Ronaldo Gogoni 10 anos atrás
Fato: vírus são agentes do caos. Essas coisinhas minúsculas são capazes de causar estragos gigantescos nos seres vivos. Uma vez que entram no organismo, o sistema imunológico dispara o alarme e fabrica anticorpos para combater a invasão (exceto no caso do HIV, que ataca justamente o sistema imunológico). Novos remédios são lançados, mas como os vírus são altamente mutáveis, com o tempo eles criam resistência e o ciclo continua.
Porém alguns pesquisadores tiveram uma ideia simples para lidar com isso: ao invés de destruir o vírus, vamos capturá-lo usando um molde dele próprio.
Patrick Shahgaldian e seus companheiros da Universidade de Ciências Aplicadas e Artes do Noroeste da Suíça desenvolveram uma técnica que consiste do seguinte: os vírus são presos a uma nanopartícula de sílica (ou dióxido de silício para os íntimos) através de ligações químicas (o processo é feito em laboratório pois essas ligações são muito tóxicas). O espaço entre os vírus e a nanopartícula é então preenchido com um polímero, e por fim, a partícula é exposta a ultrassom para "desatarrachar" os vírus. Pronto, temos um VIP (virus imprinted particle).
Shahgaldian e sua equipe testaram os VIPs numa solução de sangue humano infectada com vírus. Após apenas 30 minutos de exposição às nano-pokébolas, cerca de 88% dos vírus numa concentração de 65 picomolar (10^-12) haviam sido capturados. O artigo foi publicado na Nature, e você pode acompanhá-lo aqui.
Segundo Shahgaldian, o próximo passo é usar os VIPs como ferramenta de diagnóstico e só então, após todos os testes e definir uma quantidade segura de nanopartículas que pode ser injetada num paciente por vez, serão produzidos em massa. Mas dado o resultado com uma ideia tão simples, eu diria que estão no caminho certo.
Fonte: Nature via Ars Technica.