Carlos Cardoso 6 anos atrás
Todo fã de ficção científica está acostumado com o conceito de pulso eletromagnético. Você explode uma arma nuclear bem alto, a energia da explosão gera um — d'oh — pulso eletromagnético que ioniza o ar, gerando curto-circuitos em todos os componentes eletro-eletrônicos em um raio de centenas de km.
Agora o termo ganhou a mídia, com a CNN, Fox News e outros estabelecimentos veiculando matérias de que a Melhor Coréia teria acesso a uma arma dessas e poderia desabilitar toda a infraestrutura elétrica dos EUA com um único ataque.
Sim, é o mesmo roteiro da versão ridícula de Red Dawn, lançada em 2012. Só que está sendo divulgado agora por James Woolsey, que foi diretor da CIA durante o governo Clinton. Segundo ele…
“A coisa realmente perigosa é que eles [A Melhor Coréia] podem orbitar satélites — já orbitaram vários — e usar armas nucleares, e eles podem detonar uma arma algumas milhas acima da Terra em um satélite, eles podem derrubar uma parte significativa da nossa malha elétrica”.
Em teoria isso seria possível. Na prática, a Melhor Coréia tentou lançar até hoje 5 satélites, no programa Kwangmyŏngsŏng. Dois foram bem-sucedidos, sendo que o último eles dizem que mandou mais de 700 fotografias mas ninguém nunca captou transmissão nenhuma do satélite.
A “ameaça” nem sequer é nova, em 2013 já havia boatos de que algo assim estaria sendo desenvolvido.
Miniaturizar uma arma nuclear também não é tarefa fácil, e mesmo que consigam, qual a lógica? Derrubam a malha elétrica de boa parte dos EUA, causa bastante incômodo até tudo voltar ao normal em alguns dias, mas e aí? Vão invadir os EUA nesse meio-tempo? Acham que não haverá retaliação?
Jeffrey Lewis, analista especializado em armas nucleares reagiu a uma pergunta sobre a capacidade da Melhor Coréia em gerar um pulso eletromagnético com uma deliciosa e longa gargalhada.
“Esse é o cenário de pesadelo de um pequeno grupo de pessoas muito dedicadas”.
Fora toda a impossibilidade técnica, fora toda a inutilidade de um ataque desses sem uma grande invasão em seguida, ainda há o detalhe de que já experimentamos pulsos eletromagnéticos: durante a operação Starfish Prime, quando ogivas termonucleares foram detonadas na atmosfera e 300 postes de luz no Hawaii, a 1.500 km de distância foram queimados.
A conclusão é que pra um PEM ser eficiente mesmo você precisa de dezenas de detonações, algo que a Melhor Coréia definitivamente não pode nem quer fazer, pois seria imediatamente dizimada. Em essência o que um PEM faria hoje seria derrubar o canal, mas o Ops não perderia a arroba.