Carlos Cardoso 9 anos atrás
Nos primórdios, primórdios mesmo da internet um dos formatos usados para imagens era o GIF. Mesmo com um algoritmo de compressão porco, o fato de só ter uma palheta de 256 cores tornava os arquivos relativamente pequenos, em comparação aos imensos BMPs. Lançado em 1987 pela Compuserve, o GIF atendida aos requisitos do hardware da época, onde a maioria dos PCs era incapaz de mostrar mais de 256 cores. O JPEG só iria aparecer como padrão em 1992.
Um belo dia já no final dos Anos 90 um programador especialmente caxias da Netscape implementou o formato e incluiu suporte a animação, algo que praticamente ninguém usava, mas era uma época onde não havia ainda um MP4, o hardware penava para decodificar codecs de compressão mais complexos e tudo dependia de plugins, então uma animação que rodava dentro do browser parecia uma boa idéia.
Corta para os dias de hoje, onde temos MP4, YouTube, HTML5, FLASH e mil outros meios de exibir vídeos. Para pular a parte de solicitar o play do usuário desocupados resolveram converter vídeos para GIF, o que é uma péssima idéia. Primeiro, a qualidade vai embora. Segundo, não há som. Terceiro, a compressão porca do GIF torna qualquer microvídeo em um devorador de banda, ainda mais para quem acessa via mobile com plano de operadora brasileira.
Por isso foi preocupante ler que o Twitter iria aceitar GIFs animados. Não é nem por transformar a timeline em uma penteadeira de dama que troca favores por dinheiro, mas pelo consumo de banda gerado.
Eis que — surpresa — os engenheiros do Twitter são mais inteligentes do que eu e resolveram isso de forma MUITO elegante.
Agora é possível subir uma imagem no formato GIF animado, da mesma forma que subimos uma imagem comum, mas ao chegar nos servidores ela é automagicamente convertida em um MP4. Por exemplo: a imagem de abertura deste texto tem exatos 1.040.141 bytes. Quase 1 MB de download.
Subi para o Twitter, neste post aqui:
Testando o gif do Twitter. FOR SCIENCE! http://t.co/lPOC8uYPaV
— cardoso (@Cardoso) June 20, 2014
O GIF virou um MP4. De 1 MB o tamanho foi reduzido para… 48.112 bytes.
Ou seja: ao aceitar GIFs animados dessa forma o Twitter está fazendo um excelente trabalho em desentupir os tubos da internet, entalados de GIFs inúteis e enormes. Claro, os clientes terão que se adaptar, mas como qualquer celular decente decodifica MP4 por hardware, ganharemos em performance e bateria.
O irônico disso tudo é que os vídeos em MP4 são transformados em GIFs, difundidos pela Internet, enviados para o Twitter e retornam a seu formato original.
♩♬ “It's the cirrrcle offffffff life…” ♪♫