Carlos Cardoso 8 anos atrás
Em 1900 um médico italiano chamado Alessandro Vallebona inventou uma forma de radiografia onde a fonte de raios-x e o filme se moviam em torno do paciente, gerando uma imagem de uma fatia do sujeito. Ele batizou a técnica de tomografia, de tomo, pedaço. Era, claro, algo muito primitivo e marginalmente útil.
A teoria matemática para a criação de tomografias de verdade só foi surgir em 1917, com a Transformação de Radon, uma série de equações onde uma projeção planar pode ser transformada em dados tridimensionais. Ou algo assim. Só que isso exige MUITA conta, e não havia ainda computadores pra isso.
Muita gente trabalhou em cima dos problema, até que um sul-africano de nome Allan McLeod Cormack e um inglês chamado Godfrey Hounsfield desenvolveram a teoria matemática e física da moderna tomografia computadorizada. Esses dois ganharam o Nobel da medicina em 1979 por seu trabalho.
O modelo original desenvolvido por Godfrey foi concebido em 1967 mas somente em 1971 ele fez a primeira tomografia cerebral. Ela era composta de 160 scans, rotacionando 180 graus. A leitura levava cinco minutos mas a imagem processada levava 2,5 horas rodando em um mainframe.
A versão comercial levava 4 minutos escaneando a cabeça do paciente e 7 minutos rodando em um minicomputador, para gerar uma imagem de 80 × 80 pixels.
Hoje as tecnologias de diagnóstico por imagem são dignas de ficção científica. A Ressonância Magnética gera um campo milhões de vezes mais poderoso que o da Terra, força seus átomos de hidrogênio a se alinharem e quanto são soltos, gritam em protesto emitindo uma onda de rádio. A chamada PET Scan, ou Tomografia por Emissão de Pósitrons utiliza antimatéria. Pósitrons atingem seus elétrons, eles são desintegrados em uma explosão de raios gama e isso gera a imagem.
A tomografia normal por sua vez tem aumentado a definição, a velocidade de captura e diminuído a dose de raios-x. Agora a GE terminou, no West Kendall Baptist Hospital um período de 6 meses de avaliação do Revolution CT, um equipamento de tomografia que custa a merreca de US$ 2 milhões. Os resultados foram altamente positivos, o bicho é capaz de fazer uma imagem cardíaca em menos tempo que uma batida do coração.
Veja alguns exemplos:
Neste post do GE Reports e no site do Revolution CT você acha mais imagens. Lembre-se, isso não é computação gráfica (tecnicamente é) são imagens reais de pessoas reais. Substituem as perigosas cirurgias exploratórias e dão um acesso que faria médicos do Século XIX correrem com medo dessa magia negra.
O Revolution CT começou a ser testado em 2013. Isso quer dizer que sua certificação pela FDA foi solicitada bem antes. Mesmo ignorando isso e assumindo que ele é de 2014, ainda é impressionante que apenas 43 anos de desenvolvimento tecnológico existam entre as imagens acima e a primeira tomografia, de 1971:
Imagine como estará essa tecnologia em 100 anos.