Carlos Cardoso 8 anos atrás
Uma vez muito tempo atrás realizei o sonho da câmera própria. Comprei uma VHS-C que de compacta só tinha o nome. Do tamanho de uma pequena lua a bicha tinha uma bateria que usaram urânio e sangue de bebês-focas e durava o tempo de tirar da bolsa e encaixar na câmera. No final, qualidade VHS piorada, mas isso nem era o pior.
Viajar com câmera é uma roubada, ou você filma ou curte o passeio. Ver o mundo por um viewfinder é uma bosta. Tivemos que esperar décadas até que a tecnologia nos provesse com câmeras não-intrusivas e de grande autonomia, como a GoPro, mas aí outro problema surgiu: edição.
É um saco decupar vídeo, assistir tudo atrás das partes importantes, marcar e então editar. Por isso se cumprir o prometido essa tal de Graava será um brinquedo revolucionário.
O negócio é uma câmera esportiva, resistente a respingos e submersão ocasional, gravando em FullHD e fazendo um tal de Hyperlapse em 4K, que tem cheiro de vídeo com frame interpolado mas não vamos discutir com o marketing.
Os dados oficiais são: 1080p30fps, 720p60fps, 8 Mp fotos, estabilização de imagem, foco fixo, ângulo de visão de 130 graus e auto-rotação, mandando para os poços negros do inferno o vídeo vertical. THANK YOU JESUS.
Com suporte a cartão micro-SD, ela tem autonomia de 3 h mas isso não é a parte interessante: o diferencial é que a Graava vem com giroscópio, acelerômetro, GPS, conexão com monitor cardíaco de smartwaches e usa isso tudo para alimentar um algoritmo de inteligência artificial que — dizem — identificará as partes importantes do vídeo, e editará automaticamente uma compilação dos melhores momentos, na duração que você desejar, veja o vídeo:
Let Graava save your best memories.Se você quiser pode usar o editor avançado e refinar o vídeo produzido.
Como toda câmera moderna a Graava é intrinsecamente atrelada a um app (Android ou iOS). É nele que a mágica realmente acontece, e a versatilidade da câmera aparece. Ela é muito mais que uma câmera esportiva, também funciona como câmera de carros, filmando em loop, câmera de segurança, com detecção de movimentos, e babá eletrônica, transmitindo streaming HD.
Estão disponíveis uma série de acessórios, como capas protetoras, suportes adesivos e até um encaixe para bicicleta. Sim, tem o dedo do Marco Gomes nisso.
O diferencial da Graava se vender como câmera multi-uso é excelente, reconhece a realidade de que a maioria das pessoas compra a GoPro, usa uma vez por ano na viagem onde foi se afogar de caiaque em Lumiar, depois volta pra gaveta. Podendo ser usada na rua, no carro, na garagem e no berço do Cléverson Carlos ela se paga muito melhor.
O preço pode ser um impeditivo. Na pré-venda ela sai a US$ 249,00. Quando começar a ser entregue, no começo de 2016 subirá pra US$ 399,00. Isso é preço de uma GoPro Hero 4 filmando a 2,7K. Quem quer uma câmera de esportes e só, a Graava não faz sentido, mas quem quer uma câmera muito mais versátil, aí sim.
Em termos de killer app da Graava está um recurso muito, muito, muito legal: se você fizer um pacote de assinatura e usar o serviço de nuvem deles, caso seus contatos tenham filmado o mesmo evento sua câmera (ok, o app) baixará os vídeos deles, acrescentando trechos ao seu, produzindo uma versão muito mais completa, com diversos ângulos e pontos de vista. Crowdfilming, quase coisa de CSI.
De tudo só vejo um ponto realmente negativo na Graava: não ter bateria removível. Carregamento sem fio é excelente, mas em uma câmera assim bateria removível é essencial, a não ser que você tenha várias câmeras e… — ah, entendi.
Site oficial: Graava.com