Carlos Cardoso 8 anos atrás
Depois que John Sculley provou que era muito melhor vendendo água açucarada do que comandando uma empresa de computadores a Apple enfrentou crise atrás de crise, até que em 1997, valendo míseros US$ 2,3 bilhões a situação era calamitosa. Steve Jobs já havia voltado ao comando, mas ninguém sabia se iriam se recuperar. Artigos sobre o fracasso da empresa eram comuns.
Michael Dell não perdeu oportunidade e declarou que se fosse a Apple fecharia as portas, venderia os bens da empresa e devolveria o dinheiro aos acionistas.
Steve Jobs não gostou nada, e a resposta dele foi… linda:
EverySteveJobsVideo — Steve Jobs hammers Michael Dell (1997)
Colocar o Muhammed Ali chamando Michael Dell pra porrada… épico.
Quando as coisas estavam bem feias a Microsoft fez uma compra de US$ 150 milhões em ações da Apple, uma decisão negociada direto entre Gates e Jobs. A Microsoft precisava investir em concorrentes para fugir das acusações de monopólio, podia escolher qualquer um, inclusive a Dell, mas a amizade — não, o respeito — entre Bill e Steve fez com que a Apple fosse escolhida.
Depois que a crise passou a Microsoft revendeu as ações para a Apple, a preço de face, abrindo mão da vantagem estratégica de ter uma posição no board da concorrente. Conforme combinado.
O resultado, todos sabemos. Hoje a Apple vale umas 5 Dells só de valor de capital e Michael Dell é um chato que não inspira ninguém.
Infelizmente são pequenas as chances de aparecer um Steve Jobs na HTC, empresa fundada no mesmo ano em que Jobs deu o jab no Dell. Com aparelhos bons, aparelhos ruins e aparelhos decepcionantemente ruins como o HTC Touch (até hoje lindo), a HTC investiu pesado inclusive no Brasil, com o HTC Ultimate, apenas para logo depois fechar tudo e ir embora.
Tropeço atrás de tropeço hoje a situação é desesperadora. As ações caíram tanto que o valor de mercado da HTC é de US$ 1,48 bilhão. Isso é menor do que a quantidade de dinheiro em caixa que eles tinham, de US$ 1,49 bilhão. Ou seja: a empresa em si não vale nada, só o dinheiro debaixo do colchão.
Tem salvação? Sinceramente acho que não, a competição com os xing-ling é cruel. De um lado a HTC tem como concorrentes Androids excelentes da LG, Samsung e outras, do outro lado China produzindo toneladas de telefones cada vez mais funcionais. Lembre-se: alguns anos atrás tela colorida era um luxo de poucos.
Nenhuma empresa dura para sempre, e talvez até por corporações serem pessoas, é triste quando se vão antes do tempo, mesmo que a futura morte da HTC não chegue nem perto do que foi o fim da Palm.
Fonte: Tech Crunch.