Carlos Cardoso 11 anos atrás
Embora lembre bastante o rastro acima não é da railgun de Doom, que no caso é o jogo. O filme ruim que falo é outro.
Em 1984 Michael Crichton (sorry, Kid) escreveu e dirigiu um de seus trabalhos menos memoráveis, de fazer Prey parecer Enigma de Andrômeda: O filme de ficção Runaway. Estrelado por Tom Selleck, quando ainda achavam que ele conseguiria fazer outro papel além de Magnum, é uma espécie de Blade Runner misturado com assistência técnica autorizada da Brastemp.
A trama envolve robôs domésticos programados para matar, corporações malignas, bla bla bla e uma unidade da polícia especializada em crimes cibernéticos de máquinas que parecem saídas da seção de brinquedos da Deal Extreme, veja o trailer: (Bônus: Kirstie Alley durante os 2 anos da vida onde foi edificante e não um edifício)
O GRANDE ponto do filme, que todo mundo achou o máximo foi a arma do vilão, ninguém menos que Gene Simmons, que disparava uma bala enorme que seguia o alvo, não importava para onde ele corresse.
Claro, correr de balas convencionais também não é muito fácil se você não for o Neo, mas as balas do Gene eram especialmente malignas.
Agora, meros 28 anos depois tudo no filme já está obsoleto, incluindo os penteados, os robôs e o Tom Selleck. A única coisa realmente SciFI é a bala teleguiada.
Era. A foto que abre este texto é de um LED preso a um projétil desenvolvido por dois engenheiros do Sandia National Laboratories. Com 15cm de comprimento a bala é disparada de uma arma de pequeno porte, mas acaba aí a semelhança com armamento comum.
Um sensor trava num laser. Aletas de controle são ativadas e a trajetória é corrigida 30 vezes por segundo por um minúsculo processador de 8 bits. A velocidade inicial é de Mach 2.1, e o alcance é por volta de 2Km. Veja um teste:
O recorde mundial de tiro de precisão em combate é de 2009, de um cabo do Exército Britânico chamado Craig Harrison. Ele eliminou dois talibãs a 2475m de distância, mas isso exige anos de treino, toneladas de conhecimento para fatorar até a rotação da Terra no cálculo de tiro, e detalhes como puxar o gatilho entre duas batidas do coração.
Qualquer idiota posso apontar um laser e deixar a bala fazer o resto.
Se o protótipo se mostrar confiável e economicamente viável será uma péssima notícia para os snipers e pior ainda para os inimigos, mas a grande, enorme ironia será que os videogames, depois de anos lutando para simular o comportamento dos projéteis de forma mais realista, terá que simular um que é basicamente uma mistura de aimbot com a pistola do Duke Nukem.
Fonte: PO