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Titanic - Acidente com o Submarino Titan - tudo que sabemos

O submarino Titan sofreu um acidente durante um mergulho visitando o Titanic. Vamos entender o que aconteceu, sem o hype da Internet.

38 semanas atrás

Primeiro de tudo, o Titan não é um submarino, é um submersível, mas manteremos a primeira forma, para agradar aos Deuses do SEO. Em segundo lugar, Rubens Barrichello. Em terceiro, não acredite na Internet.

O Titan, ou ao menos como ele era antes da polpificação (Crédito: OceanGate)

O que todo mundo está papagaiando por aí: Um submarino não-testado, de lata, controlado por um joystick de videogame desceu até o Titanic levando 5 bilionários. Eles perderam a comunicação porque usavam a StarLink do Elon Musk, e como não tinham nenhum recurso de segurança, sumiram.

Infelizmente a parte verdadeira é que todos a bordo morreram, mas para quem conhece a Ciência e Engenharia envolvidas com operações a 4 mil metros de profundidade, isso era uma quase certeza desde o momento em que o desaparecimento do submarino foi reportado.

O Que Aconteceu:

No dia 18 de Junho de 2023, depois de 1 h e 45 minutos de mergulho rumo aos destroços do  Titanic, a 3.800 metros de profundidade, o submarino Titan, da empresa OceanGate, perdeu comunicação com o navio de apoio Polar Prince.

Quando mais tarde, no horário em que o submarino deveria voltar para a superfície e nenhum contato foi retomado, o Titan foi dado como desaparecido, e a operação de busca e salvamento foi iniciada.

O suprimento teórico de 96 horas de ar acabou se esgotando, ao mesmo tempo em que destroços foram localizados a 500 m do Titanic, não havia mais dúvida, o submarino havia implodido, matando instantaneamente todas as 5 pessoas a bordo.

Vamos, agora, no nosso tradicional formato de perguntas e respostas, esclarecer um pouco sobre essa história que conseguiu despertar o pior do ser humano online.

1 – O que é a OceanGate?

Fundada em 2009 pelo americano Stockton Rush e o argentino Guillermo Söhnlein, a OceanGate é uma empresa com uma pequena flotilha de submarinos, dedicada a missões de turismo, exploração e atividades industriais.

A proposta da OceanGate era ser uma espécie de SpaceX, inovando e rompendo com o passado, encontrando formas mais ágeis e mais baratas de prestar serviços em um ambiente de ponta.

O problema é que Stockton Rush não é Elon Musk, que contratou os melhores dos melhores para a SpaceX. Rush partiu de uma premissa tenebrosa.

Rush criticou outras empresas dizendo que elas contratavam ex-submarinistas experientes, que eram “um monte de caras brancos de 50 anos”,  e que isso não seria inspirador para os jovens de 16 anos.

A estratégia da OceanGate era contratar jovens recém-formados, e sem experiência direta na área. Ele menciona na mesma entrevista que um dos contratados lançava martelo no atletismo no colégio, e outro era surfista.

2 – O Titan era um submarino de lata, mal-feito?

Não. O Titan era construído com um cilindro de fibra de carbono e dois hemisfério de Titânio. O cilindro foi construído pela Spencer Composites, mesma empresa que construiu o cilindro do DeepFlight Challenger, um submarino da Virgin que foi projetado para atingir o fundo da Fossa das Marianas, a 11km de profundidade.

O cilindro do Titan foi projetado para suportar 450 atmosferas de pressão, bem acima das 380 do fundo do mar onde o Titanic repousa. A especificação original de 114 mm de espessura foi aumentada para 127 mm, a pedido da OceanGate.

Um dos cilindros tem uma janela de acrílico de 38cm de diâmetro. A capacidade é para 5 pessoas, que viajam sentadas no chão, o diâmetro interno de 142 cm é pequeno demais para ficar de pé.

Não era exatamente o Outubro Vermelho em termos de espaço (Crédito: OceanGate)

Ao contrário de submarinos tradicionais quase todos os controles são eletrônicos, através de dois computadores com telas LCD e teclados convencionais. O interior do Titan é espartano. Até demais.

