Sim, um The Legend of Zelda Live-action pode funcionar

Após passar décadas com uma justificável aversão ao cinema, o sucesso alcançado pelo Super Mario Bros. - O Filme parece ter convencido a Nintendo de que vale a pena explorar essa mídia e para a surpresa de muita gente, a próxima franquia da empresa a ser adaptada será a The Legend of Zelda.

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O anúncio foi feito no X (antigo Twitter) por ninguém menos que Shigeru Miyamoto, quando o criador de uma das principais franquias da Nintendo revelou alguns detalhes interessantes sobre o projeto.

“Aqui é o Miyamoto. Tenho trabalhado em um filme live-action do The Legend of Zelda por muitos anos com o Avi-Arad-san, que produziu alguns filmes de sucesso.

Pedi ao Avi-san para produzir este filme comigo e agora começamos oficialmente o desenvolvimento do filme, com a própria Nintendo profundamente envolvida com a produção. Levará tempo até a sua conclusão, mas espero que vocês estejam ansiosos para assisti-lo.”

A informação que mais chama atenção na declaração do game designer certamente é aquela que fala sobre a adaptação ser um Live-action. Quando se debatia a possibilidade de Link, Zelda e Ganondorf serem levados para as telonas, boa parte das pessoas imediatamente pensavam numa animação, dada a atmosfera fantástica da série, mas não é por esse caminho que a Nintendo optou por seguir.

Pensar num moleque real correndo por aí enquanto bate em galinhas e veste uma roupinha verde e touca de gnomo certamente não parece muito promissor, mas não precisamos ir muito longe para ver como o cinema conseguiu lidar bem com essas situações. Desde a ascensão dos filmes de heróis, os figurinistas têm lidado (quase sempre) muito bem ao adaptar as vestimentas dos personagens, bastando fazer algumas mudanças.

Apenas especulando aqui, mas não estranharei se durante esse filme o protagonista aparecer quase todo o tempo usando roupas que nada lembrem as dos primeiros jogos, com o diretor apenas fazendo menção à lendária indumentária verde. Alguém aí lembra da cena do Luke Cage em sua série ou da fantasia de halloween da Feiticeira Escarlate? Os fãs com certeza iriam à loucura!

Portanto, acho que não temos com o que nos preocupar em relação às roupas dos personagens, o que me leva a outro possível temor: a aparência geral. Se um filme desses fosse anunciado há uns 30 anos, teríamos a certeza de que algo muito ruim surgiria, com os monstros, vilões e cenários provavelmente parecendo muito artificiais.

Porém, estamos numa época em que muitos filmes são quase que inteiramente produzidos apenas nos estúdios, com as cenas geradas por computador ocupando a maior parte da história. Logo, criar um The Legend of Zelda – O Filme não será muito diferente de produzir um Vingadores: Ultimato, um Avatar: O Caminho da Água ou até mesmo de longas mais “sérios”, como Blade Runner 2049, Gravidade ou As Aventuras de Pi.

Outro bom indicativo de que transformar um videogame em filme pode funcionar tem sido dado nos últimos anos pela Disney. Com muitas das suas aclamadas animações transformadas em live-action, há alguns anos ninguém apostaria que um Mogli - O Menino Lobo ou A Pequena Sereia com atores reais poderiam funcionar.

E quando se trata de filmes de fantasia, não podemos esquecer a trilogia O Senhor dos Anéis. Lá se vão mais de duas décadas desde o lançamento de A Sociedade do Anel e se Peter Jackson conseguiu entregar algo tão fascinante, por que um The Legend of Zelda não poderia funcionar assim? Tudo bem, admito que subi muito o sarrafo.

O meu ponto é que, por mais que haja vários motivos para desconfiarmos desta adaptação, com a tecnologia atual e o aprendizado dos estúdios nos últimos anos, a possibilidade de sucesso aumentou muito. A simples participação de Shigeru Miyamoto no projeto já é um indicativo de que ele pode dar certo e aí entra o outro lado desta equação.

Embora muitas pessoas questionem a qualidade dos filmes produzidos por Avi Arad, ele possui vários sucessos em sua carreira, com alguns dos mais recentes sendo o Homem-Aranha: No Aranhaverso, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa e Uncharted - Fora do Mapa. Porém, ele também nos deu algumas bombas, como Elektra, Morbius ou Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança.

Assim, aquilo que me deixa mais preocupado é com o responsável pela direção, Wes Ball. Além de ter dirigido alguns curtas, como um chamado Ruin, o sujeito é mais conhecido pela trilogia Maze Runner, que confesso, nunca assisti. Porém, como tais filmes possuem pontuações apenas medianas, será que ele é o melhor indicado para comandar um The Legend of Zelda?

O fato é que sempre que a adaptação de um jogo para o cinema é anunciada, os fãs arreganham os olhos temendo pelo pior e considerando o que já foi feito nessa área, não os culpo por isso. Contudo, até por a Nintendo ser tão superprotetora com suas franquias — e a Sony Pictures Entertainment Inc. atuando como sua parceria neste projeto —, a chance de uma grande porcaria surgir dessa iniciativa me parece pequena e mesmo que o filme não acabe indicado ao Oscar, se ele me proporcionar tanta diversão quanto o do Mario, já sairei satisfeito do cinema.

E fico tranquilo para colocar minhas fichas nesse filme, pois de uns anos para cá adotei a série The Legend of Zelda como a minha favorita dos games, algo que talvez fosse suficiente para temer por esse filme. Mesmo admitindo que preferia uma animação no melhor estilo Studio Ghibli, quero acreditar que o trabalho será bem feito e por isso prefiro esperar seu lançamento para poder dizer se o filme me agradou ou não.