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Parceiros mas não iguais - China pousará na Lua dia 14

Enquanto o Brasil ainda lambe o orgulho ferido, a China continua firme e forte, pelo menos 50 anos adiante da gente em pesquisa espacial. Essa distância aumentará mais ainda dia 14, quando pousarão uma sonda na Lua, com direito a robozinho e tudo. Com sorte, veremos ao vivo.

10 anos atrás

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Entre as inúmeras bobagens ditas sobre o lançamento fracassado do satélite sino-brasileiro, talvez as piores envolvam declarações beirando o racismo, menosprezando a tecnologia chinesa. Comentaristas de portais, a forma de vida mais inferior existente, vomitando barbaridades chamando o foguete de Xing-Ling. Apareceu até gente dizendo que deveríamos ter usado o Sonda IV, aquele resquício pré-2ª Guerra que ainda é a maior “conquista” aeroespacial brasileira.

Ninguém conte pra eles que todos os satélites antecessores ao CBERS-3, o CBERS-1, o CBERS-2 e o CBERS-2b foram lançados de forma bem-sucedida por foguetes chineses.

Eu sei, é complicado para a mente limitada dessa gente entender que existem duas Chinas. Uma produz as porcarias Android que compramos na Deal Extreme, outra produz iPads, iPhones, mecânica de precisão, armas nucleares e… pesquisa espacial.

Dói no nosso orgulho, mas a verdade é que as parcerias com o Brasil são mais um favor do que qualquer outra coisa. Não há nada que a “NASA Brasileira” faça que seja novidade para a agência espacial chinesa. Enquanto nós fabricamos satélites básicos com defeito, eles estão indo pra Lua. E nem é pela primeira vez.

Em 2007 eles lançaram a Chang'e 1, uma sonda de exploração lunar de 2 toneladas. Originalmente projetada para 1 ano, ficou esse tempo e mais 4 meses estudando a Lua, criando o mais preciso mapa lunar 3D. Ao final, foi colocada em trajetória de queda, chocando-se contra a Lua.

Em 2010 foi a vez da  Chang'e 2. Projetada para 6 meses, orbitou a Lua mapeando toda a superfície com resolução de 1 m/pixel. Como ao final da missão ela ainda estava muito bem, “estacionaram” a sonda. Em 2012, com a aproximação do asteroide Toutatis, os chineses resolveram se exibir, e traçaram uma rota de interceptação. Como resultado a Chang'e 2 passou a 3,2 km de distância, fazendo raríssimas fotos da superfície de um asteroide.

Toutatis_ChangE

Hoje a Chang'e 2 está a mais de 60 milhões de km da Terra, continua funcionando e é usada para testar as capacidades de controle e monitoramento de longa distância da agência espacial chinesa.

Agora, 1º de dezembro, foi a vez da Chang'e 3. Decolando em direção à Lua, o foguete Longa Marcha 3B levou uma sonda de pouso de 1.200 kg e um robô de 120 kg. Ambos estão já em órbita lunar. Ontem fizeram uma das últimas manobras de correção, reduzindo a órbita para 100 km de apoapsis e 15 km de periapsis. Dia 14, sábado, com o local do pouso devidamente decidido e examinado, provavelmente transmitirão ao vivo a manobra.

Será apenas a primeira vez em que uma nave humana fará um pouso controlado na Lua, desde a sonda soviética Luna 24. Sim, 37 anos atrás.

Se tudo der certo, durante 3 meses a sonda e o robô estudarão a Lua. O robô contará com um radar de penetração de solo. Conseguirá criar imagens de centenas de metro de profundidade. Será a chance de descobrir se realmente há nazistas vivendo em cavernas lunares. Há a possibilidade de vídeo em tempo real, durante a duração da missão do Coelho de Jade (os chineses são ótimos com nomes).

Enquanto isso, no Mundo da Fantasia, o Vice-Diretor do INPE, Oswaldo Miranda prefere enfiar a cabeça na areia, declarando que o INPE não considera que a missão foi um fracasso:

Não houve fracasso. Depois do lançamento, o satélite foi liberado, fez os procedimentos que se esperava dele. Liberou o painel solar, abriu de forma completa, testou o computador de bordo. Os testes indicaram que energia, telemetria e telecomunicações, tudo estava funcionando.”

Quanto às chances de pouso bem-sucedido, eu acho que são excelentes, pois não há brasileiros envolvidos na Chang'e 3, então as definições e exigências de sucesso são mais… tradicionais.

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