No papel as especificações excediam as necessárias para operar na profundidade do Titanic.

3 – Como assim o submarino não tinha GPS, verdade que o StarLink falhou?

Sim, tudo culpa do Musk.

OK, não. Apesar da Business Insider ter basicamente acusado Elon Musk de ter afundado o Titan, a expedição usar StarLink não tem nada a ver com o acidente. O Polar Prince realmente está equipado com StarLink, mas é usado para o NAVIO se comunicar com o resto do mundo.

Não há nenhuma antena StarLink no Titan. Primeiro, elas não são à prova d’água. Segundo, na frequência usada pelo StarLink, o sinal penetra no máximo alguns cm.

Também não há GPS debaixo d’água.

Submarinos dependem essencialmente de matemática para manter seu curso e calcular sua posição. Isso é bem demonstrado nesta cena de A Caçada ao Outubro Vermelho:

Basicamente o submarino emerge, e usa satélites específicos, GPS ou mesmo estrelas para calcular sua posição. Esses dados são alimentados no computador de navegação, que com giroscópios e bússolas identificará quantos quilômetros o submarino se moveu, e em que direção.

Esse valor é teórico, pois giroscópios tendem a perder a precisão com o tempo, então submarinos precisam emergir para fazer nova medida de posição.

O Titan usava um sistema de INS/USBL. INS é sigla em inglês para Sistema de Navegação Inercial, basicamente o descrito acima. USBL, Ultra-Short Baseline, é um sistema de navegação e posicionamento onde o navio-base emite um sinal sonoro. Ele é recebido pelo submarino, que emite outro sinal em resposta.

De acordo com o tempo de resposta e variações de direção, o navio de apoio consegue calcular profundidade e direção do submarino. Esses dados são então enviados para o Titan, via link de dados.

Como tudo sonoro, esses sinais de localização são afetados pelas condições do mar.

4 – Como assim o Titan perdeu contato com o navio de apoio?

Para funcionar debaixo d’água, o rádio usado por submarinos nucleares opera em frequências muito mais baixas, em duas variedades:

As ondas de rádio conhecidas como VLF (Very Low Frequency) possuem uma faixa de frequência entre 3 e 30 kHz. Essas ondas têm a notável capacidade de percorrer distâncias de milhares de quilômetros e penetrar até 40 metros na água. Embora seja viável transmitir mensagens para submarinos por meio delas, é importante ressaltar que não permitem a transmissão de voz. A velocidade máxima de transmissão fica em torno de 300 bits por segundo.

Já as ondas de rádio conhecidas como ELF (Extreme Low Frequency) possuem uma faixa de frequência entre 3 e 300 Hz. Estas ondas estão dentro do espectro audível e têm a capacidade de penetrar centenas de metros de profundidade na água. No entanto, devido ao seu comprimento de onda de 3.600 km, é inviável construir antenas para operar nessa faixa. Os engenheiros encontraram uma solução engenhosa, instalando eletrodos no solo, separados por uma distância de 60 km, e utilizando a própria Terra como uma antena.

As ondas ELF têm um alcance mundial, mas sua velocidade de transmissão de dados é extremamente lenta, permitindo apenas a transmissão de alguns caracteres por minuto. Geralmente, são utilizadas quando é necessário chamar um submarino para estabelecer contato com a base fora dos horários de transmissão agendados.

Transmissor do Projeto ELF, operacional em 1985. Duas antenas de 22 km com 1 MW de potência com alcance de metade do planeta, mas a uma taxa de dados tão baixa que um grupo de código de 3 caracteres levava 15 minutos para ser transmitido (Crédito: By Service Depicted: Navy - ID:DNSC8203911, Public Domain)

Obviamente é inviável para o Titan arrastar uma antena de vários quilômetros, então eles usaram uma tecnologia conhecida na Segunda Guerra como Gertrude, um sistema que convertia sinais elétricos em som de alta frequência, que eram transmitidos por hidrofones, permitindo que um submarino conversasse com outro nas proximidades.

Hoje o sistema funciona como um modem, o Titan usava seus hidrofones para enviar sinais sonoros transmitindo mensagens de texto e dados de telemetria, que eram recebidos por hidrofones no Polar Prince, e convertidos de volta em texto.

