Emanuel Laguna 7 anos atrás
Para o transporte de cargas, o mundo ainda é muito dependente do diesel. E por mais que certas fabricantes tentem enganar os testes de emissão, motores usando tal combustível ainda são muito poluentes.
O que dá para fazer para remediar tal situação é transportar mais carga com menos combustível fóssil possível. Infelizmente não dá para instalar ferrovias em todo lugar, então o jeito é apelar para a eletricidade no caso dos veículos pesados que precisem transportar todo tipo de mercadoria nas estradas.
Infelizmente a eletricidade tem uma grave limitação atual: o armazenamento. Transportar toneladas de mercadorias exigiria baterias bem maiores que os Tesla e tempo de recarga maior. Veículo parado é prejuízo. Não à toa, o melhor conceito para um caminhão de carga com motor principal elétrico é utilizar um motor secundário… à diesel ou gás, apenas para recarregar a bateria. Traduzindo: um caminhão elétrico, com a tecnologia atual, precisa ser um veículo híbrido.
E é para evitar gastar combustível recarregando bateria de caminhão híbrido, que na Suécia temos a primeira rodovia elétrica.
Um caminhão elétrico precisa de dois pantógrafos e duas catenárias (crédito: Engadget)
Desenvolvida pela Siemens AG em conjunto com a Scania AB, a chamada eHighway por enquanto é um trecho de apenas 2 km com dois cabos em catenária. Caminhões híbridos utilizariam pantógrafos no teto para alimentar as baterias no trecho. E em movimento: ao chegar na tal rodovia, os pantógrafos levantam automaticamente, sendo que a eHighway permite velocidade de até 90 km/h.
Os caminhões utilizados nos testes suecos foram os Scania G 360 4×2, que pesam vazios 9 toneladas e podem carregar outras 14 t. Eles possuem motor secundário de 9 L e 360 hp (biodiesel), mas o motor principal é elétrico, de 130 kW (torque 1,05 kN·m) e cuja bateria de lítio possui carga de meros 5 kWh. Isso dá autonomia totalmente elétrica de apenas três quilômetros (sim, 3 km). Sad but true: uma startup chamada Nikola Motor Company promete caminhões totalmente elétricos, mas o Nikola One por enquanto me cheira a vaporware.
Enfim, foram dois anos de desenvolvimento para tornar possível a eHighway e o governo local espera que esse tipo de tecnologia ajude na meta de livrar a frota de veículos dos combustíveis fósseis até 2030. Tento ser otimista, mas não muito.
Brasil? Além de esse tipo de tecnologia exigir estradas bem asfaltadas, a energia não tem sido lá muito barata ultimamente: alimentariam uma rodovia dessas com termelétrica. Fora que o custo de segurança seria maior, imagine os saqueadores de cabos elétricos tendo um filão desses dando sopa… É duro morar no mato.
Fonte: Engadget.