Sony, Walkman e Andreas Pavel: a história do primeiro aparelho stereo portátil

O primeiro Walkman (cassete) foi vendido no Japão em julho de 1979. Foram mais de 400 milhões de unidades vendidas com a marca. O primeiro modelo foi criado pelo engenheiro de audiovisual da Sony, Nobutoshi Kihara, apenas um ano antes e fora encomendado pelo presidente da Sony, Akio Morita, que queria algo portátil para ouvir ópera durante as suas frequentes viagens.

O primeiro Walkman, de 1 de julho de 1979, cassete, modelo TPS-L2.

Morita detestava o nome Walkman. Mas eram tão caros na época os trâmites para rebatizar o aparelho, esse tão rapidamente fidelizado entre os jovens, que ele aguentou até o fim ver o seu gadget inicialmente pessoal se espalhar pelo mundo com a tal alcunha.

O novo NetMD, que com um PC, convertia um CD em MP3.

Muitas pessoas pensam que foi a Sony de Morita que inventou o Walkman. Não foi.

O primeiro registro de um aparelho estéreo, na época pendurado a uma cinta para o braço ou cintura, corresponde à patente e protótipo do teuto-brasileiro Andreas Pavel. A Sony não deu o braço a torcer e só reconheceria a invenção de Pavel lá em 2004.

O Hi-MD, com 1 GB, de 2004. Em 2005, lançado sem o codec ATRAC. Arquivos em MP3 sem a necessidade de conversão.

A patente e a ideia de Pavel foram registradas em 1977 na Itália. Em 1980, Pavel iniciou negociações amistosas com a Sony e sua abordagem foi até chamada de "a de um gentleman". Não se batia de frente com gigantes com truculência nos anos 1980 e até hoje é assim. Entendeu, Lodsys?

O W810 Walkman como tentativa de desenterrar o formato na segunda tsunami mobile a passar pelo mercado.

A Sony aceitou entrar em negociações para pagar royalties a Pavel mas, paradoxalmente, negava ser ele o inventor do conceito até o fim. Em 1989, Pavel iniciou um pleito contra a empresa no Reino Unido para que a Sony reconhecesse publicamente que não era a inventora original.

O StereoBelt, de Andreas Pavel, epicentro da histórica peleja contra a Sony — PS: desculpem, a resolução. Difícil de achar. Quem encontrar mais, compartilhe o link abaixo. Cheers.

Foram sete anos do processo que se arrastou até falir Pavel, que quase esgotado com as custas processuais, não conseguiu ser reconhecido pela corte britânica e perdeu a peleja para a Sony, que não gastava apenas com o processo, mas também em conter a imprensa da época e assim manter o imaginário comercial a seu favor.

Andreas Pavel, o inventor joinha, cascudo e carne de pescoço, que lutou até o fim. — PS: outra imagem difícil de minerar. Perdão pela baixa qualidade.

Mas Pavel não desistiu. Ele protagonizou inúmeras tentativas em outros países e finalmente a Sony aceitou iniciar negociações que foram concluídas em 2004, com um pacto de dissolução do qual não foram publicadas as cifras e que ainda permanece um mistério.

No final, Pavel provavelmente teve o que lutou muitos anos para obter, ou ao menos parte disso.