Carlos Cardoso 8 anos atrás
Exatamente 50 anos atrás, quando Plutão tinha apenas 35 anos de descoberto, a NASA comemorava outro flyby. Era 1965, a eletricidade ainda não havia sido inventada, Stanley Kubrick ainda estava na pré-produção do Pouso na Lua, mas mesmo assim a Mariner 4 se tornou a primeira sonda terrestre a captar imagens de outro planeta.
Pesando 260 kg a sonda levava um computador primitivo capaz de executar 29 comandos pré-programados. Os 7 instrumentos produziam mais dados que a velocidade máxima de transmissão (33 bits por segundo) era capaz de suportar, então eram armazenados em um… gravador de fita:
Os computadores da época eram tão lentos que ela levou 4 dias para enviar 22 imagens, e quando os dados começaram a ser montados, foi mais rápido pros cientistas correrem pra uma lojinha de souvenires da NASA, comprar uma caixa de lápis de cor e plotar manualmente pixel a pixel do que esperar os computadores montarem a imagem.
A Mariner 4 maravilhou todo mundo na época, com imagens capturadas por uma câmera de TV e digitalizadas, com resolução de 200 × 200 pixels. Mais ou menos isto aqui, em termos de resolução:
Na prática a tecnologia da época não era capaz de produzir nada tão definido. A primeira imagem enviada de Marte pela Mariner 4 foi esta:
Na aproximação maior, 9.800 km, a Mariner 4 conseguiu esta imagem:
A imagem mais nítida que a sonda conseguiu foi esta, mostrando pela primeira vez crateras na superfície de um mundo que não era a Lua:
Compare com esta imagem de Phobos, uma das luas de Marte, feita em 2012 pela câmera HIRISE, orbitando o planeta.
Clique aqui para engrandalhecer.
Agora veja a diferença entre 50 anos de tecnologia em um Flyby planetário. Compare as imagens de Plutão, quando foi descoberto, visto pelo Hubble e agora com a New Horizons:
Pequeno? Não tem problema. ENHANCE!
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Agora o melhor de tudo! Essa imagem de Plutão, que reescreveu os livros de ciências, representando o momento histórico ontem (14/07) quando a Humanidade visitou todos os corpos planetários do Sistema Solar, vai se tornar obsoleta em alguns minutos.
Ela foi feita com a New Horizons a 800 mil km de plutão. Neste momento estão sendo processadas imagens feitas a 12 mil km. A resolução será dez vezes maior. A foto acima será um grande “meh” comparado com o que veremos.
É a Ciência, avançando mais rápido do que a gente consegue blogar sobre ela.
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