Ronaldo Gogoni 5 anos atrás
O furacão Maria arrasou tudo por onde passou, mas nenhum povo sofreu mais com ele do que Porto Rico. O país está em estado de penúria, o ecossistema foi afetado, falta tudo de tudo à população e o governo norte-americano, que administra a ilha como um território não-incorporado não tem ajudado muito.
Os porto-riquenhos estão sem acesso a coisas básicas como água potável, comida, moradia, roupas e energia, e hoje em dia a internet também entra na categoria de itens essenciais: em situações de emergência como desastres naturais a conexão à rede é uma senhora ferramenta para organizar tanto a mobilização da população quando coordenar a ajuda humanitária que está ajudando como pode.
Isso porque atualmente 83% do país está desconectado, conforme ilustra o mapa abaixo. O Maria derrubou boa parte das torres de comunicação e elas ainda não foram reparadas.
A Alphabet Inc., holding do Google tendo em vista a situação e por possuir uma ferramenta bastante útil para esse tipo de contingência resolveu se mexer, e recebeu autorização da FCC (Federal Communication Commission) para utilizar os balões do Projeto Loon de modo a restaurar a internet de Porto Rico de forma emergencial. Foi fornecida uma licença experimental para a liberação do sinal LTE em parceria com uma empresa de telefonia local para reerguer a rede móvel do país. É similar ao que já foi feito em maio no Peru, em que uma joint com a Telefonica restabeleceu a internet após um período de chuvas torrenciais, que causaram grandes danos.
O Google recentemente desistiu de cobrir o mundo inteiro com seus balões de internet grátis, se focando ao invés isso em levar conexão para quem realmente precisa. A Unidade X utiliza o que aprendeu nesses quatro anos com manobrabilidade para ao invés de oferecer um fluxo constante pelo globo, enviar seus balões no ar a uma região específica que não tem internet e com os equipamentos em terra, habilitar o LTE para os usuários que precisam de verdade. A iniciativa visa não só conectar áreas que sofreram com desastres como Peru e Porto Rico, mas também oferecer internet a lugares remotos que não tem acesso à rede e podem se beneficiar dela em projetos sociais, como o sertão brasileiro. No caso da ilha, o Google irá deslocar 30 balões para restaurar a internet na região.
No entanto nem tudo é festa: no momento a Alphabet enfrenta um processo de uma companhia chamada Space Data, que reverteu uma patente crucial para si e acusa a gigante de roubar sua tecnologia de balões para o fornecimento de internet, algo que ela oferece desde 2004 a clientes corporativos; segundo o processo a holding absorveu seus assets e os vêm usando sem autorização após um processo de compra não concluído, e o imbróglio pode culminar inclusive com o encerramento do projeto do Google.
Fonte: Reuters.