Carlos Cardoso 8 anos e meio atrás
O Prêmio L'Oréal-UNESCO para mulheres na ciência existe desde 1998, e além do prestígio inclui um agrado de US$ 100 mil para cada uma das vencedoras, entre mulheres cientistas do mundo todo que trabalham com ciências da vida ou materiais (sorry, humanas). Também mantém verbas de pesquisa de US$ 40 mil para 15 jovens cientistas, por um período de dois anos.
São 5 grupos geográficas onde as vencedoras são escolhidas: África e Oriente Médio, Ásia-Pacífico, Europa, América Latina e Caribe e América do Norte. Ou seja: o Brasil compete com os outros 521 países da América Latina mais os 7.473 países-ilhas do Caribe, e mesmo assim fazemos bonito.
Este ano são duas brasileiras vencedoras é a Doutora Thaisa Storchi Bergmann, que não poderia competir em mais desvantagem. Além de ser mulher, o que é garantia de que terá que brigar muito pra ser respeitada (Annie Jump Cannon que o diga) ela ousa estudar astrofísica no Brasil, país onde um Deputado dá uma canetada e cancela nossa participação no maior projeto astronômico da atualidade, e onde o maior telescópio do Espírito Santo custa menos que 2 PS4s.
Thaisa é professora do Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS, onde pesquisa buracos negros, estruturas galácticas e matéria escura. São mais de 100 pesquisas publicadas.
Ela conseguiu isso tudo mesmo com as condições precárias da ciência brasileira. O site dela no Instituto de Física da UFRGS por exemplo foi feito pelo datilógrafo da AEB.
Já Carolina Horta Andrade é formada em Farmácia, com doutorado em Química Medicinal e Computacional, e líder do Grupo de Pesquisa do CNPq LabMol — Laboratório de Planejamento de Fármacos e Modelagem Molecular da Universidade Federal de Goiás, que tem verba pra estagiário de Webdesign.
Entre outras pesquisas Carolina está estudando o tratamento da leishmaniose, e isso lhe rendeu o Prêmio L'Oréal-UNESCO “Talentos Internacionais em Ascensão”, o que significa a coisa que cientistas mais amam: verba de pesquisa.
Parabéns a ambas. Fazer ciência no Brasil é algo complicado, se destacar entre tantas outras cientistas no mundo, é por si só um mérito e tanto. Em nome de todo mundo que é beneficiado com a Ciência, agradeço por não terem se contentado em ser referência mundial em sandália de pneu.
Fonte: Itamaraty.