Ronaldo Gogoni 6 anos atrás
Com uma ajudinha da Apple e fabricantes de smartphones, a conexão USB-C está se tornando cada vez mais comum e presente em nossos dispositivos. De notebooks a smartphones e tablets, a porta reversível é melhor para uma série de aplicações e é bem melhor para uma série de aplicações que o clássico USB-A.
Normalmente a maçã seria a empresa a remar na contramão, preferindo conexões proprietárias a adotar um padrão de modo a massificá-lo. Vide o primeiro iPod com porta FireWire, os conectores de 30 pinos e posteriormente o Lightning, que foi preterido até mesmo no MacBook de 12 polegadas já que a empresa trocou todas as portas justamente por uma única USB-C.
O mais irônico nessa história é que a empresa a bancar a Apple de antigamente é justamente aquela que no passado se lixava para padrões de hardware, desde que seu software rodasse em qualquer coisa: a Microsoft. Nenhum lançamento da linha Surface sequer incluiu a porta, mesmo o recente Surface Laptop anunciado na semana passada.
Ele é um ultrabook respeitável: processador Intel Core i5 ou i7 de 7ª geração, a partir de 4 GB de RAM e 128 GB de SSD, display touch de 13,5 polegadas com resolução de 2256 × 1504 pixels, autonomia de até 14 horas e Windows 10 S, mas não é sequer pensado como um concorrente dos Chromebooks e sim dos MacBooks. Seu preço inicial de US$ 999 também deixa isso bem claro.
Só que em termos de conexões ele conta apenas com uma porta USB 3.0, uma miniDisplayPort e a proprietária SurfaceConnect, nada mais. Mesmo o dock opcional que acrescenta mais portas não conta com conexões USB-C, além do fato de ser bem caro. As portas chegaram a ser introduzidas em um protótipo do Surface Laptop, mas foram posteriormente descartadas.
Ao ser questionado por que a Microsoft ainda não inseriu uma porta USB-C na linha Surface, o gerente da equipe de engenharia da linha Pete Kyriacou foi curto e grosso: segundo ele a qualidade duvidosa dos cabos disponíveis é uma opção capenga em relação à SurfaceConnect Port em termos de carregamento. Usuários podem utilizar cabos de baixa capacidade para carregar o dispositivo, o que pode prejudicar a performance e isso a Microsoft não deseja para seus Surfaces.
Eu até entendo o ponto de Kyriacou mas é preciso lembrar que o USB-C não transmite apenas dados e energia, mas também vídeo. A porta é uma excelente solução às conexões HDMI, bastando apenas um adaptador (muitos smartphones já o incluem no pacote) para funcionar. Hoje a conexão está presente em boa parte dos smartphones Android topo de linha, do LG G6 ao Galaxy S8 e vários outros. Não custava a Microsoft inserir uma porta USB-C e manter a SurfaceConnect mas segundo o engenheiro, “questões de design e espaço” fizeram a companhia preferir manter a fidelidade à porta USB-A.
Caso tal decisão fosse tomada dois, três anos atrás eu até entenderia, mas com todo mundo abraçando o formato (alguns com mais entusiasmo que outros) é estranho a Microsoft, outrora tão vanguardista bancar a Apple de 20 anos atrás e preferir se agarrar a um formato proprietário. De qualquer forma o tempo dirá quem está certo nessa.
Fonte: The Verge.