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Mais uma do Brasil que odeia Ciência: astrônomos fazem vaquinha para comprar telescópio

Grupo de astrônomos da FUMEC passa a sacolinha para comprar telescópio, a fim de melhorar a qualidade de suas palestras. Quanto? Uma fortuna que o Brasil que odeia Ciência não pode dispor: R$ 6 mil.

7 anos atrás

Fazer e divulgar ciência no Brasil é um trabalho ingrato. Todos os setores, dos mais altos ao mais baixos e população conspiram contra aqueles que devotam suas vidas a ensinar ou trabalhar com ciência neste país. Basta lembrar da Comédia dos Erros que tem sido a Base de Alcântara, a bióloga da UFRJ que precisou passar a sacolinha para conduzir uma pesquisa sobre espécies invasoras, os óculos de papel doados por uma ONG para um grupo de astronomia de Campinas que foram apreendidos pela PF e liberados somente após o pagamento de multa, e por aí vai.

Ainda assim há quem trabalhe para superar os micos que o Brasil vem pagando desde a palhaçada com a ISS (EXCELENTE texto do Pedro Burgos, apesar do Gizmodo Brasil ter tido a audácia de remover os créditos), onde ficamos com a fama de caloteiros. Um desses grupos é o Passaporte da Astronomia, formado por entusiastas e astrônomos que se organizam e apresentam palestras sobre Astronomia, fazem observações e ministram cursos gratuitos na Universidade FUMEC, em Belo Horizonte, ao menos duas vezes por mês para quem tiver o interesse e curiosidade de olhar para o céu noturno e aprender mais sobre ele.

Pois bem: o grupo, apesar de formado em 2016 como um projeto de extensão do curso de Astronomia da FUMEC, este criado em 2010 pelos professores Orlando Abreu Gomes, Ricardo José Vaz Tolentino e Eduardo Neto Ferreira não conta com equipamentos de ponta. É tudo feito na base amadora mesmo, com telescópios voltados para hobbystas. Só que o grupo cresceu e eles precisam de apetrechos melhores.

No caso essa belezinha aqui:

É um Celestron Cassegrain 127 mm, telescópio ainda no nível para observadores amadores mas que pode fazer muita coisa: completamente automatizado, possui Wi-Fi e um banco de dados com dez mil objetos astronômicos em seu software. Ele é facilmente ajustável, de montagem simples e é perfeito para algumas brincadeiras.

Um telescópio desses custa US$ 438 na Amazon, que não é um valor alto mas como estamos no Brasil, ele chegaria até aqui com todos os impostos, taxas e afins inclusos em torno de R$ 5 mil. Por isso o grupo de astrônomos, por não poder contar com ajuda do governo para adquirir um decidiu fazer uma vaquinha. A meta é R$ 6 mil, já prevendo alterações do dólar e quaisquer outros imprevistos.

A campanha foi aberta na sexta-feira, dia 17 de março; hoje, 22/03 ela arrecadou o incrível montante de zero reais mas sendo pragmático, a pouca divulgação e o pouco tempo no ar influenciam. Esperamos apenas que o cenário ao fim do período de arrecadação, que vai até o dia 1º de dezembro seja diferente.

Não é vergonha para o pessoal do Passaporte da Astronomia passar a sacolinha para comprar um telescópio. Vergonha é esse país de araque, que gasta milhões com estádios no meio da Amazônia que são gigantescos elefantes brancos, que torra R$ 20 mil com fanfics eróticas (dinheiro da CAPES, ainda por cima) não ter reles SEIS MIL REAIS para comprar um telescópio de hobbysta (sim, fazemos nossas pesquisas aos trancos e barrancos, e com equipamentos destinados a amadores), a fim de permitir que um pessoal sério e disposto a educar as pessoas possa divulgar ciência de verdade.

Enquanto isso a Índia, que possui um programa espacial de verdade e não gasta R$ 400 mil com um cubesat de R$ 8 mil que não funciona e não coloca um satélite de R$ 125 milhões em órbita, que nada mais é do que uma caixa inútil de metal porque NÃO ESCREVERAM O SOFTWARE pode apontar o dedo na cara dos Estados Unidos e dizer "Marte? Pffft, já chegamos lá".

Fonte: Facebook do projeto via dica de um tuiteiro, que por razões pessoais possui perfil trancado e não deseja ser identificado.

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