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Eiji Aonuma, Zelda e o que esperar dos games no cinema

Após o enorme sucesso do Super Mario Bros. - O Filme, Eiji Aonuma admite que gostaria de ver o The Legend of Zelda ser levado para o cinema

49 semanas atrás

Por mais quer os videogames e o cinema tenham caminhado lado a lado por décadas, as tentativas de transpor alguma obra de uma mídia para a outra muitas vezes não gerou um bom resultado. Isso é mais evidente quando se trata de transformar um jogo em um filme, mas o sucesso recente de algumas dessas investidas tem feito com que alguns profissionais passassem a tratar uma adaptação com carinho, como é o caso de Eiji Aonuma.

Eiji Aonuma

Eiji Aonuma é gente como a gente (Crédito: Divulgação/Nintendo)

Embora muitos associem a série The Legend of Zelda a Shigeru Miyamoto, afinal foi dele o conceito para o primeiro título, lançado para o NES, desde o Ocarina of Time Eiji Aonuma tem sido o principal nome por trás da franquia.

Naquele jogo para o Nintendo 64 o game designer atuou como diretor, cargo que repetiria no Majora's Mask, no The Wind Waker e ainda no Twilight Princess. Depois, Aonuma responderia pela série principalmente como produtor e muito do tamanho que ela adquiriu nos últimos anos se deve a ele.

Por isso, é natural que as pessoas queiram saber sua opinião sobre qualquer coisa relacionada ao futuro da marca, o que inclui a possibilidade dela um dia ser levada para as telonas. Pois ao ser questionado se tem interesse em ver o The Legend of Zelda receber tal tratamento, Eiji Aonuma mostrou-se bastante interessado.

“Eu tenho que dizer que tenho interesse, claro que sim,” afirmou o produtor. “Mas não é só eu estar interessado em algo que faz com que as coisas aconteçam, infelizmente.”

Logo depois, tal opinião foi compartilhada por Hidemaro Fujibayashi, diretor do The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom. Segundo ele, quem poderia ajudar a fazer com que a adaptação saísse do papel são os fãs e a empolgação de ambos não parece ser por acaso.

IA imaginando Tom Holland como Link (Crédito: Reprodução/Dan Leveille)

Hoje, todas as empresas ligadas aos games parecem estar atentas ao cinema e a explicação para isso está no sucesso alcançado por algumas produções baseadas em franquias famosas. Pois o último deles foi justamente a animação Super Mario Bros. - O Filme, que em apenas seis semanas arrecadou US$ 521,8 milhões em bilheteria nos Estados Unidos, chegando a US$ 1,1, bilhão em todo o mundo. Aqui no Brasil? O valor já ultrapassou a casa de US$ 25,2 milhões, o que dá mais de R$ 125 milhões.

Mas como dito pelo próprio Eiji Aonuma, fazer com que essa adaptação do The Legend of Zelda seja produzida não seria algo muito simples. Quando fala que algo assim não depende só dele, o produtor não está se referindo a Miyamoto, mas a Nintendo como um todo. Recentemente, ao participar de uma sessão de perguntas e respostas com acionistas da empresa, o presidente Shuntaro Furukawa foi questionado sobre a possibilidade de outras franquias serem levadas para o cinema, quando este se mostrou (PDF) tm tanto cauteloso.

“Estamos muito felizes que este filme seja um sucesso, mas continuaremos focados em desenvolver cuidadosamente cada propriedade intelectual, respeitando suas características únicas, assim como fizemos no passado,” declarou o executivo. Porém, Furukawa reconheceu o poder que uma boa adaptação tem para trazer novas pessoas para os videogames, assim como o filme do Mario tem feito com que o interesse pela marca tenha aumentado.

Ou seja, desde que os envolvidos consigam entregar um bom produto, levar suas franquias para o cinema ou para TV é algo que pode trazer muito benefícios aos donos das propriedades intelectuais. Essa curiosidade por parte do público já havia sido visto com o The Last of Us e o sucesso alcançado por um ouriço azul também está fazendo outra grande editora voltar sua atenção para a sétima arte.

Enquanto isso, pelos lados da Sega...

Posso sonhar com uma adaptação do Landstalker? (Crédito: Divulgação/Sega)

Alguns meses após o The Holywood Reporter revelar que as séries Space Channel 5 e Comix Zone serão transformadas em filmes, o CEO da Sega Sammy confirmou a intensão da empresa em explorar este mercado.

“Gostaríamos de assumir desafios fora da propriedade intelectual Sonic, caso surja a oportunidade,” disse Haruki Satomi. “Se pudermos combinar o lançamento de um jogo com o de filmes, seria extremamente eficaz de um ponto de vista do marketing e traria benefícios, como aumentar o conhecimento da nossa propriedade intelectual e aumentar o número de pontos de contato com os consumidores, como alcançamos com o filme do Sonic.”

Se somarmos os dois longas estrelados pela principal mascote da Sega, chegamos a um faturamento na bilheteria que ultrapassa os US$ 700 milhões. Logo, não surpreende a companhia estar tão sedenta por ordenhar esta vaca. Por enquanto, a previsão é de que um terceiro filme do Sonic seja lançado já em 2024, com uma série protagoniza pelo Knuckles estreia antes disso.

O que me preocupa neste caso é essa vontade de fazer com que os lançamentos de filmes e jogos combinem. Esse foi um dos motivos para termos visto muitos títulos horríveis baseados em franquias do cinema chegarem aos videogames e se a Sega focar demais nisso, temo que a qualidade dessas produções seja muito prejudicada.

Anthony Mackie estrelará série do Twisted Metal (Crédito: Divulgação/Sony Interactive Entertainment)

Enfim, outra que também não tem escondido sua vontade de faturar com marcas que fizeram sucesso nos games é a Sony. Por enquanto, pelo menos quatro filmes estariam sendo produzidos tendo como base as propriedades intelectuais da empresa, sendo elas a Gran Turismo, Days Gone, Ghost of Tsushima e Gravity Rush. Além disso, ainda teremos outras temporadas de The Last of Us, assim como séries inspiradas em God of War, Twisted Metal e Horizon (Zero Dawn e Forbidden West).

No papel, considero essas investidas muito legais, mas admito que talvez eu esteja me deixando levar pelos bons resultados. Digo isso porque, com tantas franquias sendo transportadas para outras mídias, quantas delas receberão um bom tratamento? Isso aconteceu com os filmes baseados em quadrinhos, já que para cada um de qualidade, existia pelo menos outro que não ficou bom.

Será então que não estamos diante de uma enxurrada de porcarias, filmes ou séries que apenas tentarão surfar a onda das boas adaptações e/ou que se escorarão em marcas poderosas para lucrar? Isso aconteceu num passado não muito distante e embora hoje haja a impressão de que as pessoas envolvidas nesses projetos aprenderam como tratar as fontes de inspiração, é impossível não temer o retorno a uma época que nos deu pérolas como Super Mario Bros., Double Dragon, Far Cry: Fugindo do Inferno, King of Fighters - A Batalha Final e tantos outros.

Fonte: Nintendo Life e Video Games Chronicle

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