Meio Bit » Arquivo » Fotografia » Canon, lentes brancas e a Guerra

Canon, lentes brancas e a Guerra

Você já se perguntou o motivo das lentes teleobjetivas e superteleobjetivas da Canon serem brancas? Uma dica, não é por conta de fotografia de guerra.

6 anos atrás

Eu tenho um amigo que sempre me diz que é melhor não ensinar do que ensinar errado. Isso parece óbvio, mas no mundo atual isso é uma sabedoria esquecida. Existem centenas de cursos de fotografia espalhados pelo Brasil e, a maior parte dos "professores", não está minimamente preparado para encarar uma sala de aula. A probabilidade de falar besteira é gigantesca e depois os alunos vão para a internet reproduzir essas informações incompletas ou erradas.

Ontem, uma moça postou no Twitter (e o Ronaldo Gogoni me marcou) que as grandes teleobjetivas são brancas por conta de que fotojornalistas na guerra não podem ter suas câmeras confundidas com armas. Então as lentes pretas não são indicadas para esse tipo de fotografia. Depois de ter gerado uma pequena polêmica, a moça disse que aprendeu essa informação em um curso e divulgou por ter achado interessante.

Em primeiro lugar, só a Canon produz teleobjetivas da cor branca (embora a Sony tenha produzido algumas recentemente). A escolha pela cor não tem nada relacionado com guerra. Como as tele e super teles são utilizadas basicamente para fotografia de esporte e natureza, o fato de ficarem expostas à luz do sol por tempo muito longo causa aquecimento das lentes e expansão dos elementos de vidro. A cor branca tem o objetivo de refletir parte da luz do sol e diminuir o aquecimento das lentes.  As primeiras teleobjetivas brancas foram as FD 600mm f/4.5 S.S.C. e a FD 800mm f/5.6 S.S.C que foram lançadas em 1976 e possuíam foco manual. Com o advento do foco eletrônico a Canon continuou utilizando a cor branca (na verdade um cinza claro ou bege em alguns modelos) nas teleobjetivas com distância focal acima de 200mm.

Com o tempo a cor das lentes se tornou um fator de marketing importante para a empresa, visto que o foco automático mais rápido e preciso da marca a levou a ser preferência entre fotógrafos de esporte. Até hoje podemos ver o mar de lentes brancas na margem dos campos de partidas de futebol e de tantos outros esportes. Embora a Canon seja a pioneira nesse tipo de solução para o problema de aquecimento das lentes, existem pessoas nos Estados Unidos que oferecem o serviço de transformar sua lente de qualquer marca em uma lente branca para encarar sessões fotográficas no sol. O aquecimento e expansão dos elementos de vidro podem causar falhas no foco automático e na nitidez das lentes. Cada empresa lida com o problema da sua maneira.

Mas, e as lentes menores? Não possuem problema de expansão dos elementos de vidro? Sim, possuem, mas como os elementos são menores esse problema é menor também. Assim como em pontes (olha a engenharia) existe uma folga no projeto das lentes para se adequar às situações de grande calor e de expansão dos elementos. Algumas lentes, por exemplo, possuem uma margem de foco no giro do anel que vai além do símbolo do foco infinito. Essa folga é para se ajustar à expansão dos elementos de vidro dentro da lente.

Por outro lado, ao falar de fotografia de guerra, acho improvável um fotógrafo em zona de conflito estar locomovendo-se e carregando uma superteleobjetiva nas costas. Uma lente que necessita de tripé para ser utilizada não é o mais indicado para zonas de conflito. As lentes mais utilizadas acabam ficando entre as grande angulares e as 50mm e algumas 70-200mm e as 300mm, que possuem uma tamanho relativamente compacto. Outro ponto é que, nos atuais conflitos, ninguém está dando proteção para fotógrafo. Então, independente da cor da lente, zona de conflito não oferece salvo conduto para ninguém.

Textos bacanas:

relacionados


Comentários