Carlos Cardoso 12 anos atrás
Ontem foi Star Wars Day, ao menos um deles (tudo por causa de um trocadilho) e um monte de gente celebrou, dos nerds de raiz às marias-nerdeiras, afinal está na moda ser geek. Thanks, Grisson. Pensei em fazer um dia especial de posts, mas Star Wars merece mais, então está declarada a Semana Star Wars, onde teremos posts temáticos envolvendo a maior saga de aventura espacial (sorry, ficção científica é Star Trek) de todos os tempos e tecnologia, tema principal do MeioBit.
Até 1977 toda nave espacial era algo imaculado, limpo como se um bando de estagiários virasse a noite esfregando uma maquete com flanelas. Como resultado as naves de verdade, como as do Projeto Apollo quando retornavam, chamuscadas, sujas, não se pareciam com o cinema. Havia uma quebra de realidade ali.
Quando Lucas começou a fazer Star Wars percebeu que não teria dinheiro para manter uma frota de maquetes E naves em tamanho real limpinhas e reluzentes, sem contar que também não fazia sentido (ao menos para ele) que uma força de rebeldes esfarrapados perdesse tempo pintando e esfregando naves só por ficar bonitinho na mira dos TIE Fighters Imperiais.
Ele ousou e decidiu adotar uma estética suja, com falhas nas pinturas, marcas de botas nas asas, fuligem nas turbinas. Pela primeira vez nem tudo funcionava perfeitamente, a Alluminum Millenium Falcon era toda remendada, com peças expostas e fios soltos.
Isso criou uma distinção total dos cenários e naves do Império, mas principalmente deu ao espectador uma sensação de realidade muito maior. Nós estamos acostumados a ver sujeira, poeira, pequenas mossas nas latarias, pinturas descascando em pontos estratégicos. Ao mostrar um dia-a-dia assim, Lucas tornou sua realidade… real.
O efeito mais interessante disso tudo é que algumas pessoas criticavam as naves espaciais de verdade por serem… sujas. Lembro que quando a Columbia fez seu vôo inaugural, em 1981 após o pouso, com as câmeras dando closes na espaçonave alguém perto de mim reclamou que o casco estava chamuscado, sujo. Eu respondi indignado, com toda a sabedoria adquirida 4 anos antes em Star Wars, que era assim mesmo, que toda nave ficava daquele jeito por causa da reentrada.
Para um garoto de 12 anos, George Lucas havia moldado a realidade.
Hoje a estética suja é universal. Seja Battlestar Galactica, seja Matrix ou Avatar as naves “realistas” sempre tem o mesmo visual de coisa usada. E quem mais gosta é a NASA, pense em quantos milhões de dólares em flanela, pano de chão e Veja eles economizaram nas últimas décadas.