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Rede social chinesa volta atrás e reverte banimento de conteúdos LGBTQ+

Rede social Sina Weibo reverte o banimento a conteúdos LGBTQ+ após protestos dos usuários; medida se alinhava com as atuais leis de cibersegurança da China, que já levou ao fim de outros apps similares.

6 anos atrás

O portal Sina Weibo, uma das principais redes sociais da China (similar ao Twitter) reverteu uma mudança polêmica e desistiu de banir conteúdos LGBTQ+, após grande pressão dos usuários na internet; a medida seria mais uma do pacote das novas leis de cibersegurança do País do Meio, que deixou a internet do país ainda mais fechada.

Neste fim de semana a plataforma começou a remover sem dó uma série de conteúdos considerados sensíveis, especificamente censurando qualquer material violento ou pr0n (games inclusos, como a série GTA). No entanto, no pacote entraram também restrições a material LGBTQ+, não necessariamente erótico mas que fizesse qualquer ligação com a "promoção da homossexualidade".

Embora ser gay na China não seja crime desde 1997 e a classificação como doença mental só tenha caído em 2001 (ainda assim, cerca de 5% dos hospitais do país continuam aplicando tratamentos de "cura gay"), as autoridades consideram qualquer "comportamento anti-natural" passível de banimento e continuam a descer o martelo. E se lembrarmos do plano para instaurar um sistema de ranking social para controle da população, já sabemos no que isso pode dar.

Desde que as novas leis para proteção da internet chinesa entraram em vigor em 2016 (que entre outras coisas proibiu o uso de apelidos e força todos os canais de notícias a publicarem apenas o que o Partido Comunista autorizar), há informes de apps e serviços voltados à comunidade gay que foram desativados, sem que maiores detalhes fossem fornecidos. A medida da Sina Weibo, implementada agora era uma extensão voltada aos usuários, onde nada relativamente relacionado seria permitido e os censores começaram a derrubar tudo, de postagens a resultados de buscas.

Mesmo com a homossexualidade descriminalizada há 21 anos, o governo chinês ainda não vê com bons olhos a questão LGBTQ+

Desnecessário dizer que a resposta dos usuários foi imediata: tão logo o ban foi instaurado eles começaram a inundar a rede com postagens escrito "eu sou gay", que até a busca ser derrubada retornava em torno de 170 mil resultados; boa parte das postagens lembravam que o ato era ilegal e infringia o Artigo 38 da Constituição, dizendo que "a dignidade do cidadão chinês é inviolável", e quanto mais posts os censores deletavam, mais os usuários publicavam. O protesto se tornou tão grande, que nem o Partido dos 50 Centavos daria conta de suprimir.

No fim, a Sina Weibo jogou a toalha e anunciou nesta segunda-feira (16) que não mais irá deletar conteúdos relacionados à comunidade LGBTQ+; a rede social continuará concentrada em banir os violentos ou com material pr0n no entanto. Ainda que o governo não curta e não aprove (em Pequim é praticamente impossível organizar passeatas pacíficas, como a Parada do Orgulho LGBTQ+ e quem tenta é preso, já Xangai é um lugar bem mais amigável), oficialmente os cidadãos estão no seu direito de protestar contra o que consideram uma violação e um abuso.

Fonte: The Guardian.

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