Carlos Cardoso 13 anos e meio atrás
Hoje o MeioBit, representado pela figura deste que vos escreve participou de um evento e tanto: uma reunião de veículos top (mais o MeioBit) na sede da Microsoft Brasil, em comemoração aos 20 anos da Filial.
Fundada em 1989, com cinco funcionários (hoje são 570) em uma sala na Berrini, em SP a empresa acompanhou (e sobreviveu) ao auge da Reserva de Mercado, quando a pirataria era institucionalizada e defendida pelos tribunais, vide o caso Sinclair vs Microdigital e Microsoft vs Prológica. Naquele tempo todo mundo tinha um “DOS Nacional”, que perguntava “deseja cotinuar? (S/N)”
. Você apertava “S”, nada. “Y”, continuava.
Mesmo assim investiram a longo prazo. Hoje o Brasil tem 60 milhões de computadores, 97% das empresas rodam Windows, Office está presente em 92% dos PCs corporativos e preferimos não falar do Windows Me.
O almoço foi capitaneado por Hernán Rincon, Vice-Presidente da Microsoft para a America Latina, e Michel Levy, Presidente da Microsoft Brasil.
Foi uma coletiva atípica. Números foram citados quase informalmente, anúncios de novos produtos ficaram no "Aguardem e confiem" (o que depois de ver o Projeto Natal é fácil). A percepção que tive é que foi mais um agradecimento, algo como “Obrigado por nos acompanhar”, o que parece não ser mais do que nossa obrigação, mas o descaso com que TI costuma ser coberta pela Grande Imprensa faz com que o trabalho correto se destaque.
Juntando a rápida apresentação do Hernán e do Michel Levy, e depois o bate-papo com Osvaldo Oliveira, funcionário mais antigo da Microsoft no Brasil pude perceber uma mudança de ares importante: a caveira de burro enterrada em Redmond foi encontrada, desenterrada e enviada para o Google, sendo discretamente escondida debaixo do prédio onde ficam os servidores do Gmail.
A Microsoft que ofereceu ao mundo o Zune Marrom-Cocô Ubuntu não existe mais. Nem a Microsoft que tentou a todo custo vender o Vista como solução de todos os problemas, quando ele só resolvia os problemas da Dell, da HP, da Kingston, da Western Digital…
Vi um grupo genuinamente feliz. O marketing sorria cada vez que alguém falava do Windows 7, o Zune HD era mencionado com antecipação, o Projeto Natal, que em minha opinião será revolucionário se fizer 10% do que foi mostrado no demo, foi referenciado por uma fonte que não posso nomear nos seguintes termos: “10%? O objetivo é que ele faça 100%”.
Ficou claro que a Microsoft não quer produzir conteúdo. Ela prefere sempre fazer parcerias. Também não perdem o foco. “Somos uma empresa de software”, disse Osvaldo Oliveira.
Software aliás continua sendo a cash cow da empresa. Publicidade ainda representa meros 4% do faturamento, isso só vai estourar quando Softwares + Serviços e a nuvem chegarem de vez. A nuvem aliás foi o GRANDE assunto. Basta dizer que a briga será muito boa, pois a visão da Microsoft (e muito provavelmente do Google também) vai muito além da percepção de que “nuvem” é Gmail e Rapidshare.
O mais legal para nós do MeioBit é que a Microsoft (na verdade a maioria das empresas com que mantemos contato) respeitam nossa independência e nosso entusiasmo, seja para elogiar, seja para criticar. Não se enganem, se para almoçar com o Presidente da Microsoft tivéssemos que fazer coberturas chatas, corporativas, “jornalísticas” e não falar de coisas legais que a concorrência faz, a gente preferiria pedir uma quentinha.
P.S.: sim, a comida estava boa pacas. O pinguim grelhado com molho de amoras pretas e maçãs flambadas foi de tirar o chapéu, vermelho ou não.