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O risco mesmo é a Melhor Coréia ter lançado MEIO foguete

A Melhor Coréia lançou um foguete, e nem dá pra zoar. Foi um míssil de respeito com tecnologia decente e pra piorar, há especulações que seja apenas o começo. Ele seria parte de um míssil muito maior, que alcançaria os EUA.

7 anos atrás

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Essa semana, ao contrário de Cuba a Melhor Coréia lançou um míssil. Foi o décimo teste esse ano, as reações, as de sempre. ONU ameaça com boicotes, Seul arranca os cabelos, Tóquio reclama e a internet chilica desesperada socorro vamos todos morrer. Chega a ser cômico essa gente com memória de peixe dourado, não percebendo que esse foi o DÉCIMO teste em 2017 e não, não vai começar nenhuma guerra.

A grande questão é que esse lançamento foi diferente. Pegou a comunidade de inteligência de surpresa. Primeiro a notícia de que o míssil, disparado de uma base no oeste do país caiu no mar 30 minutos depois do disparo, a 500 km de distância. Isso daria uma velocidade linear de 1.000 km/h, ridiculamente lento para um míssil balístico.

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As informações começaram a aparecer, achou-se então que seria um Pukguksong-2, a versão terrestre no míssil balístico de alcance intermediário lançado por submarinos. Só que algo estava errado. Era preciso mais dados, como o apogeu da trajetória. Esse valor quando chegou assustou muita gente.

Os dados atualizados deram uma distância percorrida de 787 km, o que é ruim pra Seul mas não impressionante.

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O problema foi o apogeu: 2.115 km, uma altitude considerável, bem acima da Estação Espacial e compatível com ICBMs de verdade. Qual o sentido de lançar tão alto? Simples, a Melhor Coréia está cercada por China, Rússia e Japão. Nenhum dos três acharia agradável um míssil, mesmo de testes, caindo em seu território.

O jeito é aumentar muito o ângulo, indo pra cima em vez de para frente. Assim você tem todo o tempo de performance do foguete, sem invadir os vizinhos. As trajetórias abaixo são o mesmo foguete, saindo da Flórida, com um ângulo de quase 90 graus versus 45 graus:

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Ou seja: em uma trajetória normal o foguete, que agora sabemos ter sido um Hwasong-12 percorreria uma distância muito maior. O alcance agora é calculado em 4.500 km. Quanto isso dá de alcance? Chega na porta da casa da Sarah Palin.

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Para piorar, o Hwasong-12 usa combustível, líquido, uma tecnologia bem mais versátil e sofisticada do que arcaicos foguetes de combustível sólido, estou olhando pra você, VLS. E mais: o motor de alta performance apresentado pela Melhor Coréia em março é o que está sendo usado no míssil, tudo bate, até os quatro motores Vernier auxiliares.

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Traduzindo: a Melhor Coréia tem um míssil balístico de alcance intermediário, capaz de atingir interesses americanos como o Alaska e Guam.

Melhora? Melhora.

O sistema THAAD, instalado pelos EUA para defender a Coréia do Sul de um eventual ataque tem probabilidade de interceptação dos mísseis Pukguksong-2, que reentram a Mach 14. A ogiva do Hwasong-12 viaja a Mach 24, isso em um ângulo agudo, atacando alvos muito próximos tornariam sua interceptação basicamente impossível.

Quer que piore ainda mais?

Há gente especulando que o Hwasong-12 pode ser apenas parte de um ICBM, um primeiro estágio maior, de combustível sólido daria o impulso necessário para atingir alvos nos EUA continentais.

O chinês DF-5B por exemplo é um míssil balístico intercontinental monstruoso, com alcance de 15 mil km, 183 toneladas e capaz de levar 8 ogivas nucleares. É tão grande que quando participa de desfiles, os estágios vão separados.

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A Melhor Coréia está on fire, em 2017 já foram 10 testes de mísseis. Em 2016 inteiro foram 9. 2015 foram 13, 2014, 8. A cada teste eles melhoram sua tecnologia, enquanto o mundo reage da mesma forma: Ameaças de sanções, cartas bem ríspidas e apelos para a diplomacia.

Como diz a velha maldição chinesa, estamos vivendo em tempos interessantes.

PS: agora respondendo ao jornaleiro do UOL:

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Não. Um míssil é um veículo, movido a combustível sólido ou líquido, usado para levar uma ogiva até um alvo. A ogiva pode ser nuclear, convencional, eletrônica, etc, mas um míssil nunca poderá ser uma bomba nuclear, da mesma forma que um bombardeiro nunca poderá ser uma bomba. São coisas fundamentalmente diferentes, o segundo é usado para carregar o primeiro.

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