O problema desse sistema é que uma série de fatores podem afetar os sinais acústicos. Variações de temperatura e salinidade criam camadas térmicas que refletem as ondas sonoras, posicionamento errado dos hidrofones, a lista é imensa.

David Pogue, jornalista que participou de um dos mergulhos, relata que em certa ocasião perderam comunicação por cinco horas.

Esse não é um problema só da OceanGate, manter comunicações confiáveis a quilômetros de profundidade é um problema que nem mesmo as superpotências resolveram.

5 – É verdade que assim como o Titanic, o Titan não tinha nenhum equipamento de segurança?

De novo essa calúnia. O Titanic era um excelente projeto, era o navio mais seguro de sua época. O que ninguém podia prever era que o capitão iria acelerar numa região cheia de icebergs, e que colidiriam da pior forma possível, rasgando o casco lateralmente.

O Titan tinha equipamentos de segurança, e sete métodos redundantes para emergir, incluindo motores, um balão inflável, lastro de canos de chumbo e um conjunto de sacos de areia presos por ganchos de material altamente reagente, que seria corroído pela água do mar e em algumas horas soltariam o lastro e o submarino emergiria, sem intervenção da tripulação. O piloto podia ejetar os esquis e ganhar flutuação, e os canos de chumbo estavam presos apenas por gravidade, os tripulantes se inclinando contra um dos lados faria o submarino inclinar, os canos cairiam de seu suporte e o Titan flutuaria.

Por outro lado, ele não tinha coisas como um sinalizador de emergência ou um ponto para fixação de um gancho de resgate.

6 – Que filosofia idiota é essa?

Imagine que você tem um Fusca 68, e quer que ele atinja 200 km/h. Primeiro, você começa a cortar peso. Nenhum Fusca 68 (estamos falando de Fuscas hipotéticos esféricos no vácuo) já furou pneu em 40 anos, então o estepe é uma segurança que você dificilmente vai usar. Dá pra remover o estepe, o macaco e a chave de roda.

O motor do Fusca raramente dá problema, então dá para remover o circuito do pisca-alerta e o triângulo.

Você nunca bateu e acidentes com Fuscas são raríssimos, então para quê complicar com airbag? Remova também. Barra de rolagem? O teste vai ser em linha reta, não há chance de capotar.

No final você está com um carro que atende as especificações mínimas, atinge 200 km/h e funciona perfeitamente, SE TUDO DER CERTO.

Titan na plataforma submersível, uma -admitamos- excelente ideia (Crédito: OceanGate)

Com o submarino Titan foi a mesma coisa. Stockton Rush falou várias vezes que era contra o “excesso de segurança”, segundo ele a indústria de submarinos era extremamente segura, e é verdade. Acidentes com submarinos experimentais civis simplesmente não acontecem aconteciam. Ele reconhece que os regulamentos estritos são responsáveis por esse excelente histórico de segurança, mas acha que pode fazer melhor:

“Você sabe, há um limite. Você sabe, em algum momento, a segurança é puro desperdício. Quero dizer, se você só quer estar seguro, não saia da cama. Não entre no seu carro. Não faça nada. Em algum momento, você vai correr algum risco, e é realmente uma questão de risco/recompensa. Acho que posso fazer isso com a mesma segurança quebrando as regras.”

Rush não entendeu que regras de segurança têm sua razão de ser, e se a SpaceX consegue inovar sem matar ninguém é porque escolhe quais regras e tradições ignorar, e quais preservar.

Um exemplo: a cápsula Dragon é muito mais barata do que as alternativas por usar componentes eletrônicos normais, ao invés dos reforçados para uso espacial. Isso os torna mais suscetíveis a interferências e danos por raios cósmicos. A solução da SpaceX? A Dragon tem três sistemas de computadores, redundantes, monitorando a si mesmos e os outros.

O Titan foi projetado para ser o mais barato possível e ainda funcionar, os jovens engenheiros da OceanGate acreditaram que estavam construindo uma máquina perfeita, então não precisavam dos testes e certificações de segurança que os tais caras brancos de 50 anos gostavam de exigir. Stockton Rush também acreditava nisso, tanto que fez o primeiro mergulho profundo, solo do Titan, indo a mais de 3.000 metros de profundidade.

