Carlos Cardoso 9 anos atrás
Em uma audiência no Congresso dos EUA, sobre carros autônomos, um executivo da Nissan foi categórico: vão começar a colocar esses veículos nas ruas em 2020. Já Raj Rajkumar, Professor da Universidade Carnegie Mellon, foi adiante e disse que mesmo assim os carros autônomos ainda dependerão de auxílio humano por mais uma década depois de sua introdução.
Faz sentido. Dirigir é muito mais complicado do que pilotar um avião, só achamos fácil por ser algo feito em baixa velocidade, conseguimos adaptar instintos desenvolvidos em milhões de anos, e nos viramos relativamente bem. Já um computador, sofre. A quantidade de variáveis é grande demais.
Claro, pilotar em uma pista é fácil, GPS + LIDAR e 90% do trabalho está feito. Sistemas existentes de controle de tração e estabilidade resolveriam a maior parte dos enganos da máquina, mas a imprevisibilidade do mundo real não dá pra ser programada. Um avião não tem que lidar com uma faixa mal-pintada, uma Kombi de mudanças com uma escada pendurada, e muito menos tem como interpretar a regra mais básica do trânsito: “Atrás de uma bola sempre vem uma criança”.
Carros autônomos funcionam muito bem se todo mundo respeitar as regras. Arthur Clarke chegou a prever em um de seus livros que no futuro seria ilegal um humano dirigir um carro em vias públicas. MESMO ASSIM ainda é imprevisível, pois como bem lembra Jeremy Clarkson, o seu carro autônomo estará na mesma estrada que o carro autônomo de um sujeito chamado Gary, mão-de-vaca e que acha que conserta qualquer coisa. Pior ainda, terá que dividir a rua com carros reprogramados por entusiastas impacientes com a direção-coxinha dos carros-padrão.
Um carro autônomo vai saber lidar com um motorista de caminhão, lento, que faz sinal pra você passar? E se for um daqueles motoristas FDPs, que fazem sinal vendo que está vindo uma Scania e que, a menos que você esteja dirigindo um Bugatti Veyron aditivado com Schwartz líquido, será impossível passar a tempo?
O modelo do Google é ótimo, bem como todos os outros, mas a inteligência artificial ainda precisa avançar muito. Até lá os carros autônomos viáveis serão como o TerraMax, que com 6 rodas e trocentas toneladas, não importa se raspar ou atropelar um Ford Ka ou dois.
Fonte: TC.