Carlos Cardoso 6 anos atrás
A XM-25 é uma daquelas armas que o sujeito que idealizou estava muito virado no Jiraiya. É igual ao lança-chamas: gente normal não acorda pensando em como teve uma idéia para incendiar pessoas. A XM-25 é menos dramática mas igualmente eficiente. É este bicho aqui:
Ela dispara granadas de 25 mm:
lançadores de granadas não são nenhuma novidade, existem desde sempre, então qual a justificativa pra cada arma custar US$ 35 mil, a munição ser cara bagarai (US$ 55,00 por tiro) e toda essa confusão em torno da XM-25?
Imagine a situação: você está combatendo um grupo de terroristas, eles estão a uns 400m de distância, atrás de um muro. Você não pode avançar senão Achmed e seus amigos te atacam, mas não adianta atirar neles pois carabinas M4 não atravessam paredes de pedra.
A solução? Se você tem uma XM-25, enquanto Achmed faz comentários desabonadores sobre sua mãe, você usa a mira laser para determinar a distância da parede, ajusta na arma um valor entre – 3 e + 3 metros (1 m no caso é o ideal) e atira.
Quando você marcar a distância, a arma transmitirá para a granada a informação. O chip sabe a velocidade de disparo, a velocidade de rotação da granada, e calcula quantos giros ela fará para atingir determinada distância. O detonador é programado para então explodir.
Você mira um pouco acima da parede. A granada é disparada, percorre a distância e quando passar 1 m da barreira, explode uma carga termobárica, acabando com o dia de Achmed:
Ela tem alcance de 500 m com precisão ou 700 se você não se preocupar em acertar um terrorista específico: a munição pode ser antipessoal, alto-explosivo, flechettes, perfurante e, juram (quá!) estão preparando uma não-letal.
A XM-25 foi inicialmente idealizada nos anos 90, mas só agora os protótipos avançados estão chegando aos soldados. Ou melhor, deveriam estar chegando mas esbarraram em um problema.
Naquele enorme rolo que é o sistema de licitações do Pentágono, o projeto estava a cargo da Alliant Techsystems, que mais tarde se uniu à Orbital, formando a Orbital ATK, uma megacorporação que faz de armas a naves espaciais. Só que o projeto da XM-25 foi meio que terceirizado com a Heckler & Koch, da Alemanha.
Eles em teoria projetaram a arma e produziram os primeiros protótipos, que agora parecem ser feitos em maior parte nos EUA, com alguns componentes como o sistema de disparo vindos da Alemanha. Esse é o grande problema.
A Orbital havia contratado a H&K para produzir os componentes de um lote de XM-25s de testes, pagou (US$ 35 milhões) mas agora a H&K diz que não vai entregar, nem vai repassar a propriedade intelectual do projeto para a Orbital, como acordado.
O motivo? Segundo a H&K o XM-25 viola uma Convenção Internacional assinada em São Petersburgo em 1868, segundo a qual granadas não podem ser atiradas diretamente contra uma pessoa. Atirar contra uma parede, em uma janela, mirar perto de um sujeito, ou nos pés dele, tudo bem. Mirar no sujeito, não pode.
Isso mesmo que você leu. A H&K está com pruridos porque sua arminha poderá ser usada contra pessoas. Sim, a mesma H&K que tem este portfólio de produtos:
Os EUA sequer são signatários da tal Convenção, mas a H&K diz que a norma é “universalmente aceita” e querem uma declaração oficial da Orbital de que a arma não será usada da forma proibida.
A Orbital não gostou nada do surto de pacifismo de um dos maiores fabricantes de armas do mundo, e entrou na justiça pedindo 23 milhões de euros de indenização. No final das contas nessa história toda só tem uma pessoa feliz com o imbroglio:
Fonte: Russia Today.