7 – Esse foi o primeiro mergulho do submarino Titan?

A Internet está papagaiando que o Titan era novo, não-testado e os “bilionários burros” entraram sem saber que era um golpe. Bem, a menos que Rush fosse suicida, não faria sentido ele ir pessoalmente pilotando o submarino, que fez vários mergulhos profundos de testes, e começou sua carreira comercial em 2021.

Entre as expedições de 2021 e 2022, o Titan fez 13 mergulhos ao Titanic, quase sem nenhum problema. Por quase eu digo válvulas vazando que fizeram com que retornassem à superfície, perda de comunicação por mais de cinco horas, luzes piscando e algo inacreditável:

Em um mergulho de 2022 no Titanic, um dos propulsores do Titan foi acidentalmente instalado para trás e o submersível começou a girar em círculos ao tentar avançar perto do fundo do mar.

8 – Fale mais sobre segurança

Em 2018 o então diretor de operações navais da OceanGate, David Lochridge, escreveu um relatório questionando vários pontos sobre a segurança do Titan, incluindo a janela de acrílico não ser certificada para mais de 1.300 m de profundidade, e a empresa se negar a realizar testes de certificação externos, alegando custo.

Lochridge foi demitido e em seguida processado, a OceanGate o acusou de violar acordos de confidencialidade. Também tentaram minar sua reputação, alegando que ele não era engenheiro, apenas um homem branco de 50 anos que se recusava a aceitar a palavra dos jovens brilhantes e inspirados engenheiros da OceanGate, que garantiam que estava tudo bem com o submarino.

Enquanto isso, a marmotagem continuava. Em seu site a OceanGate dizia ter parcerias com NASA, Boeing e Universidade de Washington na construção e projeto do Titan, mas nenhuma das instituições confirmou isso, todas disseram que não tem nada a ver com o peixe.

Entre outras medidas de economia, Rush se orgulhava de ter comprado a fibra de carbono do cilindro de pressão do Titan direto da Boeing, a um preço bem atraente, pois o material tinha passado do prazo de validade para construção aeronáutica.

Isso mesmo. O cara construiu um cilindro de pressão para suportar um dos ambientes mais extremos conhecidos pelo Homem, com material velho que iria ser jogado fora.

9 – Os tripulantes do submarino eram todos bilionários e mereciam morrer?

Começou como milionários. Depois a internet amplificou para bilionários. O custo de US$ 250 mil pela viagem foi aumentado para US$ 500 mil, depois um milhão. Da última vez que vi, o Twitter já falava do “grupo de 5 bilionários homens brancos entediados”, naquela demonstração asquerosa de ódio que só a Internet é capaz.

Quem eram realmente os cinco a bordo do Titan?

1 - Stockton Rush - CEO da OceanGate, 61 anos, fez o primeiro mergulho profundo com o submarino, sozinho. Engenheiro de formação, piloto de avião, fascinado por espaço e pelo mar. Voou no foguete da Blue Origin em 2022. Fortuna pessoal: US$ 12 milhões;

2 - Paul-Henry Nergeolet: oceanógrafo, 77 anos, especialista no Titanic, documentarista, fez mais de 35 mergulhos ao navio. Fez parte da Marinha Francesa, participou de várias expedições em busca de naufrágios, fez parte da missão francesa em procura ao Airbus do vôo AF447 no Brasil. Trabalhou com James Cameron, de quem era amigo. Fortuna pessoal: cientista;

3 - Hamish Harding - Piloto, 58 anos, explorador britânico, membro do Hall da Fama da aviação, com vários recordes. Uma das 4 pessoas a visitar o fundo da Fossa das Marianas. Fez um voo de circunavegação da Terra, cobrindo os dois pólos. Fortuna pessoal: US$ 1 bilhão;

4 - Shahzada Dawood - industrial paquistanês e filantropo, 48 anos. Entusiasta fascinado pelo Titanic. Fortuna pessoal: US$ 136 milhões;

5 - Suleman Dawood - 19 anos, filho do Shahzada.

