Carlos Cardoso 7 anos atrás
Quando chegou na Inglaterra a notícia da invenção do telefone, Sir William Preece, chefe engenheiro dos Correios Britânicos descartou a utilidade, dizendo “os americanos podem precisar do telefone. Nós temos um monte de garotos de recados”.
A falta de visão destruiu um número imenso de empresas, às vezes indústrias inteiras. A mídia impressa é uma delas. Jornais desconsideraram a Internet como concorrente sério, partiam sempre do princípio que o leitor valorizaria muito mais a marca do que a notícia em si. Isso se mostrou incrivelmente falso no dia 15 de janeiro de 2009, quando o Mundo Mudou, por causa deste tweet:
A falha em prever o futuro não é exclusiva do pessoal do passado, tirando o Jucelino da Luz todo mundo erra, mesmo quando faz MUITO sentido. Em 2004 um vídeo rodou as interwebs, Epic 2014, um pseudo-documentário de 2014 contando como a internet mudou o mundo nos dez anos anteriores. Criado por Robin Sloan e Matt Thompson o vídeo fazia MUITO sentido:
Não, o New York Times não é uma potência online e o Google News só dá dor de cabeça. Jornalismo Cidadão é uma tentativa desesperada dos portais em arrumar quem trabalhe de graça em troca de prestígio, e as pessoas não querem mais. Não há estrutura jornalística que consiga competir com o imediatismo de alguém que está ao vivo em um evento e abre um streaming de vídeo.
Em vez de procurar novas idéias e formatos, a velha mídia tenta se prender aos modelos antigos, sabotando às vezes abertamente as próprias edições online (estou olhando para você grande jornal do Rio que não é o JB). Há casos onde as assinaturas das edições impressas saem mais baratas que as online, tudo para tentar manter o papel vivo.
Agora a Federação dos Jornais do Marrocos atingiu o fundo do poço no desespero de manter o negócio aberto. Foram atrás de uma tradição do país, o hábito de compartilhar jornais com outras pessoas em bares e cafés.
Afirmam que pessoas que emprestam ou apenas deixam os jornais nas mesas para que outras pessoas os leiam estão “sangrando o setor” em mais de US$ 150 milhões de “receita perdida”. O Ministro das Comunicações, um belo banana cedeu ao lobby e baixou uma regra proibindo cafés e restaurantes de fornecer jornais para os clientes, e nem mesmo deixar o jornal na mesa ou emprestar para o vizinho será permitido.
O Ministério das Comunicações também criará recursos para subsidiar a indústria jornalística e fará campanhas para persuadir os leitores a comprar mais jornais.
Que Mustapha Khalfi, o atual Ministro das Comunicações do Marrocos é um ex-editor de jornais é apenas um detalhe.
Fonte: Tech Dirt.