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Não é só a Apple: mercado global de smartphones está emagrecendo

Relatórios apontam que mercado de dispositivos móveis vêm sofrendo retração ano após ano, e crescimento lento da China seria um dos principais fatores.

8 anos atrás

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Se você pensa que a Apple é a única a amargar fracos resultados nesse primeiro trimestre de 2016, é hora de encarar a realidade: relatórios das principais empresas de análise e pesquisa de mercado apontam que o setor de dispositivos móveis inteiro está em retração e não é de hoje: ano após ano os números estão encolhendo ainda que pouco. E os motivos são diversos.

Os informes da IDC e da Strategy Analytics estão mais ou menos alinhados quanto às vendas globais de smartphones no primeiro trimestre deste ano: a primeira aponta 334,9 milhões de aparelhos despachados pelos fabricantes no período enquanto a segunda captou 334,6 milhões. A diferença principal está nos dados apurados quanto aos resultados do período no ano passado: a IDC diz que durante o Q1/2015 foram entregues 334,3 milhões de devices, o que representaria um ligeiro aumento de 0,2% mo mercado. Já a SA afirma que foram 345 milhões de smartphones, ou seja o mercado sofreu queda de 3%.

De qualquer forma, há um consenso de que a era do crescimento alucinado nas vendas de smartphones acabou. A queda dos números do iPhone, que só registrou ascensão desde seu lançamento em 2007 é o principal termômetro; se mesmo o top dos top, o celular mais vendido não tem saído tanto quando a Apple gostaria é porque o mercado mudou. E não é preciso fazer muito esforço para entender que um dos principais motivos é bem óbvio:

Quem queria um smartphone já tem um.

A crise econômica, que afeta o mundo inteiro é um dos principais motivos para muitos usuários pensarem duas vezes antes de se desfazerem do atual smartphone e comprar outro. Fora do ecossistema Apple (iPhones, bem explicado; o iPad nunca teve uma cotação muito boa) o valor de revenda não é significativo. Androids em sua maioria se desvalorizam muito rápido e conseguir um bom dinheiro no aparelho antigo para comprar outro é bem difícil. Assim, como muita gente não está em condições de desembolsar mais grana numa troca ou por estarem satisfeitos com seus devices, muitos estão preferindo mantê-los por mais tempo e estão migrando para o comportamento que é o pesadelo dos fabricantes: o mercado de substituição. Só trocam quando quebra.

Na China isso já é uma realidade. Os dados do 1º trimestre de 2015 levantados pela IDC na época já mostravam uma queda de 4,3% em comparação ao período de 2014, e estamos falando de uma nação de mais de 2 bilhões 1,3 bilhão de pessoas e que cerca de 90% dos cidadãos já possuem um smartphone. Lá, mesmo com uma grande oferta de aparelhos baratos e tops de linha com preços atraentes de fabricantes locais como Xiaomi, Huawei e Lenovo, os consumidores estão preferindo serem menos consumistas e manterem os aparelhos que possuem até o amargo fim.

Isso sem falar que o governo chinês está fazendo de tudo para reduzir a participação de empresas estrangeiras no país a fim de favorecer a produção nacional. A Apple foi a vítima mais recente das políticas protecionistas de Pequim.

Individualmente, se a Apple não está vendendo tantos iPhones o mesmo pode ser dito de suas concorrentes: a LG está bem mal, registrando queda de 3% nas vendas e de 15% na receita (cuidado, PDF). Ela está apostando as fichas no G5, mas sinceramente eu já vi essa novela antes. Duas vezes.

O que as fabricantes precisam entender agora é que o perfil do consumidor está mudando, ele não mais está propenso a trocar de smartphone todo ano e por isso terão que migrar para um mercado de substituição se quiserem continuar a lucrar. Prazos maiores de lançamento (ouviu Sony?) ou introdução de aparelhos com recursos realmente revolucionários, sem depender do Campo de Distorção da Realidade no caso da Apple por exemplo.

Em suma, os usuários apertaram os cintos e estão mais econômicos, e as empresas terão que aprender a lidar com esse novo perfil.

Fontes: PR Newswire, Strategy Analytics e IDC.

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