E não, nenhum deles merecia morrer.

10 – O que aconteceu afinal?

Sonares de uma rede da Marinha dos EUA detectaram uma implosão por volta da hora em que o submarino perdeu contato com o navio de apoio. A principal suspeita é que o cilindro de fibra de carbono tenha sucumbido à pressão do mar à sua volta.

Mesmo sendo feito dentro de todas as especificações, um cilindro de fibra de carbono sofre danos estruturais com repetidos ciclos de repressurização. O próprio cilindro do Titan, originalmente certificado para 4.000 metros de profundidade, depois de três mergulhos profundo de teste apresentou sinais de fadiga e foi re-certificado para 3.000 metros.

O cilindro foi enviado para uma empresa que fez reparos e voltou a ser certificado (pela OceanGate) para 4 km de profundidade.

A própria empresa tinha preocupação com a integridade estrutural do cilindro, e uma tecnologia patenteada por eles usava microfones para identificar sinais iniciais de fadiga, mas pelo visto os brilhantes jovens engenheiros da OceanGate subestimaram a pressão de 400 atmosferas, confiando em um material extremamente resistente, mas que se esfarela se as forças aplicadas não forem uniformes:

Eles confiaram em um cilindro de pressão que seria 100% seguro se fosse construído sem nenhuma imperfeição, se não degradasse com o tempo e se não tivesse qualquer interação estranha com as partes de Titânio. Nas próprias palavras:

Rush também disse em uma entrevista em 2021 que "quebrou algumas regras" com a escolha da fibra de carbono.

"Acho que os quebrei com lógica e boa engenharia por trás de mim", disse ele ao YouTuber espanhol alanxelmundo. "Fibra de carbono e titânio? Há uma regra de que você não faz isso. Bem, eu fiz."

Essa regra existe por causa das propriedades galvânicas dos dois materiais. Fibra de Carbono e Titânio juntos com água do mar gera extrema corrosão, qualquer engenheiro de materiais experiente sabe disso.

11 – Se eles estivessem só perdidos, poderiam ser resgatados?

Sinceramente, não. 96 horas é um período de tempo muito curto. Existem pouquíssimos submarinos ou ROVs (veículos operados remotamente) capazes de atingir 4 km de profundidade. São veículos altamente especializados, que em geral estão no estaleiro passando por manutenção.

Uma missão envolveria localizar o submarino, encontrar uma plataforma de resgate com 4 km de cabo de aço capaz de suspender dezenas de toneladas (Só o Titan pesa 9 toneladas, mas precisa levar em conta o peso do cabo) e movê-la até o local do resgate em tempo hábil.

Esse tipo de operação é caríssima, durante a Guerra Fria a CIA gastou US$ 3,5 bilhões para recuperar um submarino soviético, mas o maior problema é logística. O Titan não ter um ponto para prender um cabo de resgate também não ajuda.

Quando surgiu a notícia do desaparecimento do submarino, todo mundo na comunidade já sabia que era game over, mas seria muito cruel falar isso assim na lata. Infelizmente isso dá esperanças para as famílias, inclusive com aqueles relatos de sons de batidas, que podem ter vindo de qualquer lugar.

Conclusão

A Internet, em sua sanha por sangue e vingança, está comparando o acidente com o Titanic, um bando de gente rica ignorando riscos de segurança e pagando com suas vidas. Eu acho isso extremamente ofensivo aos passageiros da 2.ª e 3.ª classes, que estão entre a imensa maioria dos mortos em 1912.

James Cameron comparou o Titan ao Titanic de forma bem mais inteligente: em ambos os casos houve orgulho e soberba, o capitão do Titanic sabia que estava em área de icebergs, mas ignorou e deu ordem para aumentar a velocidade. Stockton Rush sabia que o projeto do Titan tinha muitas falhas, mas era orgulhoso demais para ouvir as críticas à sua volta.

Ambos morreram por causa disso, e infelizmente levaram junto um monte de gente inocente, cujos únicos crimes foram ter dinheiro, e acreditar em gente que -no papel- eram considerados especialistas em suas áreas.

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