Carlos Cardoso 6 anos atrás
A Rússia tem um problema sério. Com um PIB menor que o do Brasil precisam manter um papel global do tempo da Gloriosa URSS, inclusive na área espacial. Quando o bolso apertou eles chegaram a alugar espaço de publicidade para a HP e outras empresas no controle de lançamento, e vendiam passeios para a Estação Espacial Internacional.
Astronautas americanos de vez em quando pegavam carona, o custo era atraente. US$ 25 milhões por passageiro, em 2006. Só que a falta de visão de Washington acabou com o programa dos Shuttles sem ter um substituto em vista. A única forma de colocar americanos em órbita era voar nas Soyuz, ao que nossos amigos comunistas responderam fuck you tovarisch, agora é mais caro. Hoje sai pelo menos US$ 70 milhões cada viagem (ida e volta, ao menos isso) em ano que vem Moscou avisou: US$ 81 milhões e se não gostar, vai de Uber.
Essa folga vai acabar, claro, e esse é o problema de Putin ou seja lá qual o líder russo das próximas décadas (spoiler alert: será Putin). A SpaceX está preparando sua nave, a Boeing está preparando sua nave, a Armadillo está preparando sua nave e a Orion, a nave que a NASA está preparando é para espaço profundo mas em caso de necessidade pode dar um pulo na ISS.
Como não querem perder essa renda, os russos estão preparando a volta do programa de turistas à ISS, já há nove lugares reservados. Agora estão considerando seriamente esse projeto.
A rigor a nave já existe, a Soyuz 7K-L1 foi usada em 14 lançamentos entre 1967 e 1970 e algumas até conseguiram ir e voltar pra Lua, mas nunca levaram cosmonautas. A versão atual seria modernizada, claro, e teriam algum módulo habitável para a viagem, já que pagar US$ 150 milhões para voar assim por uma semana não faz muito sentido:
Se seguirem os parâmetros da 7K-L1 o vôo será uma trajetória de livre retorno, como a Apollo 8. Calcula-se (thanks Katherine) um momento e parâmetros de lançamento para a nave encontrar a Lua, ser atraída por sua gravidade, sofrer um efeito estilingue e ser lançada de volta para a Terra.
A reentrada, claro, é a parte divertida. Se vierem direto, são uns 20 G, o que não é bom para a coluna. O truque é raspar nas partes altas da atmosfera, perder velocidade, subir pra nave esfriar um pouco, descer pra perder mais velocidade, até estar lento o bastante para uma reentrada definitiva. Deve ser bem divertido.
Fonte: Science Daily.