Carlos Cardoso 9 anos atrás
Nota: eu nunca assisti Veronica Mars, não sei nem do que se trata, então preferi colocar uma foto da Kristen bell de Slave Leia em Fanboys. Reclamações com a gerência.
O crowdfunding surgiu como uma excelente forma de financiar protótipos de produtos que raramente chegarão a ser produzidos, mas o que vale é a esperança. Entre as várias propostas, uma que se mostrou bem atraente é o financiamento direto de conteúdo que tenha uma boa base de fãs mas não seja popular o suficiente para ficar no ar com as próprias pernas.
Um dos primeiros a fazer isso foi Veronica Mars, série de detetives (thanks, Wikipedia) do UPN e depois do CW. Foram 3 temporadas, terminando em 2007, mas tanto os criadores quanto os fãs queriam mais. Como nenhum estúdio topou, a idéia ficou na gaveta até o advento do Kickstarter, quando uma campanha pedindo US$ 2 milhões foi lançada. Os fãs vieram em peso, mais de US$ 5 milhões foram arrecadados, a grande maioria escolhendo a cópia digital do filme, quando ficasse pronto.
A Warner Bros, detentora dos direitos da série liberou o uso do material e se prontificou a distribuir o filme, e aí que o bicho pega.
O longa ficou pronto, ganhou excelentes avaliações da crítica e foi pra rua dia 14. Problema: a cópia digital, que todo mundo que financiou primeiro o filme queria, está sendo distribuído pelo Flixster, um Netflix de Pobre com pretensões de iTunes, mas que NUNCA SERÁ.
O problema não é o Flixster ter DRM. O Netflix tem DRM até no talo. Se você digitar no Google “como copiar filme da Netflix”, antes de a página aparecer um ED-209 arrebenta sua parede. A diferença é que o DRM do Netflix é completamente transparente. Ele toca em qualquer coisa, tem cliente Netflix até pra Lada Niva. Eu estou pouco me lixando se o bicho está torturando minha CPU atrás de provas de má-conduta, se quando saio do iPad e vou pro PC tudo toca redondinho do ponto onde parei.
Já o Flixster, comprado pela Warner quando estava em franca decadência e ainda basicamente na mesma. Como resultado é cheio de bugs. Um monte de usuários não conseguiu baixar, outros não conseguiram executar, outros não conseguiram fazer a TV reconhecer o app do Flixster e teve até gente fora dos EUA que tomou na fuça um daqueles avisos simpáticos de acesso negado por você morar no país errado.
Os fãs obviamente ficaram enfurecidos, e xingaram muito no Twitter. Ao final a Warner acabou tendo que apelar. Ofereceram o dinheiro de volta (US$ 10,00). Só que o fã quer assistir o filme, não quer US$ 10,00. E efetivamente o filme estava disponível no iTunes e na Amazon, mas os incompetentes dos distribuidores não conseguiram conceber que algum fã não ficaria satisfeito e encantado com a opção do Flixster.
Como resultado tiveram que tomar uma atitude de emergência. Comunicaram que se o fã comprar o filme no iTunes ou na Amazon, o que custa US$ 19,99; poderá pedir restituição integral junto aos produtores. O dinheiro que ganharam pra fazer o filme correm o risco de devolver o dobro.
Vemos um caso clássico da velha mídia não querendo largar o osso, não entendendo que a solução deles é inferior e que o consumidor está SIM disposto a pagar pelo conteúdo, mas nos seus termos: na hora, sem DRM (visível), sem restrições que não sejam razoáveis e sem engasgos.
É preciso abrir mão de controle, não é possível ter o melhor de dois mundos, com distribuição digital e engajamento, mantendo um cadáver na beira da estrada.
Fonte: LAT.