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Video Games Live 2010 – Rio de Janeiro

13 anos e meio atrás

Um dia nublado - um domingo! - enfiado no meio de um feriadão geralmente acaba sendo um convite a ficar em casa, descansando, vendo um filme, ou jogando vídeo-games. Ironicamente, porém, acabam sendo justamente os vídeo-games a única motivação a fazê-lo sair de casa nesse dia. Bem, não exatamente os games, mas sim a trilha sonora dos mesmos; e a possibilidade de misturar a música orquestrada de jogos clássico, independente de sua idade, com o clima de um show de Rock de primeira linha. Sim leitores, estamos falando da Video Games Live 2010, que aconteceu nesse dia 10 de Outubro, na casa de shows Canecão, localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Antes do show propriamente dito começar, um mestre de cerimônias aparece rapidamente para fazer um aquecimento do público com um rápido concurso de Cosplay. Pra quem tem a mínima noção de o que é Cosplay, sabe que estamos falando de pessoas fantasiadas, da melhor ou da pior maneira, de personagens; nesse caso, exclusivamente personagens de games. Só para registrar, o vencedor desse ano venceu também ano passado, exatamente com a mesma fantasia: de Prisioneiro do jogo Metal Slug; que consistia basicamente de uma peruca, uma barba falsa, uma samba-canção e muito carisma. Feita a premiação, sobem ao palco a orquestra e o maestro dessa turnê, o italiano Emmanuel Fratianni, que parece extremamente feliz de estar no Rio. Ele comenta obre o quanto gosta da música brasileira, de como o Rio é bonito e sobre o charme da cidade e seus moradores. Ele diz também que essa noite o show terá algumas diferenças dos outros shows dessa turnê, e sem mais papo furado começa com a primeira peça da noite: uma colagem de temas da série Sonic: The Hedgehog que empolga muito pouco a platéia.

Antes de iniciar a segunda música da setlist desse show, sobe ao palco Tommy Tallarico, o idealizador do VGL, produtor musical de uma série de jogos e nosso Host do show. Tommy bate um papo com a platéia sobre como é bom se apresentar no Rio, comenta que somente o Rio de Janeiro foi a única cidade do Brasil que recebeu todas as edições do VGL na América Latina, e complementa o que o maestro já havia dito: que o show dessa noite será uma versão única, mais agitada e personalizada para o público carioca, e faz algumas piadas sobre a leve rivalidade Rio X São Paulo desafiando os cariocas a fazerem tanto barulho quanto os paulistas.  Dito isso, pega sua guitarra e começa a apresentação de um medley de Megaman, com uma forte pegada rock ’n roll, característica da trilha da série. Após essa aclamada música, há um “resfriamento” na platéia com a trilha do trailler de Assassin’s Creed 2, que traz ao palco a mulher de Emmanuel Fratianni fazendo todos os falsetes de voz da música, em uma bela execução de uma obra sinfônica muito bonita; mesmo o jogo sendo recente demais para ser chamado de “clássico”.

Volta ao palco Tallarico, convidando 2 espectadores a subirem e jogarem Frogger, com a trilha sonora feita ao vivo. “Deve ser assim que gente rica joga seus vídeo games: ‘Mark, vamos jogar, chama a orquestra!’”, brinca Tallarico. Mas apesar da piada, um jogo simples de 8 bits realmente se torna mais empolgante com uma trilha sendo feita ao vivo. Brincadeiras e premiações terminadas, Tallarico anuncia a trilha do próximo jogo, falando muito bem desse jogo, mega premiado (e que eu particularmente recomendo MUITO) e já um clássico: Uncharted 2. Aqui vemos que mesmo sem todos os elementos presentes: há uma flauta oriental marcante nessa trilha, que não está presente na orquestra, mas que mesmo assim não destoa do conjunto em momento nenhum. Nessa trilha também vale um elogio aos metais da orquestra, e ao maestro, que amarra esse conjunto de playback e músicos ao vivo de forma extremamente natural.  A música seguinte é anunciada por Tallarico como sendo trilha de um projeto dele em conjunto com Emmanuel e a esposa, que também retorna ao palco. É a trilha de Advent Rising, que apesar de parecer desconhecida da grande maioria dos espectadores, acaba por se mostrar como uma obra sinfônica primorosa, densa e, na minha humilde opinião, a melhor música de todo o show. Tallarico introduz a próxima canção falando sobre o filme que virou vídeo game e o vídeo game que virou filme: TRON, um clássico, com um clipe recheado de cenas clássicas do filme, imagens dos jogos e algumas imagens do trailler de Tron: Legacy, que deve sair por aqui ano que vem.

