Carlos Cardoso 10 anos atrás
Uma vez eu estava batendo papo em uma mailing list e postei fotos de umas capas de gibis. Todo mundo gostou. Entre os comentários, um dos membros da lista pediu que eu descrevesse as capas. Ele explicou que era cego, e as reações o deixaram curioso.
Achei fantástico. O sujeito era membro do grupo fazia um tempão, conversava com todo mundo, interagindo normalmente, a falta do sentido da visão, que no mundo “real” seria um enorme impeditivo ali era irrelevante. Ele não era tratado de forma diferente por ninguém.
Era um uso de tecnologia de forma inclusiva, sem coitadismo, sem peninha, o terminal Braille o habilitava a atropelar a deficiência e ser tão participante quanto qualquer outro membro.
O Google Glass é uma tecnologia que tem esse potencial. Infelizmente a histeria da mídia está matando o produto antes sequer de ele nascer. Gritar contra uma hipotética invasão de privacidade dá audiência, imaginar que o Glass pode ser usado por portadores de Alzheimer ou demência, guiando essas pessoas para casa? Isso não dá clique.
O OrCam é um produto que irá sofrer com o preconceito gerado pelos haters do Glass, INFELIZMENTE. Ele é na verdade bem mais poderoso, funcionando em um princípio diferente.
Ao invés de uma tela com realidade aumentada, o OrCam é um sistema de reconhecimento para pessoas com deficiências visuais graves, mas não cegas. Como todo mundo aqui que já perdeu lente de contato na rua sabe, coisas simples como identificar o número do ônibus se tornam complicadas. Quando a deficiência é grave mesmo, limitando a visão a 20% do normal, ou menos, andar na rua se torna inclusive perigoso.
A tecnologia do OrCam promete facilitar a vida dessa gente, com reconhecimento de imagem, OCR, síntese de voz e comandos gestuais. Ele vai ler textos, identificar o sinal de pedestre e avisar quando é seguro atravessar a rua e muito mais.
Ele fará reconhecimento automático de lugares e rostos, se você chegar a um local familiar ou encontrar uma pessoa, se for reconhecida ele falará no seu ouvido quem é a criatura. Pombas, EU gostaria desse recurso.
Também reconhece objetos, aprendendo inclusive nomes de coisas novas. Seu chaveiro, por exemplo. Ah sim, ele também identifica dinheiro. Melhor de tudo: Vai começar a ser vendido em setembro.
Veja o vídeo, é lindo!
Fonte: GM.