Marcellus Pereira 12 anos atrás
Eu gosto da Nokia. Prefiro a Sony Ericsson, mas gosto da Nokia. Uso um Motorola, mas gosto da Nokia. É do Symbian que não gosto muito. Sei que o Ghedin vai bloquear meu acesso como editor, mas o que posso fazer? Gosto não se discute.
Aliás, há muita gente por aí que também anda desistindo do sistema da Nokia. Pelos últimos dados do Gartner Group (trimestre passado), apesar do Symbian ainda estar à frente da concorrência, com 41,2% do mercado de “smartphones”, a presença do Android já é preocupante: 17,2%. Pouco? Nem tanto, se olharmos para os dados de um ano atrás: Symbian com 51% e Android com 1,8%.
A Nokia, que não é boba nem nada, até tentou usar a boa-vontade da sua forte comunidade (parabola non grata por aqui, ultimamente) disponibilizando o código-fonte da sua pequena jóia. Mas, como a História tende a se repetir, quando a coisa chega a esse ponto, já é hora de procurar alternativas. Tanto é verdade que a Symbian Foundation, responsável por gerenciar o desenvolvimento do sistema parece já estar com os dias contados. Ainda houve um anúncio de corte de 1800 colaboradores da empresa, a maioria do time de “smartphones” Symbian, além do cancelamento do Symbian^4.
O que resta à nossa pobre(?) fabricante japonesa(??)? Rezar para que todos esperem pelo lançamendo do seu novo sistema operacional (GNU/Linux®-like) MeeGo? Vejamos: juntar esforços com a Sony Ericsson e Samsung (entre outras) que utilizavam o sistema, não deu certo (todas já avisaram que não pretendem lançar novos produtos Symbian). Se juntar com a Intel e mesclar dois produtos feitos para públicos diferentes é, no mínimo, acreditar na boa sorte.
É difícil, mas como a Palm conseguiu, com o webOS, quem sabe? Meu medo é que o novo sistema seja tão relevante quanto o Bada.
No entanto, a Nokia tem um trunfo: desde que comprou a Trolltech (e seu ambiente de desenvolvimento Qt), não importa muito o sistema operacional do celular. O mesmo programa, feito em Qt, pode ser compilado para diferentes plataformas, mantendo o mesmo “look & feel”, sem nenhuma mudança no código. Inclusive, a empresa já avisou que este será seu ambiente-padrão de desenvolvimento.
A encruzilhada da Nokia é essa: com o Symbian respirando por aparelhos (puxa, que trocadilho, Batman!), o MeeGo a meses de distância e celulares Android comendo seu mercado a garfadas, o melhor a fazer é esperar e fingir que a roupa do Rei é linda? Introduzir uma nova linha, com Android ou Windows Phone 7, mas com “cara” de Qt?
Ter um sistema operacional “de terceiros” significa voltar a ser apenas uma fabricante de aparelhos. Por outro lado, produzir seu próprio SO significa ter um imenso leque de opções e oportunidades de negócio. Considerando de onde o “grosso” do lucro vem (telefones mais simples, sem capacidade de rodar aplicativos de terceiros), talvez o melhor fosse mesmo voltar a ser apenas a maior fabricante mundial de celulares.
(??) Eu sei, eu sei…