Tallarico volta mais uma vez ao palco, agora para anunciar o pianista Martin Leung, o pianista que assombrou a todos ao tocar o tema de Mário vendado na primeira VGL no Brasil. Aqui ele senta-se ao piano – sem venda – e toca um medley de 10 músicas presentes na série de jogos Final Fantasy; uma queridinha dos fãs brasileiros, e é muito ovacionado, não somente pelos temas, mas também pelo talento inegável. Volta ao palco o maestro, e sem muito falatório começa a tocar o tema de Zelda, o que levanta a platéia como um todo; tanto pelo jogo quanto pela empolgação da própria trilha.  Tallarico sobe ao palco, e diz que, como presente para o público, tem um convidado especial; e chama ao palco Gerard Marino, compositor da trilha da trilogia de God of War (mais um dos “novos clássicos”), que sobe ao púlpito do maestro e rege ele mesmo a orquestra com uma baqueta em cada mão -“como Kratos”- de acordo com o próprio Gerard.

Terminada a sua apresentação é hora de um intervalo rápido, representado no telão com uma barrinha de “LOADING” que serve como cronômetro para saber quanto tempo falta pro final do mesmo. Um capítulo à parte são as animações que passam no telão entre as músicas: desde um vídeo com “os 10 piores títulos de jogos já feitos” até animações rápidas de crossovers entre games diferentes, deixando os intervalos bem mais descontraídos, e criando o clima para as apresentações.

A volta do intervalo começa com Tallarico elogiando essa série de jogos: Castlevania; com uma trilha agitada, acompanhada pelo próprio na guitarra. Ainda no palco, Tallarico anuncia a próxima música, o tema de Bioshock, que apesar de ser um bom jogo, não possui uma das trilhas mais empolgantes, e talvez mesmo por isso passa meio que apagada pela audiência. Na sequência Tallarico conversa com a platéia sobre World of Warcraft, um fenômeno dos MMORPG’s, buscando um pouco mais de animação da platéia, mas a trilha que entra não empolga, e a animação de todos parece meio apagada. Talvez sentido esse “esfriamento” do público é que volta ao palco o Sr. Leung, que agora fará ao vivo o que só tínhamos visto em vídeo: vendado, ele toca uma seleção de músicas tema de Super Mario World, provando que realmente é um artista assombroso. Ainda ao piano, Martin Leung toca a música tema da série Monkey Island, uma baladinha gostosa ao ouvido e muito bem executada.  Tallarico sobe ao palco e comenta que a próxima música é um pedido constante do público brasileiro, e que ele não entende o motivo, uma vez que lá fora esse jogo é pouco conhecido. É a trilha de Top Gear executada toda no piano por Martin Leung, que mais uma vez não decepciona e empolga a platéia.

Martin Leung nos deixa novamente e Tallarico chama ao palco o campeão do mini torneio de Guitar Hero que houve pouco antes do show para participar dessa próxima música. A música é “Jump” do Van Halen. Tallarico ataca com a guitarra de verdade e o campeão do torneio pede para a música ser posta em dificuldade “expert” (a mais alta), o que lhe rende um elogio de Tallarico. A música começa, a platéia se empolga e nem Tallarico e nem nosso campeão deixam a desejar, fazendo dessa uma apresentação bem divertida. O campeão do torneio ganha mais um kit e deixa o palco, e Tallarico avisa que agora vem uma das músicas mais pedidas por todo o público: um medley de Street Fighter 2, com os temas de Guile, Ryu e Ken; que traz a casa de espetáculos abaixo com a empolgação d público.

Feito isso, Tallarico anuncia a presença de mais um convidado especial: é Akira Yamaoka, o compositor, designer e roteirista da série Silent Hill, usando uma camisa da seleção basileira; junta-se à orquestra para tocar “Laura’s Theme”, de Silent Hill 2: uma balada rock, com uma pegada pesada, e que, apesar de um probleminha com a guitarra de Akira no começo, anima muito a platéia. Terminada a música, volta ao palco Tallarico, munido de sua guitarra, e anuncia a ultima música da noite: Final Fantasy VII: Sephirot’s Theme, a qual ele toca ao lado de Yamaoka. A música é um metal melódico, que, composto pela orquestra e guitarras, consegue toda a atenção do público.

Obviamente há um bis, e agora entram no palco todos os convidados: Martin Leung, Gerard Martin, Akira Yamaoka para tocar, junto a Tallarico e à orquestra a música tema de Chrono Trigger / Chrono Cross, belissimamente executada. E no ultimo bis da noite Tallarico sobe com sua produtora e um violão apenas ao palco e pede para cantarmos junto com eles pois a letra aparecerá no telão. Dito isso ele começa a tocar a música do final de Portal : Still Alive enquanto no telão sobe a letra e imagens engraçadinhas relacionadas à letra. Um belo final de show: leve, divertido e com o público todo participando e se divertindo.

No balanço final o que tivemos foi uma belíssima apresentação de músicas primorosamente orquestradas, com o tema de vídeo games, o que faz com que o público se torne muito mais novos por consequência torna o clima inteiro do show em algo descontraído.  Os convidados foram todos bem recebidos e extremamente competentes no que se propuseram; uma orquestra de primeira linha, e muito bem conduzida por Emmanuel Fratianni; Tommy Tallarico esbanjando carisma e simpatia com a platéia, e envolvendo o público na emoção de ouvir, ao vivo, grandes obras de música que às vezes podem até passar despercebidas quando inseridas no seu meio (os games), mas que mesmo assim não deixam de ser grandes obras de arte.

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