaganda, nunca acabou. Por mais amiguinhos que russos e americanos tenham fingido ser no período pré-Putin, as pesquisas militares continuaram, produzindo armas formidáveis. Uma das maiores foi o SS-18 Satan, um ICBM criado em 1974 e em uso até hoje.

Se você quiser ver de perto, há um em exposição na Ucrânia, apareceu inclusive em um especial do Top Gear, quando James May tentou acender com um isqueiro.

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Se você quiser ver um em funcionamento, é mais fácil ainda: é só ir pro Twitter e encher o saco do Putin. Não esqueça de habilitar as informações de geolocalização.

A versão mais moderna tem 34 metros de altura, pesa 211 toneladas e consegue colocar em um alvo a 16.000 km de distância, com precisão de 500 m, uma ogiva levando 20 megatons de pura democracia, ou seja lá qual o eufemismo russo para morte e destruição. Deve ser “morte e destruição”.

O Satã é ejetado do silo por um sistema de morteiros de combustível sólido, usando a boa e velha pólvora negra. Isso é necessário: do contrário, ele seria destruído pela exaustão do motor principal antes de sair do silo.

O recurso é bem pé-de-boi, elegante em sua simplicidade. Note como há um foguete lateral para tirar o equipamento do alcance do motor principal, evitando explosões secundárias:


TyphoonUSSR — Here's your death ... face and the voice of Satan. R-36M (SS-18 Satan 😉

Satã, infelizmente, está ultrapassado. Os sistemas de defesa mesmo que não consigam evitar uma catástrofe nuclear, podem diminuir o impacto de um ataque, e manter tecnologia dos anos 70 funcionando é caro e complicado.

Em 2009 os russos começaram a desenvolver o SS-X30, sucessor de Satã, conhecido internamente como RS-28 Sarmat e pela OTAN como Satan 2 — a Missão.

Projetado para cobrir 100% das defesas nucleares terrestres russas, o programa do Satan 2 foi adiantado. As projeções iniciais eram 2020, agora Moscou avisou que o bicho entra em produção em 2018.

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Pesando 100 toneladas ele é capaz de lançar 10 ogivas nucleares pesadas ou 16 leves (dica: uma ogiva leve basta pra estragar seu fim de semana) ou dezenas de chamarizes e equipamentos de contramedidas para enganar os sistemas anti-mísseis do inimigo.

Só que esse não é o maior trunfo do Satan 2. É o tipo de ogiva que ele levará. No caso, serão planadores hipersônicos.

An artist's illustration of DARPA's Hypersonic Technology Vehicle 2 (HTV-2) travelling at 13,000 mph, or Mach 20, during its Aug. 11, 2011 test flight.

No caso dos Mísseis Balísticos Inter-Continentais a palavra-chave é “balístico”. A ogiva segue uma trajetória parabólica que, fatores externos excluídos, é tão simples que pode ser modelada com uma equação de Segundo Grau. Sim, o bom e velho Bhaskara, aquele indiano que nasceu em 1114, e que de alguma forma até hoje é conhecido por ter criado aquela equação que os moleques lacradores da sua turma zoavam dizendo que não servia para nada.

Em casos reais, claro, usa-se Newton para calcular a trajetória da ogiva inimiga, calcula-se momento de lançamento, velocidade do foguete de interceptação e determina-se um ponto no espaço-tempo onde os dois se encontrarão.

Isso é importante pois uma ogiva dessas se move a mais de Mach 25, o que significa que se seu foguete estiver carregado de TNT e explodir a 1 cm de distância atrás dela, a explosão não a irá alcançar.

Toda essa tecnologia de interceptação cai por terra quando em vez de uma ogiva em trajetória balística, sua bomba nuclear está em um planador.

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Ao invés de cair como uma pedra ele cai com estilo, manobrando, confundindo as defesas inimigas e até alterando a rota no último momento. Podemos disparar todos os mísseis de interceptação para um planador desses se dirigindo para o Rio de Janeiro, aí nos últimos segundos ele estabiliza a descida, gira 90 graus e segue até Niterói, explodindo sobre a cidade, o que seria uma tragédia terrível, pode perguntar a qualquer carioca.

Os americanos, claro, estão por sua vez desenvolvendo misseis e planadores hipersônicos semelhantes. Os chineses também. Essa, infelizmente é a realidade da corrida armamentista. E não, caro hippie, se um lado parar o outro não vai parar também, sabem qual foi o último país que abriu mão de seu arsenal nuclear em prol de um discurso de paz, acreditando que teria apoio caso precisassem? Ucrânia.

Não deu muito certo. Ao menos na Crimeia.

Fonte: Russia Today.

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