Ronaldo Gogoni 5 anos atrás
A queda de braço entre os bloqueadores de anúncios as agências de mídia europeias acabou. A Suprema Corte da Alemanha decidiu que a Eyeo, empresa que administra o AdBlock Plus opera um serviço legal e dessa forma, não só seu produto está autorizado a operar sem restrições como a decisão abre precedente para todos os outros.
A briga entre o AdBlock Plus e as agências de mídia na Europa, principalmente na Alemanha já dura um bom tempo. Em 2015, os portais Zeit Online e Handelsblattas entraram com um processo argumentando que o o software e todos os similares deveriam ser considerados ilegais, por prejudicarem seus negócios. Pouco tempo depois as emissoras ProSiebenSat.1 e RTL fizeram a mesma coisa, e em ambos os casos a justiça decidiu pelo contrário: os bloqueadores de anúncios não foram considerados anti-competitivos porque seu uso cabia ao consumidor, que escolhe se quer ou não ver propagandas. Ao mesmo tempo, a presença do AdBlock e similares não impediu os veículos de encontrarem outras formas de vender seus anúncios.
No entanto, a Axel Springer conseguiu uma liminar em 2016 alegando o que todo mundo já sabe, o AdBlock Plus é basicamente a Máfia. O software vende espaço para grandes sites e plataformas através dos "Anúncios Aceitáveis", que são considerados não-intrusivos e passíveis de serem exibidos. A lista branca conta com grandes clientes e sem surpresa, o maior deles é o Google.
A Axel Springer conseguiu com a liminar se eximir do pagamento, com a Eyeo sendo forçada a incluir seus anúncios na lista branca sem receber um centavo. Agora a liminar caiu, a Suprema Corte entendeu que o povo alemão tem o direito de bloquear os anúncios se assim desejarem e os veículos de mídia não podem forçar sua exibição, logo o AdBlock Plus está definitivamente liberado para cobrar de quem quiser incluir suas peças publicitárias na lista de Anúncios Aceitáveis.
We won!!!! German Supreme Court fully confirms that ad blocking in general and @AdblockPlus in particular are 100% legal! pic.twitter.com/kqPJV11FK4
— Tim Schumacher (@TimSchu) 19 de abril de 2018
A decisão da Suprema Corte alemã, que pode servir de referência para toda a União Europeia e outros países coloca um ponto final na discussão sobre exibição de anúncios e monetização de veículos de mídia online: enquanto muitos contam com os mesmos para pagarem suas contas, os interesses dos sites não podem passar por cima dos consumidores e esses agora detém o poder de decisão, se querem ou não utilizar bloqueadores. Claro, o AdBlock Plus não é santo e vende proteção mas você pode desativar a lista com os Anúncios Aceitáveis quando quiser, sem falar que outros serviços são mais restritos.
Aos sites restam outras alternativas para fazer dinheiro, desde apelar para o paywall a abrir campanhas de financiamento coletivo (como o nosso Padrim), ou oferecer links de afiliados ou anúncios nativos, como informes publicitários; outros de maior porte organizam grandes conferências, onde os ingressos podem chegar a algumas centenas ou milhares de dólares (The Next Web, Recode e TechCrunch, embora os dois últimos pertençam aos conglomerados Vox Media e Oath/Verizon, respectivamente); já o The Guardian abriu seu próprio fundo de capital de risco e o Tech.eu vende artigos para analistas financeiros.
De qualquer forma, o modelo de negócios das agências de mídia e sites não deverá mais passar por cima do que os usuários desejam e se eles querem bloquear anúncios, estão no direito de fazê-lo.
Fonte: Reuters.