Ronaldo Gogoni 7 anos atrás
Vamos ser sinceros: a série de TV do Batman dos anos 1960 não era lá grande coisa. Não apenas por ser o que dava para produzir na época com orçamentos apertados, mas também porque graças ao pulha do Fredric Wertham e seu A Sedução dos Inocentes, o Comics Code Authority caiu matando em cima do que se podia escrever em quadrinhos, e obras derivadas também se tornaram bobas e superficiais. Ainda assim a série fortaleceu ainda mais a trope dos Cruzados de Capa gays (incompetentes e patetas, isso eles eram com certeza).
Ainda assim a série marcou época. Não há uma única criatura na face da Terra que não mostre respeito a Adam West, Burt Ward e todo o elenco da série, que foi ao ar entre 1966 e 1968, teve três temporadas, 120 episódios e um filme. Todo moleque queria o Batmóvel, um Lincoln Futura modificado (um EXCELENTE trabalho do designer e customizador de carros George Barris) e icônico até hoje. Ela é lembrada e reverenciada até hoje, tanto quanto a série de TV da Mulher-Maravilha, também fraca mas ah, tinha a Lynda Carter…
Até 1989 a imagem icônica do Batman era a imortalizada por West, o herói com a mãscara de orelhas curtas e pança proeminente, que caia na maioria dos estratagemas de seus inimigos. Nos quadrinhos Neal Adams e posteriormente Frank Miller reposicionaram o Cavaleiro das Trevas como um personagem sombrio, só que isso levou muito tempo. Nas outras mídias, principalmente para aqueles que não consomem gibis os personagens da série dos anos 60 eram (e ainda são para muitos) e representação máxima de Batman e Robin.
Foi preciso um Tim Burton e um Jack Nickolson para lá de inspirado para mostrar na tela que o morcego poderia ser um personagem sério. O problema, Michael Keaton que não convencia como Bruce Wayne; já como Batman a gente relevava.
A série era uma sucessão de galhofas, planos malucos, tiradas sensacionais e uma pitada de duplo sentido aqui e ali, mas era essencialmente um show para crianças. Só que aqueles meninos e meninas cresceram e ainda hoje respeitam a obra, que se tornou um cult entre os fãs ao ponto de recentemente a DC resolver adaptar aquele divertido universo na HQ Batman '66. E o sucesso foi TANTO que viabilizou o mesmo projeto para a Maravilhosa, com a série Wonder Woman '77.
Por isso tudo foi muito legal saber em 2015 que a Warner e a DC estavam preparando um novo filme animado baseado na série de TV e na recente HQ, e que traria os atores principais de volta, emprestando suas vozes aos personagens que lhes tornaram famosos. Ontem saiu o anúncio oficial, Batman: Return of the Cape Crusaders conta com Adam West, ainda bem no alto de seus 87 anos como Batman e Burt Ward mostrando bastante desenvoltura como o menino-prodígio, aos 71.
Eles não são os únicos que voltaram: a animação também celebra o retorno de Julie Newmar, dando vida novamente à Mulher-Gato aos 83 anos.
Newmar pode não ser tão icônica quanto uma Michelle Pfiffer nos cinemas, mas é consenso que sua versão da ladra de garras afiadas é a mais querida de todas. Sua Mulher-Gato era inteligente, perigosa e sensual na medida certa, viva dando dores de cabeça para a Dupla Dinâmica (o que era até bem fácil) e seu estilo marcou tanto que até Christopher Nolan o copiou de cabo a rabo, na sua versão para o traje de Anne Hathaway em Dark Knight Rises.
Nesta nova animação Batman e Robin terão que enfrentar não só a gata como também os arroz-de-festa da série Coringa, Charada e Pinguim (que infelizmente terão outras vozes já que respectivamente Cesar Romero, Frank Gorshin - o comissário Bele do antológico episódio Let That Be Your Last Battlefield, de Star Trek: TOS - e Burgess Meredith - Mickey Goldmill, o treinador de Rocky Balboa - já faleceram) tanto na Terra quanto no espaço, um ambiente que nunca vimos na série mas quem se importa?
O teaser não mostra quase nada mas já dá uma ideia que a galhofa continua no mesmo lugar, para a alegria e todos. E ter Batman e Robin apresentando o próprio filme é divertido a beça:
Batman: Return of the Cape Crusaders estará disponível via distribuição digital no dia 11/10 e em Blu-ray especial a partir de 01/11. Só espero que não demore a chegar por aqui, porque esse merece ser apreciado sem moderação.
Fonte: Entertainment Weekly.