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FATALITY: "Usuários de iPad: Nada mais que masturbadores crônicos"

Hayao Miyazaki tece críticas contra a falta de criatividade das gerações atuais e o forte apelo consumista.

14 anos atrás

A declaração não veio de nenhum freetard, até por ser um tanto telhado de vidro atacarem os nobres seguidores de Onã. A fonte foi alguém bem mais respeitável, Hayao Miyazaki, considerado por muitos o Walt Disney japonês. Ele é adepto de declarações assim, mas depois de criar clássicos como a Princesa Mononoke, mesmo masturbadores crônicos param o que estão fazendo para ponderar sobre o que ele falou.

No caso foi uma entrevista para um jornalzinho de seu estúdio de animação. Quando o entrevistador puxou um iPad e começou a mexer no bico, Miyazaki não aguentou:

"Essa coisa que parece um videogame que você está segurando, junto com esses estranhos movimentos de suas mãos de forma alguma é atraente para mim, nem estou impressionado com ela. Sinto uma certa repulsa, de fato.

Estou certo que logo teremos mais gente nos trens fazendo esses estranhos gestos masturbatórios. Foi o mesmo quando todo mundo começou a ler mangá nos trens,ou quando surgiram celulares. Estou cheio disso."

O repórter tentou se defender, mas Miyazaki partiu direto pro FATALITY:

"Você passa pelo mundo sem enriquecer sua imaginação. Você apenas agarra o iQualquercoisa como uma ferramenta para se autosatisfazer.

Estou certo que muita gente quer se tornar onipotente botando as mãos nesse iQualquercoisa. Vou te dizer, senhor, havia um bando de gente que andava com gravadores cassete (aquelas coisas enormes) para todo lado que iam, nos anos 60. Eles vestiam como um emblema inestimável. A maioria deles provavelmente vive de aposentadoria hoje, mas vocês são iguais. Vocês correm para os gadgets mais novos, e tudo que querem é o orgulho de possuir um, como consumidor.

Vocês não devem virar consumidores, vocês devem se tornar alguém que cria"

Direto na jugular. Apple Haters dando pulinhos de alegria, enquanto concordo 100% com Miyazaki ao mesmo tempo que sinto desprezo por quem acha que a Apple é o alvo da revolta do nobre artista. Quem acha isso aliás tem a mente pequena como o alvo das críticas dele.

O mini-manifesto pró-criatividade anti-passividade do Japa do Bem é reflexo da própria condição humana. Preferimos sempre consumir conteúdo, a produzi-lo. Menos de 1% dos leitores comentam nos blogs que leem, mesmo autores profissionais consomem conteúdo na razão de mais de 10:1 em relação ao que produzem. Ferramentas como o iPad tornam muito mais conveniente consumir.

Por mais que haja aplicações fantásticas para quem cria, é um percentual muito pequeno. Ferramentas de criação não ganham sequer uma fração do prestígio das ferramentas de exibição. Toda hora sai uma televisão FullHD 3D nova, mas as câmeras de cinema até o advento do vídeo digital eram a mesma coisa desde os anos 40, com melhorias apenas pontuais.

A Utopia de Miyazaki é um mundo onde todo mundo produza e consuma conteúdo. Não vai acontecer. A maioria das pessoas não tem o talento ou a inclinação para isso. Já sua Distopia, um mundo onde ter um aparelho de CONSUMO de mídia seja símbolo de status, bem, isso já estamos vivendo.

Nos velhos tempos respeitávamos e admirávamos os contadores de histórias, hoje é quem tem o livro de histórias mais bonito. Isso é ruim, a longo prazo acaba com a arte de criar histórias. É um futuro de kibadores, repetidores, plagiadores, onde quem reclama de falta de criatividade é chamado de chato.

O que mais assusta nessa distopia do Miyazaki, é que ele está sendo otimista, afinal até para onanismo é preciso imaginação, então nem isso teremos.

Fonte: Sankaku Complex.

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