Carlos Cardoso 7 anos atrás
Sangue tem suas utilidades mas lidar com ele é complicado, pode perguntar pra tia da limpeza de faculdades de Humanas. Não adianta coletar e guardar, o prazo de validade é mínimo. Com 3 semanas já começa a ficar com debilidade, 35 dias e vai pro lixo. Se for somente plaquetas, a validade é de apenas 5 dias. Por isso é importante campanhas de doações o tempo todo.
Um dos santos graais da medicina é a criação de sangue artificial, mas agora há pesquisas que pretendem o melhor de dois mundos: sangue artificial natural.
O projeto juntou vários cientistas em uma empresa chamada Novosang, a abordagem é usar células-tronco para produzir sangue, algo que ninguém tentava por ser considerado besteira. Células-tronco deveriam ser usadas para produzir neurônios, reconstruir órgãos, sangue acha-se na esquina.
Só que 150 mil mulheres morrem todos os anos por hemorragia pós-parto. No total são feitas 100 milhões de transfusões no mesmo período, sangue sempre está em falta. Manter estoques em dia, e garantir que estejam livres de doenças é essencial.
O grupo usa uma técnica que transforma células adultas em células-tronco pluri-potenciais, as multiplicam e então induzem diferenciação em diversos componentes do sangue. O processo todo leva 31 dias.
Em 2017 realizarão os primeiros testes controlados, com sangue produzido em biorreatores sendo administrado em pacientes humanos. Os estudos mostram que células cultivadas tendem a durar mais que sangue doado, um dos motivos é que o sangue doado tem células com idades variadas, o sangue cultivado é zero km, todas as células têm a mesma idade, ainda com aquele cheirinho de hemácia que acabou de sair da concessionária.
Como toda tecnologia nova ainda em fase de laboratório uma bolsa de sangue de células-tronco custa R$ 176 mil, mas é assim mesmo. Quando e se a produção atingir escala industrial vai ficar tão barato que a Novosang vai vender o excedente como morcela.